EÇA E JACOPETTI
70-11-15-di=diário de ideias
RACISMO ALVAR (*)
(*) É seguro, felizmente,que este texto de Afonso Cautela ficou inédito15-Novembro-1970
Quando leio as narrativas sobre pessoas de José Gomes Ferreira, Alexandre O’Neill, José Cardoso Pires, Eça de Queirós, estou a lembrar-me dos risos alvares que os acolhem e que acolhem, por exemplo, filmes como Matrimónio à Italiana ou Seduzida e Abandonada, ambos de Pietro Germi, ou filmes como «Mundo Mulher» e «Africa Adeus», de Gualtiero Jacopetti.
Quando um autor quer, ou mesmo que um autor não queira, o racismo transparece. O racismo de que todo o homem biológico é passível mas a que o homem português é particularmente atreito. Especialmente através dessa modalidade muito ibérica de racismo que dá aqui pelo nome de marialvismo e pelo de machismo na vizinha Espanha.
Narrar qualquer figura humana (distinga-se ela pela raça, ou pelo sexo, ou pela idade, ou pelos costumes, da um padrão considerado normal e médio) num plano de inferioridade é, ainda que para escrever obras primas, uma manifestação racista.
Não é por acaso que «A Relíquia», obra-prima do racismo queirosiano, se aguentou em cartaz quase um ano. Para gáudio de um público que também urrou de gozo e contentamento com África Adeus ou Mundo Mulher.
Público que evidente e felizmente tem excepções. É que há - não há dúvida - duas humanidades completamente opostas: e aí eu sou racista, porque sou pela humanidade que o não é.
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RACISMO ALVAR (*)
(*) É seguro, felizmente,que este texto de Afonso Cautela ficou inédito15-Novembro-1970
Quando leio as narrativas sobre pessoas de José Gomes Ferreira, Alexandre O’Neill, José Cardoso Pires, Eça de Queirós, estou a lembrar-me dos risos alvares que os acolhem e que acolhem, por exemplo, filmes como Matrimónio à Italiana ou Seduzida e Abandonada, ambos de Pietro Germi, ou filmes como «Mundo Mulher» e «Africa Adeus», de Gualtiero Jacopetti.
Quando um autor quer, ou mesmo que um autor não queira, o racismo transparece. O racismo de que todo o homem biológico é passível mas a que o homem português é particularmente atreito. Especialmente através dessa modalidade muito ibérica de racismo que dá aqui pelo nome de marialvismo e pelo de machismo na vizinha Espanha.
Narrar qualquer figura humana (distinga-se ela pela raça, ou pelo sexo, ou pela idade, ou pelos costumes, da um padrão considerado normal e médio) num plano de inferioridade é, ainda que para escrever obras primas, uma manifestação racista.
Não é por acaso que «A Relíquia», obra-prima do racismo queirosiano, se aguentou em cartaz quase um ano. Para gáudio de um público que também urrou de gozo e contentamento com África Adeus ou Mundo Mulher.
Público que evidente e felizmente tem excepções. É que há - não há dúvida - duas humanidades completamente opostas: e aí eu sou racista, porque sou pela humanidade que o não é.
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