A. DA SILVA 90
90-02-15-dl> diário de um leitor – inédito de 1990
AGOSTINHO DA SILVA E A EUROCRACIA
15/2/1990- A unanimidade nacional que, de maneira fulminante, se estabeleceu à volta do Prof. Agostinho da Silva, do seu magistério cívico, da sua autoridade moral e da sua irradiante simpatia humana, exigia que ele divulgasse, quanto antes, o que pensa da invasão tecnoeurocrática e respectiva destruição dos nossos melhores valores culturais e históricos.
Sendo ele um dos mais entusiásticos porta-vozes desses valores e um dos que, baseado nisso, preconizam o futuro glorioso da gesta portuguesa no Mundo, (a "portuguesia", como costuma dizer o Francisco Palma Dias) , era necessário saber o que pensa do imperialismo europeu e como concilia ele essa "ocupação por dentro" da nossa pátria pela CEE.
Será a submissão aos fundos estruturais e a subserviência de alma que implica, compatível com a exaltação dos nosso mais genuínos valores nacionais, de que Agostinho se fez um dos principais profetas?
A resposta acaba de chegar numa das cartas policopiadas que é costume o prof. Agostinho da Silva enviar aos amigos. Diz-nos ele, nessa carta, de forma lapidar, o que mais desejávamos ouvir: uma crítica serena à Eurocracia do nosso (des)contentamento e aos eurocratas cá de dentro que nos vão arrastando para o abismo da vergonha. Ouçam a voz da sabedoria em Agostinho da Silva:
« Pouco entendo de política internacional, arrisco-me, no entanto, a pensar que os países ricos do Norte – não digo só Europa, porque há os estados Unidos, Canadá e Japão – vão solidarizar-se para aguentar e alargar seu domínio, abandonando à sorte que haja ou tenham os países pobres do Sul. O que façam, deles será, que lhes dê bom ou mau resultado: por mim, acho que haverá efeitos péssimos para eles próprios, com descalabro interno e invasão geral pelos que tanto desprezam, embora digam o contrário. Exactamente como sucedeu com os Romanos apodrecidos pelos maus costumes perante os povos de além Danúbio, de além-Reno, até de além- Mediterrâneo. De tudo veio a Europa, principalmente pelo esforço criador dos monges, vamos pôr, por eles todos, de São Bento. É sobre alguma coisa como novos monásticos (e até é bom que sejam monástico-militares, significando monástico “de amor” e “militar” de serviço , repitamos São Bernardo ) que se edificará o mundo futuro, e espero que nos mais prontos e adequados a tal tarefa estejam os sete países de Língua Portuguesa. Convém, pois, que Portugal se vá já preparando para , nada reclamando para si da Europa que haja, embora aceitando com agradecimento o que lhe derem, como faço eu com Brasil e Portugal, defender quanto possa em sua CEE, se ela sobreviver, os companheiros de Língua e os ajude com o que lhe sobrar, se sobrar, com emigração e com toda sua experiência de vida. É a partir deste núcleo, com o que se lhe agregue, que a ecúmena se renovará na face do Atlântico e do Índico e na do Pacífico e satisfará apetências que vão além do automóvel, da discoteca e do dinheiro. Ao que tudo ameaçam as drogas, e uma das mais perigosas é a do consumismo, o jogo e as fáceis armas que tanto lucro dão a tão poucos; e tão loucos.
Fevereiro 90
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AGOSTINHO DA SILVA E A EUROCRACIA
15/2/1990- A unanimidade nacional que, de maneira fulminante, se estabeleceu à volta do Prof. Agostinho da Silva, do seu magistério cívico, da sua autoridade moral e da sua irradiante simpatia humana, exigia que ele divulgasse, quanto antes, o que pensa da invasão tecnoeurocrática e respectiva destruição dos nossos melhores valores culturais e históricos.
Sendo ele um dos mais entusiásticos porta-vozes desses valores e um dos que, baseado nisso, preconizam o futuro glorioso da gesta portuguesa no Mundo, (a "portuguesia", como costuma dizer o Francisco Palma Dias) , era necessário saber o que pensa do imperialismo europeu e como concilia ele essa "ocupação por dentro" da nossa pátria pela CEE.
Será a submissão aos fundos estruturais e a subserviência de alma que implica, compatível com a exaltação dos nosso mais genuínos valores nacionais, de que Agostinho se fez um dos principais profetas?
A resposta acaba de chegar numa das cartas policopiadas que é costume o prof. Agostinho da Silva enviar aos amigos. Diz-nos ele, nessa carta, de forma lapidar, o que mais desejávamos ouvir: uma crítica serena à Eurocracia do nosso (des)contentamento e aos eurocratas cá de dentro que nos vão arrastando para o abismo da vergonha. Ouçam a voz da sabedoria em Agostinho da Silva:
« Pouco entendo de política internacional, arrisco-me, no entanto, a pensar que os países ricos do Norte – não digo só Europa, porque há os estados Unidos, Canadá e Japão – vão solidarizar-se para aguentar e alargar seu domínio, abandonando à sorte que haja ou tenham os países pobres do Sul. O que façam, deles será, que lhes dê bom ou mau resultado: por mim, acho que haverá efeitos péssimos para eles próprios, com descalabro interno e invasão geral pelos que tanto desprezam, embora digam o contrário. Exactamente como sucedeu com os Romanos apodrecidos pelos maus costumes perante os povos de além Danúbio, de além-Reno, até de além- Mediterrâneo. De tudo veio a Europa, principalmente pelo esforço criador dos monges, vamos pôr, por eles todos, de São Bento. É sobre alguma coisa como novos monásticos (e até é bom que sejam monástico-militares, significando monástico “de amor” e “militar” de serviço , repitamos São Bernardo ) que se edificará o mundo futuro, e espero que nos mais prontos e adequados a tal tarefa estejam os sete países de Língua Portuguesa. Convém, pois, que Portugal se vá já preparando para , nada reclamando para si da Europa que haja, embora aceitando com agradecimento o que lhe derem, como faço eu com Brasil e Portugal, defender quanto possa em sua CEE, se ela sobreviver, os companheiros de Língua e os ajude com o que lhe sobrar, se sobrar, com emigração e com toda sua experiência de vida. É a partir deste núcleo, com o que se lhe agregue, que a ecúmena se renovará na face do Atlântico e do Índico e na do Pacífico e satisfará apetências que vão além do automóvel, da discoteca e do dinheiro. Ao que tudo ameaçam as drogas, e uma das mais perigosas é a do consumismo, o jogo e as fáceis armas que tanto lucro dão a tão poucos; e tão loucos.
Fevereiro 90
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