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Wednesday, November 01, 2006

S. PAULO 1984

1-1- reich-2-ls> - 2555 caracteres - solta do jornal - secção «margem esquerda» solta do «largo» - secção «releituras» - secção «heresias e heresiarcas» - notas de leitura

HERESIAS E HERESIARCAS
SÃO PAULO OU WILHELM REICH?
ENERGIA OU ENTROPIA?

1/Novembro/1984 - «Leit motiv» do pensamento incómodo e inconformista é este: «Saber se estamos aqui para gozar à borla até cair de borco, ou se estamos aqui porque temos efectivamente dívidas antigas a pagar, até ao último tostão, tudo quanto os sentidos usam e abusam como se gastassem mercadoria alheia. Como se a vida fosse grátis.»
Só que não é, a julgar pela importância que o sofrimento assume na tragicomédia da existência humana. Estamos num beco sem saída: ou expiamos pelo sofrimento tudo o que gozamos (karma yoga?), ou o prazer recarregará de culpas a nossa contabilidade até aos limites inacreditáveis atingidos hoje pelo sofrimento humano, de que o noticiário quotidiano é bem elucidativo espelho.
«O corpo não é teu mas tens que dar conta dele» - diz São Paulo,(*) mas a verdade é que o cristianismo rejeitou a lógica cármica que daria sentido a este aviso, sem nunca mais encontrar o Norte. O Norte que, por sinal, fica a Oriente. Sabe-se lá porque o fez.
Só se a contabilidade entre o céu e a terra existir, faz sentido querer ou não querer tê-la em dia.
Pergunta: os hedonismos pagam-se, portanto, caros e sem juros?
Nos relatos sobre os frades contemporâneos de S. Francisco de Assis e que o seguiam, surgem frequentemente referências ao «combate» destes pobres monges contra as «tentações». É uma contabilidade que frontalmente choca com os hedonismos de todos os tempos, defensores do máximo de entropia a que chamam prazer.
Ora o hedonismo de hoje conduz à destruição pura e simples do Planeta, pelo que, em termos de economia energética global, não é nada rentável. Por isso, o problema se coloca também em termos de contabilidade cósmica: serão as cedências ao prazer gratuito (pelo qual nada se paga ou nada se julga pagar) as tais tentações contra as quais os pobres frades franciscanos se precaviam e contra as quais combatiam, com unhas e dentes?
Ninguém dos hedonistas quer ser sexualmente conservador e casto: a castidade tornou-se um conceito «beato», abominado por liberais, libertários & libertinos. Para uma época de libertinagem sexual (entropia), quando a revolução se identifica com a revolução sexual (Wilhelm Reich, o mais torturado dos pensadores modernos), retomar a prédica de S. Paulo aos Coríntios tem riscos de heresia. Heresia que, para um pensador incómodo, é tema de interesse e suficientemente fascinante para aprofundar a investigação.
Subvertendo S. Paulo, os hedonistas proclamam «fornicai-vos uns aos outros», enquanto accionam o negócio moderno da pílula anticoncepcional, talvez a indústria multinacional mais lucrativa e a mais reprodutiva de novas indústrias endemiantes ( patológicas).
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(*) «O Pensamento Vivo de São Paulo», Jacques Maritain, São Paulo, pgs 78 e 79
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