A. DAVID-NEEL 1992
[publicado em «leituras de verão», eventualmente modificado] - -1043 caracteres - artes de viver - caminhos do maravilhoso – notas de leitura
ROTINA DO MILAGRE NA MAGIA TIBETANA
[13/5/1992] - O que vulgarmente se classifica de «mágico», acontece, em sociedades ainda ligadas às origens do Mundo, como um fenómeno normal de rotina.
Esta podia ser uma das conclusões a retirar do livro «Místicos e Mágicos do Tibete», da escritora Alexandra David-Neel, nascida em França, livro que se encontra em edição portuguesa das Publicações Europa-América(*)
O olhar que esta autora lança sobre o mistério tibetano é de um jornalista ou de um investigador científico, habituado ao nível racional e factual dos acontecimentos e sem ir muito além da casca ou superfície dos fenómenos. Ainda assim e se tivermos em conta que o Tibete (e o lamaísmo) já foi vítima de um «gangster» chamado Lobsang Rampa, pelo menos Alexandra David-Neel é honesta e de boa fé, com o mínimo de abertura a um tipo de sensibilidade completamente diferente da maneira de ser ocidental e a um fundo secular de sabedoria que nada tem a ver com os padrões em vigor nas tradições europeias.
Ela deixou-se apaixonar pela cultura tibetana e, se é certo que não compreende muito daquilo que observou, também é verdade que o mostra sem preconceitos, sem classificar de charlatanismo, como tantos fazem, tudo aquilo que não está à altura de compreender. É como se tivesse sido chamada à missão de divulgar no Ocidente a mais antiga tradição primordial viva. A sua vida tem sinais muito claros dessa predestinação, que ela, aliás, aceita e assume com a maior naturalidade. Ela percebeu, pelo menos, que nada acontece por acaso e que também a sua vida estava traçada... Alexandra David-Neel trouxe, assim, desse mundo «desconhecido e proibido» uma fabulosa amostra do tesouro que se contém no cofre do conhecimento milenar e secreto, a sabedoria prática (mágica) contida nas ciências ditas ocultas.
Nascida em Paris em 24 de Outubro de 1868, de uma família francesa protestante, faz a primeira escapadela para a Grã Bretanha aos dezassete anos. Estuda filosofia e línguas orientais. Uma manhã resolve ir para o Tibete, onde se iniciará no budismo. Até à guerra 1914-18, vem à Europa algumas vezes mas por pouco tempo. Da China aos Andes, muitas vezes a pé e como peregrina, atravessa todo o Tibete e conta essa experiência no livro «Viagem de uma Parisiense a Lassa». Bloqueada na China, durante a Segunda Guerra Mundial, volta a França com o filho adoptivo, o lama Yongden. Alexandra David-Neel morre em Digne, a 8 de Setembro de 1969, deixando duas dezenas de livros sobre o Tibete, o budismo e cultura oriental.
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(*) «No Rasto de Místicos e Mágicos do Tibete», Alexandra David-Neel, Publicações Europa América, Colecção «Portas do Desconhecido», nº 56
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ROTINA DO MILAGRE NA MAGIA TIBETANA
[13/5/1992] - O que vulgarmente se classifica de «mágico», acontece, em sociedades ainda ligadas às origens do Mundo, como um fenómeno normal de rotina.
Esta podia ser uma das conclusões a retirar do livro «Místicos e Mágicos do Tibete», da escritora Alexandra David-Neel, nascida em França, livro que se encontra em edição portuguesa das Publicações Europa-América(*)
O olhar que esta autora lança sobre o mistério tibetano é de um jornalista ou de um investigador científico, habituado ao nível racional e factual dos acontecimentos e sem ir muito além da casca ou superfície dos fenómenos. Ainda assim e se tivermos em conta que o Tibete (e o lamaísmo) já foi vítima de um «gangster» chamado Lobsang Rampa, pelo menos Alexandra David-Neel é honesta e de boa fé, com o mínimo de abertura a um tipo de sensibilidade completamente diferente da maneira de ser ocidental e a um fundo secular de sabedoria que nada tem a ver com os padrões em vigor nas tradições europeias.
Ela deixou-se apaixonar pela cultura tibetana e, se é certo que não compreende muito daquilo que observou, também é verdade que o mostra sem preconceitos, sem classificar de charlatanismo, como tantos fazem, tudo aquilo que não está à altura de compreender. É como se tivesse sido chamada à missão de divulgar no Ocidente a mais antiga tradição primordial viva. A sua vida tem sinais muito claros dessa predestinação, que ela, aliás, aceita e assume com a maior naturalidade. Ela percebeu, pelo menos, que nada acontece por acaso e que também a sua vida estava traçada... Alexandra David-Neel trouxe, assim, desse mundo «desconhecido e proibido» uma fabulosa amostra do tesouro que se contém no cofre do conhecimento milenar e secreto, a sabedoria prática (mágica) contida nas ciências ditas ocultas.
Nascida em Paris em 24 de Outubro de 1868, de uma família francesa protestante, faz a primeira escapadela para a Grã Bretanha aos dezassete anos. Estuda filosofia e línguas orientais. Uma manhã resolve ir para o Tibete, onde se iniciará no budismo. Até à guerra 1914-18, vem à Europa algumas vezes mas por pouco tempo. Da China aos Andes, muitas vezes a pé e como peregrina, atravessa todo o Tibete e conta essa experiência no livro «Viagem de uma Parisiense a Lassa». Bloqueada na China, durante a Segunda Guerra Mundial, volta a França com o filho adoptivo, o lama Yongden. Alexandra David-Neel morre em Digne, a 8 de Setembro de 1969, deixando duas dezenas de livros sobre o Tibete, o budismo e cultura oriental.
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(*) «No Rasto de Místicos e Mágicos do Tibete», Alexandra David-Neel, Publicações Europa América, Colecção «Portas do Desconhecido», nº 56
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