J. FOURASTIÉ 1972
fourastié-1> scan sábado, 22 de Junho de 2002 – ligar a pasta «futuro» ou «notícias do futuro» =futuro em questão» = «temas de amanhã»
«IDEIAS PARA O PROGRESSO SOCIAL E CIENTÍFICO»,DE JEAN FOURASTIÉ (*)
[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Mar Alto», (Figueira da Foz), na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 9/8/1972 e na revista «Vida Mundial», secção «Leituras de Acaso», em data por determinar]
Das técnicas de produção depende o desenvolvimento económico e, portanto, o progresso social.
Esta é uma das teses principais defendidas por Jean Fourastié no seu livro «Ideias para o Progresso Social e Científico», livro que se apresenta favorável também à tese de uma política sem ideologia, fazendo uma análise profunda da «economia e da sociedade que transformará o trabalho do homem, as relações humanas na empresa, as relações entre as empresas e a colectividade».
«Uma economia à medida do homem - segundo Jean Fourastié - deverá substituir uma economia à medida da matéria», não só em França, país sobre o qual se debruça mais demoradamente e do qual toma exemplos, mas em todo o Mundo.
De facto, «não podemos compreender o presente e sentir o futuro, se primeiro não tivermos compreendido que este presente e este futuro são apenas momentos de uma evolução».
Outro problema preocupa o autor:
«O homem do nosso tempo é diariamente submerso pela onda das informações que lhe é trazida pelo seu jornal, a rádio, o cinema e o próprio espectáculo da vida».
No entender de Jean Fourastié, a quantidade de informação cresce de maneira quádrupla : é não só o número de sinais que aumenta mas também o volume, a intensidade (pela melhoria das técnicas de informação) e a força emotiva dos mesmos sinais. Para lutar contra esta desmoralização, é preciso que cada qual disponha de ideias gerais, suficientemente adequadas ao real, para que todas essas informações sejam acolhidas, classificadas, assimiladas, registadas, compreendidas pelo cérebro».
Eis que o presente livro satisfaz esse urgente objectivo o constitui desde logo uma das peças mais importantes na bibliografia fundamental do nosso tempo.
A aceleração do desenvolvimento económico que já ultrapassou os acontecimentos e o domínio humano sobre as forças de produção assim desencadeadas, exige um método ou pensamento directriz que acompanhe esse ritmo, em vez de se deixar ultrapassar por ele. Um método que Fourastié se esforça por definir, em linhas gerais, e que ajuda, neste seu livro utilíssimo, a estabelecer. Só há uma possibilidade de «apanhar» o presente; é colocar no futuro o nosso ponto de apoio metodológico, o nosso ponto de partida para a acção.
«À medida que envelheço - escreve o autor - mais me parece que o mais importante fenómeno do nosso tempo é a tomada de consciência, ou mais exactamente, o início da tomada de consciência, dos meios de que o homem dispõe para conhecer o real».
Não se trata, portanto, neste livro-chave, de uma análise académica, sem perspectiva nem amplitude filosófica e crítica; Fourastié, engenheiro por formação de base, licenciado em Direito e desde 1951 director de Estudos na Escola Prática dos Altos Estudos, alia «as vistas parciais às vistas imensas», propondo-se «reunir num só livro o essencial da sua obra, dispersa em muitas obras e artigos de revistas, a maior parte das vezes de pequenas tiragens e que praticamente não se encontram no mercado», «textos característicos que sejam de natureza a dar a um grande público cultivado uma imagem válida dos resultados dos seus trabalhos: de um lado, textos de ciência experimental, que dão resultados descritivos e explicativos da realidade observada ; de outro, textos de método e filosofia».
Como se escreve na advertência:
«Em matéria económica, o que me parece mais importante na minha obra é a introdução do progresso técnico na ciência económica como um dos factores preponderantes na evolução contemporânea (trabalho, emprego, preço, poder de compra, desenvolvimento e subdesenvolvimento) ; na primeira parte do presente livro encontrar-se-ão textos que me parecem descrever o essencial dos mecanismos que dominam a história económica contemporânea e cujo conhecimento, por isso mesmo, abre a possibilidade deste esforço de previsão, de reflexão sobre o futuro, que hoje muitas vezes se denomina prospectiva. Encontrar-se-á aqui também (Três Notas sobre o Futuro Próximo da Humanidade), a descrição da evolução do calendário demográfico do homem médio», que parece apropriada para mostrar os profundos laços que unem a economia e a demografia, e também para pôr em evidência, por um lado, a profunda mutação da condição humana que estamos em vias de viver, e, por outro lado, os graves problemas que são postos pelo crescimento do número de vivos».
