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Friday, May 12, 2006

O MISTÉRIO DA ORIGEM E DOS FINS

bigmania > - editorial do gato ou net-novela

12-5-1970

A GRANDE NOITE DO CAOS

A negra maré, o caos, a dissolução, o vazio, o mistério da origem e do fim, as trevas, que pode o ser mísero e mesquinho, o rasteiro mortal para não se desintegrar face ao nada?
Tudo o que ele tenta é contra o Terror Horror. O que ele procura -- na tortura e nas viagens, nas lutas e conquistas, nas novas e antiquíssimas tecnologias, na política e na electrónica -- é o que totaliza, unifica, contrai, uniformiza, ordena. O que lhe dá, enfim, a ilusão temporária de eternidade.
De oceano infinito. De superfície espelhada, uniforme, sem rugas.
A ideologia consumista tenta responder a essa necessidade premente, a esse permanente horror de um confronto, de um frente a frente com o vazio, de cada um consigo mesmo, quer dizer, com Deus, quer dizer, com a Morte, o Nada, o Infinito, o Caos, o Universo, pela proliferação infinita de gadgets e objectos.
Hitler respondeu com a ideologia do sacrifício e da totalidade totalitária, com o ideal rácico e patriótico, capaz de abranger semanticamente uma fatia do real que imita, a olho nu, a Realidade.
Marshall Mac Luan respondeu com a Aldeia Global dos «media» electrónicos.
Salazar respondeu com as Finanças assimiladas com a Nossa Senhora de Fátima e o Milagre da Pátria.
Gandhi respondeu com a resistência satiagrai ao invasor ocidental, branco e ateu. Britânico, essência de todos os horrores.
Pedro o Grande respondeu com as glórias da Grande Rússia que tinha a vantagem de ser, comparativamente a Portugal, efectivamente grande -- o que se diz imensa.
A Alquimia respondeu com a Transmutação do Chumbo em Oiro!
O ideal de Riqueza, Beleza, Longevidade, Poder responde, entre greco-latinos & anexos mediterrânicos, e seus cânones, na tentativa de substituir o Caos por uma Ordem, pequena ou média, formal ou visionária, mas ordem.
As ordens iniciáticas, as sociedades secretas, respondem, pelo rigor e pela disciplina, pela comida espartana, pela cama rija de palhas ao desatino do que fica de fora e é disforme, dissonante, inarmónico.
O mito do Preste João, do Graal, da Taça templária, responde com um simulacro de ordem à Desordem, de alma ao Vazio, de Deus ao Buraco Negro e ao vazio da Morte.
Religiões, Seitas, Publicidade, Propaganda, especialmente a Propaganda, os Media, a Aldeia Global respondem electronicamente à necessidade de um Éden, mesmo ilusório, mas de um Éden onde o gozo só por si faça sentido e não tenha do outro lado um Cancro galopante.
A expomundial 93, a Europália 91, o Centro de Belém - mausoléu de todos os poderosos -- o Mercado Único 92, as Olimpíadas 92, a Expo 98, respondem à necessidade metafísica de calar o Remorso do Primeiro Mundo pela expoliação do segundo, do terceiro e do Quarto mundos.
Os Óscares, o Nobel, o Pulitzer, o prémio Lenine.
A repressão sangrenta unifica no Curdistão, no Tibete, no Timor-Leste.
O Papa dá, por dois dias, por dois tostões per capita, a ilusão de pertencermos à mesma ordem, ao mesmo casulo protector onde as ondas do Caos vêm bater raivosas mas aparentemente com menos violência.
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