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Wednesday, September 05, 2012

ANTOLOGIA DE PENSADORES 1970-II


70-06-14-LS- segunda-feira, 9 de Dezembro de 2002-scan

SÍNTESE NA EXPERIÊNCIA

[ 14-6-1970] - A necessidade de síntese é outro leit-motiv dos artigos ali apresentados. A vivência ou experiência apresenta-se a quase todos como parte integrante e vital de um novo, de um próximo, de um futuro humanismo. A síntese realiza-se, desta feita, no laboratório de cada um. Ensaiar o pensamento é apresentar um itinerário, pontuado de datas, um diário de pesquisas e inquietações.

O verdadeiro pensador contemporâneo do futuro não notifica o pensar alheio ( o imprescindível para prefaciar o seu) ou as alheias experiências. Não vive nem pensa por procuração. Realiza em si, por necessária assimilação, a síntese de todas as análises. Recria a ordem a partir do caos de conhecimentos a que a divisão das ciências reduziu o homem moderna.

Falar de si é sempre e afinal mais importante (porque original e global) do que falar de algo exterior e estranho. Testemunhar parece o caminho de um filosofar prospectivo, que cada vez mais desdenha o discurso erudito, a oração de sapiência, o cadeirão académico, que se recusa a mimetizar e a reproduzir. No caos das ciências subdivididas e multiplicadas, o conhecimento humaniza-se pela prática ("connaitre" é "nascer com"), a teoria vitaliza-se.

ACTORES DA HISTÓRIA

Pensar a História e comparticipar simbolicamente da acção, eis o consciente ou inconsciente objectivo do que procura trocar o laboratório, a cátedra ou o gabinete pelo mundo a transformar.

A primeira civilização que se contesta a si própria (André Malraux) é também a civilização em que se perdeu a "identidade entre o homem e o cosmos, entre o Homem e Deus" (ainda segundo Malraux) .


Pela filosofia e seus teóricos, procura-se a unidade ou identidade perdidas. Mas a filosofia, enquanto linguagem, é ainda símbolo desligado das coisas. O filósofo novo procura, pois, (Malraux exemplifica ao fazer das suas anti-memórias uma suma filosófica) reunificar o mundo através da experiência-vivência, da qual não pode nem quer desligar a teoria.

Mais ou menos, este índice é comum aos escritores apresentados: filosofam pela experiência e, tendo a noção explícita ou implícita da dualidade filosofia-história, pensamento-acção, teoria-prática, procuram a unidade sendo actores e agentes dessa história. No acto e na acção de escrever.

Pensam a História enquanto comparticipam simbolicamente da acção.

Maio de 1968 serve de exemplo à vaga de síntese (o essencial do essencial) que caracteriza, por causa e por efeito, o pensamento de uma circunstância revolucionária. Todo o supérfluo e analítico se substituem, então, por força da eficácia requerida na acção, da urgência na síntese.

Na vasta literatura inerente, se há casos de psitacismo inútil, podem no entanto ver-se outros típicos da palavra-experiência, do pensamento-acção. Especialmente, é claro, se nos reportarmos aos líderes, aos actores, e não aos comentaristas ou aproveitadores do sucesso.

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