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Saturday, November 05, 2005

PARABÉNS, CESARINY

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PARABÉNS, CESARINY

Além de me gabar de três coisas:
a)por ter escrito sobre Cesariny, ao longo dos anos;
b)pela memorável entrevista que lhe fiz para «A Capital»;
c)e porque ele me deu a honrosa oportunidade de abrir, à laia de editorial, com um texto meu a colectânea que organizou com o título «surreal-abjeccionismo»,
além de me gabar de tudo isto e da gratidão por todas as atenções que dele recebi, pouco tenho a acrescentar, agora que ele, aos 82 anos, é poeta laureado e vai receber, em casa, das mãos do Presidente da República, o prémio de consagração atribuído pela selectiva Associação Portuguesa de Escritores, a que preside José Manuel Mendes.
Tomara eu ser alvo, aos 82 anos, de tantos carinhos da Pátria.
Aqui faço remissa – links - para o que sobre ele publiquei no meu site «O Gato das Letras»:

http://www.astormentas.com/cesariny.htm


http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/casulo1/CESARINY.HTM
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Agradeço à jornalista Elisabete França o artigo interessantíssimo que escreveu no «Diário de Notícias» e que me permito transcrever aqui, esperando não cometer nenhuma infracção. Tal como o Cesariny admitiu, às vezes é preciso cometer infracções para não cometer infracções...
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««VIDA LITERÁRIA PARA CESARINY "TODA A VIDA FIZ INFRACÇÕES"

APE, UNÂNIME, CONSAGRA "POETA RARO".

DIA 30, SAMPAIO LEVA-LHE O PRÉMIO A CASA

Por Elisabete França Foto Arquivo DN - Eduardo Tomé

In «diário de notícias», 4 de Novembro de 2005

«« "Aceito porque, para mim, este é um prémio da democracia", esclarece Mário Cesariny
"André Breton dizia que os surrealistas não deviam receber prémios. É uma infracção que faço, mas toda a vida fiz infracções", comenta ao DN o poeta e artista plástico Mário Cesariny de Vasconcelos, 82 anos, que foi distinguido ontem com o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores (APE)/Caixa Geral de Depósitos (CGD), no valor de 25 mil euros.
"Mário Cesariny é, na singularidade extrema da sua estética, um poeta raro. Celebrá-lo, por tudo quanto doou à nossa comunidade de leitores através de gerações, assume, assim, a plenitude de uma homenagem livre e devida", considera o júri, a direcção da APE, em comunicado. A decisão, unânime, salienta o "fulgor de um percurso artístico que, também na literatura, encontrou a expressão mais alta".
Tal como antes recebera o Grande Prémio EDP de Artes Plásticas/consagração - biénio 2002-04, com inerente retrospectiva integral, há um ano, no Museu da Cidade -, o poeta de Pena Capital e Titânia ou A Cidade Queimada aceita a(s) distinção(ões), embora "em infracção", argumentando "Porque, para mim, este é um prémio da democracia, enquanto com a ditadura me dei muito mal". Recorde-se que, sob o fascismo salazarista, o também estudioso e organizador editorial da memória e história do surrealismo português sofreu perseguição policial sistemática, devida à sua homossexualidade, a ponto de exilar-se em Londres.
Daí que, tanto quanto em reacção ao EDP de consagração, reconheça "Estou contente, sim. E têm a gentileza de vir trazer-me o prémio a casa, porque já me custa a andar." No seu peculiar estilo jocoso, a propósito da bicicleta para exercício domiciliário, remata o poeta: "olho para ela e começo-me a rir, mas a pedalar ainda não comecei." Nunca os "grilos da paróquia" venceram o humor natural deste sobrevivente, para nos remetermos ao poema de O' Neill.
«O presidente da APE, José Manuel Mendes, e o representante da CGD, patrocinadora do prémio, acompanhados pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, não entregarão o Vida Literária na Culturgest, como sucede normalmente, mas, sim, na residência de Mário Cesariny, em Lisboa, como já acontecera no caso de José Cardoso Pires, hospitalizado à época, tendo o prémio sido levado à sua esposa, na residência. José Manuel Nunes lembra ao DN esse "único precedente", adiantando que, nessas circunstâncias e por razões óbvias, "o acto em si não será aberto à Comunicação Social, embora certamente seja pensada uma forma de os jornalistas se encontrarem nas imediações" da casa, a Sete Rios, no dia 30.
O presidente da APE e também poeta faz questão de declarar-nos "Na associação reside a ideia de que, sendo Mário Cesariny quem é, havia um débito das instituições literárias em relação a ele. Em parte por ser um homem discreto, tem sido pouco considerado para decisões deste tipo e nós tínhamos de liquidar esse débito perante o esplendor da sua obra poética."
A coroar reconhecimentos, espera-se que o ICAM deixe de chumbar o projecto do filme A Norma de Bellini, de Manuel Gonçalves Mendes, realizador do premiado Autografia (documentário sobre Cesariny), segundo guião do poeta e pintor, com participação também prevista entre os intérpretes. »»

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