Livro fundamental para a nova ciência que nasce - e a que já se chamou futurologia - por isso o referimos aqui e o recomendamos com o maior entusiasmo.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Mar Alto», (Figueira da Foz), na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 9/8/1972
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«IDEIAS PARA O PROGRESSO SOCIAL E CIENTÍFICO»,DE JEAN FOURASTIÉ (*)
[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Mar Alto», (Figueira da Foz), na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 9/8/1972 e na revista «Vida Mundial», secção «Leituras de Acaso», em data por determinar]
Das técnicas de produção depende o desenvolvimento económico e, portanto, o progresso social.
Esta é uma das teses principais defendidas por Jean Fourastié no seu livro «Ideias para o Progresso Social e Científico», livro que se apresenta favorável também à tese de uma política sem ideologia, fazendo uma análise profunda da «economia e da sociedade que transformará o trabalho do homem, as relações humanas na empresa, as relações entre as empresas e a colectividade».
«Uma economia à medida do homem - segundo Jean Fourastié - deverá substituir uma economia à medida da matéria», não só em França, país sobre o qual se debruça mais demoradamente e do qual toma exemplos, mas em todo o Mundo.
De facto, «não podemos compreender o presente e sentir o futuro, se primeiro não tivermos compreendido que este presente e este futuro são apenas momentos de uma evolução».
Outro problema preocupa o autor:
«O homem do nosso tempo é diariamente submerso pela onda das informações que lhe é trazida pelo seu jornal, a rádio, o cinema e o próprio espectáculo da vida».
No entender de Jean Fourastié, a quantidade de informação cresce de maneira quádrupla : é não só o número de sinais que aumenta mas também o volume, a intensidade (pela melhoria das técnicas de informação) e a força emotiva dos mesmos sinais. Para lutar contra esta desmoralização, é preciso que cada qual disponha de ideias gerais, suficientemente adequadas ao real, para que todas essas informações sejam acolhidas, classificadas, assimiladas, registadas, compreendidas pelo cérebro».
Eis que o presente livro satisfaz esse urgente objectivo o constitui desde logo uma das peças mais importantes na bibliografia fundamental do nosso tempo.
A aceleração do desenvolvimento económico que já ultrapassou os acontecimentos e o domínio humano sobre as forças de produção assim desencadeadas, exige um método ou pensamento directriz que acompanhe esse ritmo, em vez de se deixar ultrapassar por ele. Um método que Fourastié se esforça por definir, em linhas gerais, e que ajuda, neste seu livro utilíssimo, a estabelecer. Só há uma possibilidade de «apanhar» o presente; é colocar no futuro o nosso ponto de apoio metodológico, o nosso ponto de partida para a acção.
«À medida que envelheço - escreve o autor - mais me parece que o mais importante fenómeno do nosso tempo é a tomada de consciência, ou mais exactamente, o início da tomada de consciência, dos meios de que o homem dispõe para conhecer o real».
Não se trata, portanto, neste livro-chave, de uma análise académica, sem perspectiva nem amplitude filosófica e crítica; Fourastié, engenheiro por formação de base, licenciado em Direito e desde 1951 director de Estudos na Escola Prática dos Altos Estudos, alia «as vistas parciais às vistas imensas», propondo-se «reunir num só livro o essencial da sua obra, dispersa em muitas obras e artigos de revistas, a maior parte das vezes de pequenas tiragens e que praticamente não se encontram no mercado», «textos característicos que sejam de natureza a dar a um grande público cultivado uma imagem válida dos resultados dos seus trabalhos: de um lado, textos de ciência experimental, que dão resultados descritivos e explicativos da realidade observada ; de outro, textos de método e filosofia».
Como se escreve na advertência:
«Em matéria económica, o que me parece mais importante na minha obra é a introdução do progresso técnico na ciência económica como um dos factores preponderantes na evolução contemporânea (trabalho, emprego, preço, poder de compra, desenvolvimento e subdesenvolvimento) ; na primeira parte do presente livro encontrar-se-ão textos que me parecem descrever o essencial dos mecanismos que dominam a história económica contemporânea e cujo conhecimento, por isso mesmo, abre a possibilidade deste esforço de previsão, de reflexão sobre o futuro, que hoje muitas vezes se denomina prospectiva. Encontrar-se-á aqui também (Três Notas sobre o Futuro Próximo da Humanidade), a descrição da evolução do calendário demográfico do homem médio», que parece apropriada para mostrar os profundos laços que unem a economia e a demografia, e também para pôr em evidência, por um lado, a profunda mutação da condição humana que estamos em vias de viver, e, por outro lado, os graves problemas que são postos pelo crescimento do número de vivos».
Livro fundamental para a nova ciência que nasce - e a que já se chamou futurologia - por isso o referimos aqui e o recomendamos com o maior entusiasmo.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Mar Alto», (Figueira da Foz), na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 9/8/1972
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