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Thursday, November 17, 2005

ESTREIA DE LUIZ VAZ

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[20-11-90]

ESTREIA DE LUIZ VAZ COM LIVRO DE FICÇÃO «UM GRITO DE REVOLTA DA PRIMEIRA À ÚLTIMA PÁGINA»

«Sou conterrâneo de Luiz Vaz e, ao prefaciar-lhe o livro, limitei-me a traduzir o generalizado sentimento de amizade e admiração que todo o povo de Cabeceiras de Basto nutre por este seu ilustre filho» - disse a « A Capital» o Eng. Paulino de Magalhães, orador encarregado de apresentar o livro ontem lançado, em Lisboa, em edição do autor, pelo dr. Luiz Vaz e que se chama «Luto na Aldeia».
Sobre o conteúdo do livro, o seu prefaciador não é menos lapidar: «Luto na Aldeia» - disse-nos - é, da primeira à última página, um grito de revolta. Revolta contra a injustiça de toda uma sociedade materialista e consumista que tudo e a todos corrompe e subverte.» E remata, com um voto: «Espero que, nem em Cabeceiras de Basto, nem em parte alguma, os nossos netos não se vejam obrigados a reescrever «Luto na Aldeia».»

SOLIDARIEDADE E SIMPATIA

Rodeado de amigos, admiradores e simpatizantes políticos, Luiz Vaz pode gabar-se, no lançamento do seu primeiro livro, de ter conseguido uma das mais concorridas audiências que ultimamente se têm verificado neste género de cerimónias hoje transformadas em, por vezes, entediante rotina. Quase duas centenas de pessoas estiveram na Livraria Barata, em Lisboa, para testemunhar, com pretexto na literatura, uma «solidariedade» e uma «fraternidade» que, transcendendo o mero aspecto literário, em todos os discursos esteve bem patente, nomeadamente o que o representante do presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto pronunciou.
Mas o discurso mais comovente, foi, com certeza, o de Paulino de Magalhães, que, com a voz embargada pela emoção, evocou episódios da vida do autor, no Porto, onde a sua independência, força e integridade de carácter já eram patentes. «Ninguém, nenhum trabalhador, pode ser visto como simples instrumento de produção - afirmou Paulino de Magalhães, a propósito do episódio que acabava de evocar - A pessoa humana tem de ser vista como a finalidade última de todo o processo produtivo.»

A «ARMA» DA SIMPLICIDADE

Mais tarde, como professor e na sua carreira política, Luiz Vaz demonstraria permanecer fiel aos princípios que sempre defendeu. Na literatura como na vida, a sua arma é, indubitavelmente, a «naiveté». Sem complexos, ele confessou alguns aspectos que outros teriam calculisticamente ocultado. Por exemplo, a forma como nasceu o romance que agora dá à estampa: «Vi anunciado, no «Diário de Notícias», um concurso para originais de romance e decidi que era o momento de me pôr à prova. Meti-me ao trabalho, escrevi um romance e concorri. Fui um dos 146 excluídos, já que o prémio foi, como é óbvio, para um único autor, dos 147 que se candidataram.
Assim natural, assim espontâneo, é também o livro que Luiz Vaz acaba de editar. Mas como toda a literatura é artifício, talvez a crítica acabe por lhe apontar esse defeito. Conforme referiu, acostumou-se, na vida, a «dar a volta por cima», é homem para não deixar os obstáculos sem resposta, ou para se atemorizar com eles: « Gosto de desafios - exclamou - e acostumei-me a enfrentar a vida sózinho». Logo a seguir, rectifica: «Só, mas com a solidariedade e fraternidade das pessoas.»
«Voltarei a estar convosco, no lançamento do meu próximo livro e será brevemente» - acentuou, confiante e seguro de si, no clima de familiaridade e cumplicidade que desde o início se estabelecera entre ele e a assistência. Apesar de proclamar que «humildade é nobreza», não deixou de repetir a inexcedível confiança em si próprio: «Tenho consciência de que posso fazer melhor. Comecei e nunca mais ninguém me faz parar.»
Os antecedentes da sua biografia mostram que Luiz Vaz é homem para cumprir as promessas e «ameaças» que faz.

DEPUTADO MUNICIPAL

O infindável número de autógrafos que, no final, teve de conceder, prova bem que ele tem amigos e de que os seus «fiéis» e incondicionais não o desamparam . Entre as mais ilustres presenças nesta sessão de solidariedade, conta-se a do vereador João Soares, correligionário e não só. Luiz Vaz há onze anos que é «deputado municipal», como ele disse, e tal «sacrifício» bem merece que a vereação socialista de Lisboa ali estivesse, ao mais alto nível, a homenageá-lo.
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