S. DA GAMA 1960
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«SERRA-MÃE» (2ª EDIÇÃO), DE SEBASTIÃO DA GAMA, ED. ÁTICA, LISBOA, 1960
Albufeira/Tavira, 3 de Agosto de 1960
Relendo Sebastião da Gama, formula-se ainda a questão: deve criticar-se a «obra em si», essa abstracção que os metafísicos postulam e depois não resolvem, ou referi-la sempre a uma individualidade criadora?
A individualidade é um facto; a «obra em si», uma invenção da crítica «científica ».
Com Sebastião da Gama procedeu ela de modo desconcertante e desorientador. Esqueceu ou obliterou o poeta que ele foi, na vida e na vocação, dando uma desmedida importância ao aspecto lírico dessa vocação, que é confessadamente um aspecto não digo menor nem medíocre mas secundário e que só como tal importa estudar.
O testemunho unânime dos que o conheceram , confirma em sebastião da Gama uma personalidade fascinante, a considerar nas suas múltiplas determinações.
Diminuir Sebastião da Gama é esquecer essa multiplicidade e mostrá-lo apenas autor de versos , certamente de mérito mas nunca suficientes para justificar a porfiosa teoria de elogios que antecederam e sucederam a morte física do poeta.
A segunda edição de «Serra-Mãe» vem colocar sérias dúvidas ao leitor desprevenido e disponível que só agora , apagado o poeta na sua totalidade, apenas possui a obra lírica ou «obra em si» para ajuizar.
De acordo: Sebastião da Gama é um poeta, um criador e os seus versos merecem interesse porque o completam, o integram. Mas a crítica do fundo e da forma , da vida e da obra, mostrar-se-á sempre impotente para explicá-lo e para explicar afinal todo e qualquer criador, que radica na unidade integrante de todos os aspectos (todos os que a crítica estética descura) e não na falsa idolatrização dos poucos ou nenhuns em que essa crítica se preocupa de penetrar.
Eis a lição que nos parece útil extrair desta 2ª edição de «Serra-Mãe», já que a crítica desintegrante, diminutiva e dogmática ficou feita, não sei se bem feita , se mal feita.
Albufeira/ Tavira, 3 de Agosto de 1960
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«SERRA-MÃE» (2ª EDIÇÃO), DE SEBASTIÃO DA GAMA, ED. ÁTICA, LISBOA, 1960
Albufeira/Tavira, 3 de Agosto de 1960
Relendo Sebastião da Gama, formula-se ainda a questão: deve criticar-se a «obra em si», essa abstracção que os metafísicos postulam e depois não resolvem, ou referi-la sempre a uma individualidade criadora?
A individualidade é um facto; a «obra em si», uma invenção da crítica «científica ».
Com Sebastião da Gama procedeu ela de modo desconcertante e desorientador. Esqueceu ou obliterou o poeta que ele foi, na vida e na vocação, dando uma desmedida importância ao aspecto lírico dessa vocação, que é confessadamente um aspecto não digo menor nem medíocre mas secundário e que só como tal importa estudar.
O testemunho unânime dos que o conheceram , confirma em sebastião da Gama uma personalidade fascinante, a considerar nas suas múltiplas determinações.
Diminuir Sebastião da Gama é esquecer essa multiplicidade e mostrá-lo apenas autor de versos , certamente de mérito mas nunca suficientes para justificar a porfiosa teoria de elogios que antecederam e sucederam a morte física do poeta.
A segunda edição de «Serra-Mãe» vem colocar sérias dúvidas ao leitor desprevenido e disponível que só agora , apagado o poeta na sua totalidade, apenas possui a obra lírica ou «obra em si» para ajuizar.
De acordo: Sebastião da Gama é um poeta, um criador e os seus versos merecem interesse porque o completam, o integram. Mas a crítica do fundo e da forma , da vida e da obra, mostrar-se-á sempre impotente para explicá-lo e para explicar afinal todo e qualquer criador, que radica na unidade integrante de todos os aspectos (todos os que a crítica estética descura) e não na falsa idolatrização dos poucos ou nenhuns em que essa crítica se preocupa de penetrar.
Eis a lição que nos parece útil extrair desta 2ª edição de «Serra-Mãe», já que a crítica desintegrante, diminutiva e dogmática ficou feita, não sei se bem feita , se mal feita.
Albufeira/ Tavira, 3 de Agosto de 1960
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