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Thursday, August 17, 2006

R. MAHEU 1972

maheu-1> scan quinta-feira, 20 de Junho de 2002

RENÉ MAHEU: ESSE PAÍS CHAMADO MUNDO (*)

[(*)Este texto de Afonso Cautela foi publicado no «Diário do Alentejo» (Beja) , na rubrica «Leituras de Acaso», em 20/8/1972 e na revista «Vida Mundial», à volta da mesma data]

À medida que a informação se acumula e os meios humanos postos ao seu serviço (para a captar e difundir) se tornam quase incapazes de a controlar, nasce uma nova disciplina que, perante as dificuldades criadas pela nova «invasão» e subsidiada por meios técnicos ainda incipientes ou pouco generalizados, pretende tornar utilizável a matéria-prima que de outra forma nos ameaça de asfixia definitiva.
Sabe-se hoje muito e de tudo: coleccionam-se dados e notícias sobre acontecimentos e conhecimentos sem que o poder de os organizar tenha sido proporcional. Os computadores vieram a tempo, criar uma esperança de ordem no caos mas, até agora, o mais barato que se conhece custa ainda (apenas) 540 coutos, e pelo desfasamento habitual entre invenção técnica e aplicação tecnológica, não se pode confiar ainda inteiramente nos cérebros electrónicos...
Quer isto dizer que ao desmembramento noticioso da realidade, à sua pulverização até ao infinito e ao desespero, há que seguir-se como em todas as fases históricas se verificou, uma etapa de síntese. As filosofias de raiz literária chamadas para esta tarefa, mostraram-se impotentes mas também não exibiram maiores êxitos as filosofias de raiz matemática, tão afectas a preconceitos como aqueloutras. Sem perder nunca o rumo humanista do universal concreto, procuram hoje alguns pensadores, sem perda do sentido prático, aquela hierarquia de ideias e de valores que constitua o primeiro passo na ordenação...dos ordenadores.
O director-geral da U.N.E.S.C.O., René Maheu, em «A Civilização do Universal» trata de alguns temas que conduzem lá: mergulhado na «tirania. psicológica» exercida pelos meios de Informação, às alienações tradicionais veio juntar-se um tipo de coisificação até agora desconhecido, a paralisia, (atrofia) das faculdades não só emotivas mas até racionais causada pelo sistemática «bombardeamento» de notícias que já não é possível assimilar nem elaborar.
René Maheu, pela aprendizagem que as suas próprias funções lhe facultam, reelabora os dados inertes da ciência (do conhecimento em geral) em molas dinâmicas da realidade histórica; exemplifica e concretiza; coloca em sustentação recíproca os termos antinómicos de análise e síntese; se não está ainda descoberto o método propedêutico capaz de organizar todo o conhecimento actual do homem, a Prospectiva ou Futurologia que Maheu manipula com grande agilidade é, sem esquecer o presente confuso ou perturbante, e a resistência ou inércia oferecida par todas as forças contrárias ao progresso, a primeira aposta sobre o futuro com o objectiva de interpretar o mais recente passado; sem este ímpeto para a frente, os métodos ultrapassam-se a si próprios; estão antiquados, um dia antes de serem criados; a aceleração da desenvolvimento económico
( onde se verifica) imprime aos acontecimentos uma velocidade que vem ainda agravar a acumulação dos sinais que a pretendem traduzir, transmitir e organizar; na Prospectiva, arte e ciência em organização, se fixa agora a esperança dos espíritas mais ousados e responsáveis do nosso tempo.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no «Diário do Alentejo» (Beja) , na rubrica «Leituras de Acaso», em 20/8/1972
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