BOOK'S CAT

*** MAGIC LIBRARY - THE BOOKS OF MY LIFE - THE LIFE OF MY BOOKS *** BIBLIOTECA DO GATO - OS LIVROS DA MINHA VIDA - A VIDA DOS MEUS LIVROS

Wednesday, February 01, 2006

M. LARANJEIRA 92

92-02-03-ls> = leituras selectas - laranjei> [solta - «Largo - 1745 caracteres]

EVOCAÇÃO DE MANUEL LARANJEIRA - CONSCIÊNCIA DO PESSIMISMO NACIONAL

3-2-1992

[(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no «Diário do Alentejo», suplemento «Largo» , dirigido por Miguel Serrano, em data por determinar]

Representante do «pessimismo nacional», como ele próprio o designou, Manuel Laranjeira, médico, filósofo e escritor, morreu (suicidou-se) aos 35 anos, em 1912, praticamente inédito. Lentamente, sazonalmente, a edição recupera-o como um caso perdido e um precioso achado, através de três das suas colectâneas, textos reunidos e cremos que póstumos: «Diário», «Prosas Perdidas», «Cartas».
São estes dois últimos títulos que voltam agora em reedição Relógio d'Agua, para nos confrontar de novo com a estranheza deste meio estrangeirado no mundo e em qualquer pátria.
Laranjeira incarna a frustração pessoal de muitos ideais e mitos da civilização cristã ocidental (contra a qual geneticamente se encontrava incompatibilizado desde anteriores reencarnações) mas, curiosamente, e na perspectiva em que o tempo já o colocou, podemos ver hoje que ele reflecte também as mais profundas frustrações de um povo que, sem querer e sem saber, sintonizou.
Mas, tal como Laranjeira, também o povo português vive amarrado a esses fantasmas, sem compreender que a sua pátria está algures, no centro da sabedoria. Como o seu homólogo e contemporâneo de Salamanca, Miguel de Unamuno, logo bem notou, poucos homens há que «tenham juntado a uma inteligência tão clara e penetrante um sentimento tão profundo.
Nele, como em Antero, a cabeça e o coração travaram renhida batalha.»
Como Antero também está na moda, mercê de uma universidade açoriana que se revê separatisticamente no génio desse poeta, humanista e apóstolo, perdoando-lhe o tresloucado acto, temos com Laranjeira o dueto do «pessimismo nacional» que ajuda, como um espelho, ao diagnóstico e à radiografia do nosso destino colectivo.
----
(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no «Diário do Alentejo», suplemento «Largo» , dirigido por Miguel Serrano, em data por determinar
***

0 Comments:

<< Home