BATAILLE DESAFIA HABERMAS
arcaico- sexta-feira, 14 de Junho de 2002 - 1799 caracteres – manifest - livros - notas de leitura – rascunhos de leitura
BATAILLE DESAFIA HABERMAS(*)
AS VOZES FÓRA DO CIRCUITO SÃO MODERNAS
E TANTO MAIS MODERNAS QUANTO MAIS ANTIGAS
AS VOZES FÓRA DO CIRCUITO SÃO MODERNAS
E TANTO MAIS MODERNAS QUANTO MAIS ANTIGAS
31-5-1992 - Modernidade é tudo o que escapa ao discurso filosófico da modernidade. Vozes, perspectivas e discursos que estejam fora do controle racional moderno, são, com certeza, modernos.
Visões do mundo testemunhadas por «out-siders» - a criança, o deficiente, o louco, o delinquente, o condenado à morte, o esquimó, o analfabeto, o navegador português de quinhentos, o (...), são os modernos de todos os tempos.
Situações-limite são as únicas que podem originar um discurso moderno.
E se moderno é tudo o que escapa ao «discurso filosófico» porque lhe é irredutível, temos uma pista possível para ler selectivamente o tratado de Jürgen Habermas, artilhado com toda a blindagem de erudição pesada e da microanálise do pormenor.
Irredutíveis ao «discurso filosófico», os modernos como Artaud, Beckett, Kierkegaard, Kafka ou Nietzsche podiam pedir contas ao professor Jürgen se porventura ele os tivesse incluído neste seu gigantesco estudo. Mas só Nietszche, entre os absolutamente modernos, parece continuar a fascinar os teóricos de Frankfurt. E, um pouco na «terra de ninguém», Georges Bataille, expulso por Breton do grupo surrealista mas que, por conta própria, continuou quase irredutível à conversão da experiência-limite - moderna - em gordurosa teoria para uso de infatigáveis analistas da moda.
Quem vive não pensa e quem pensa não vive. O choque entre Kierkegaard e Hegel é um episódio que prudentemente se omite por ter tornado demasiado clara a linha de demarcação entre o que era - moderno - e o que não era.
Ao analisar Heidegger, Hegel, Walter Benjamin, Horkheimer, Adorno, mesmo Castoriadis, não se aventura nas terras inóspitas dos autores «irracionalistas». Schiller, também analisado, não sei se gostaria da graça. Mas com Bataille o terreno torna-se movediço para Habermas.
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(*) Ver texto de Afonso Cautela publicado no jornal «A Capital» («Livros na Mão»), 26/Março/1991 http://www.catbox.info/big-bang/gatodasletras/habermas-1.htm ■
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