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Wednesday, February 01, 2006

A. TYLLER 92

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1-2-1992

FILMES EM CASA - CRÓNICA DE VÍDEO POR TOMÉ DE BARROS - OBRA BELA E COMOVENTE -ELEGIA PARA UM FILHO MORTO

História de uma imensa e insanável dor, o romance da escritora Anne Tyler foi adaptado ao cinema com particular sensibilidade pelo realizador Leslie Kasdan, bastante ajudado, diga-se de passagem, pela especial sensibilidade do actor William Hurt, que praticamente suporta, em tempo e intensidade dramática, todo o filme. Só que não estava previsto nem era suposto um desempenho como este, genial do princípio ao fim, levar um Óscar ou qualquer coisa parecida...
Trata-se de um «casamento feliz» entre duas obras de qualidade: o romance, com o título português de «O Turista por Acidente», publicado pela Dom Quixote, na sua colecção «Ficções Universais», onde é o número 28, e o filme, com a data de 1988, editado em vídeo pela Warner.
Retratando um estado de alma, é cinema que dispensa espectacularidade e especulações gratuitas com os gostos fáceis; que dispensa acção e aventura ou erotismo enlatado, a provar talvez de que só o sofrimento existe no Mundo e de que o prazer é tão efémero e superficial como o orgasmo. Que isto apareça no filme com uma incrível força dramática, recriando a intensidade que o romance contém, é caso de admiração e até de espanto. Pela raridade do produto. De vez em quando, o cinema sabe que pode pisar o terreno do lirismo sem comprometer os resultados comerciais.
«O Turista Acidental» foi bem recebido pela crítica portuguesa, mas o facto de Bub (?), o cão amestrado, ter um relevante papel não deve ser alheio a esse consensual acolhimento... E apesar de a história não promover o culto do herói, antes pelo contrário: este pai amargurado, que perde um filho de 11 anos, este marido em ruptura irremissível com a mulher, este homem que parte uma perna num acidente doméstico e tem crises periódicas de dores nas costas, não configura propriamente o herói típico conforme a mitologia cinematográfica o costuma pintar. De herói forte, musculoso, gozador dos prazeres da vida, impenitente vencedor e saindo sempre a salvo das dificuldades, não tem nada a figura frágil e desprotegida deste escritor turístico.
F.Q.E.A. (Filmes que eu amo): a sigla, subjectiva por excelência, pode ser colocada sem hesitação na ficha deste livro-filme, elegia magoada sobre uma perda irremediável. A ficha do vídeo-filme vem, na página 160 do «Guia 91» do Pedro Garcia Rosado e dela cito a seguir alguns dados que suponho relevantes para uma releitura, em casa, desta obra catárctica, que se pode ver, ler, ouvir em momentos de melancolia e solidão. Desta obra comovente e bela que é «The Accidental Tourist», cuja ficha compacta aí fica:[?]
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