M. KUSHI 77
diagnóstico-1-eh>=ensaios de ecologia humana–o renascimento de hipócrates– toxicologia largada
O DIAGNÓSTICO ECOLÓGICO OU DIAGNÓSTICO PELO MEIO AMBIENTE(*)
24/12/1977 - Posto o princípio de que a maioria das doenças é provocada pelo Meio Ambiente, resulta daí que o processo de diagnóstico mais lógico e racional será o diagnóstico ecológico, o diagnóstico que procura inventariar, em cada caso ou doente, as causas dominantes susceptíveis de terem produzido ou desencadeado a doença.
Esse tipo de diagnóstico, totalmente ignorado pela medicina académica - talvez porque não o considere suficientemente rigoroso... - foi apontado por Michio Kushi (no III Seminário que realizou em Lisboa) entre mais de 75 processos diagnósticos conhecidos da Medicina Oriental, desde e Iridiologia à Fisiognomia, desde os Pulsos à Palmistria.
O diagnóstico ecológico ou diagnóstico pelo Meio Ambiente exige apenas atenção e capacidade de inventariar as causas. Não se poderá acusar de anticientífico um processo que procura a causa das causas: o que será então a medicina académica que só se ocupa dos efeitos e sintomas?...
O diagnóstico ecológico exige um quadro prévio onde se integrem, racionalmente, os dados recolhidos por inquérito exaustivo ao doente e sua história; não exige aparelhagem, exige inteligência do médico...; vive do diálogo entre médico e doente, pressupondo portanto uma medicina que não é, evidentemente, a medicina burocratizada, impessoal e desumanizada que se pratica, dentro ou fora dos quadros da (im) Previdência.
Neste diagnóstico ambiental ou ecológico trata-se, como se disse, de fazer « a história do doente» e de saber qual dos ambientes poderá ser o principal responsável pelo sintoma mais recente e que se torna mais sensível.
Uma leitura ecológica da doença é fundamental numa terapêutica causal: não esquecer que o sintoma revelado ou expresso não é a doença; não esquecer que esse sintoma pode até ser ilusório e não ser o mais importante ou grave; não esquecer que podem existir - sem que o doente se aperceba deles - outros sintomas e que, portanto, esse sintoma mais evidente deve ser lido apenas como sinal, como luz vermelha, nunca como prova definitiva de uma patologia determinada.
O mesmo se diga para as causas a deslindar. Regra geral, a medicina académica polariza em uma causa, ou em uma linha de causas, a origem da doença. Regra geral, responsabiliza pela doença um vírus, uma bactéria ou (na melhor das hipóteses) uma carência vitamínica.
Numa leitura ecológica da doença, a causa vai desde aquela que se designa de causa desencadeante a todas as que afinal precedem essa e preparam o terreno biológico para que a doença se instale.
Um diagnóstico ecológico, portanto, consiste num inquérito exaustivo às causas da doença, que são as relações do doente como seu meio ambiente.
Tomar consciência do ambiente tóxico que nos rodeia e das suas características patogénicas, não visa criar uma nova geração de complexados ambientomaníacos ou ambientófagos, sofrendo de intérmina obsessão à poluição.
A medicina conseguiu criar uma perfeita fobia ao micróbio, ao vírus, à bactéria e serve-se disso para desencadear, frequentemente, uma autêntica guerra de nervos contra as populações. Mas a medicina, visando campanhas de vacinação que envolvem fabulosos negócios químico-farmacêuticos, é a arte de condicionar mentalmente as massas e de as preparar para todo o tipo de alienação, inclusive a do medo à doença e a queda vertical na «fatalidade» da vacina. A medicina é a arte de assustar o povo.
Tomar consciência ecológica do ambiente em que vivemos (sic), porém, é apenas tomar consciência mais nítida, lúcida e profunda do que somos.
Inventariar os factores patogénicos do Ambiente não visa, portanto, alarmar multidões, nem convencê-las de que vivem rodeadas de perigos constantes e iminentes. A verdade é que vivem, mas a verdade também é que se trata, com uma consciência ecológica, de imunizar. minimamente as pessoas a todos esses perigos circundantes.
E alguns motivos há, bem concretos, sem nada de especulativo:
1-Tomar consciência do Ambiente, inventariando nele os factores patogénicos, tóxicos, agressivos ou alienantes, é um dos caminhos mais seguros para diagnosticar qualquer doença: se é verdade que a doença não cai do céu (como às vezes a teologia médica dá a entender...), nada melhor para descobrir a doença do que ir à procura das causas; e as causas estão, de certeza, no ambiente que rodeia o consumidor!
2 - Para as novas gerações, para os que tencionam ir chefiar a sociedade futura, um mínimo de consciência ecológica talvez não seja desaconselhável, para corrigir alguns disparates e anomalias que os urbanistas, arquitectos, engenheiros, médicos, técnicos agrários, etc., fabricarem através dos seus produtos algo surrealistas.
Diz-se que a vida moderna criou muito conforto na casa das pessoas.
À parte o evidente conforto que se verifica nos bairros da lata ou em partes de casa subalugadas, eu pergunto, por outro lado, que raio de conforto é esse, mesmo nas habitações da média e alta burguesia.
O ambiente doméstico que se conseguiu criar, é uma perfeita aberração, na perspectiva do habitat como nicho ecológico.
Tudo em casa é agressivo e patológico. Não fosse a resistência humana quase infinita, não fora a sua famosa capacidade de adaptação ao meio, não fora afinal a imunização natural que sempre existe desde que nascemos, e aquilo que se designa por habitação ou habitat seria um buraco muito menos seguro e confortável do que uma caverna...
Guardemo-nos, porém, de exageros e dos tais extremos alarmistas. Vamos tomar nota do ambiente doméstico nas suas características doentias, mas vamos fazê-lo para que, a pouco e pouco, se estimule as pessoas, e principalmente a geração mais nova, a construir um habitat menos perigoso, menos sofisticado, mais simples e segundo noções de conforto mais biologicamente correctas.
Há, principalmente, uma finalidade pedagógica nesta chamada de atenção para o quotidiano das nossas casas. A demagogia anti-poluição tem-se esforçado por distrair as atenções do comezinho quotidiano, procurando apenas que as novas gerações olhem os fumos negros, as águas barrentas ou espumantes de sabão e detergente, e todos aqueles espectáculos que dêem impressionante diapositivo a cores...
É função de uma consciência ecológica não demagógica desmistificar esse falso dramatismo das grandes poluições, chamando a atenção para os pequenos nadas da vida de todos os dias e para os aspectos subtis, menos sensoriamente evidentes mas, a maior parte das vezes, muito mais alienatórios e aviltantes.
O Reno, que fica algures na Europa; o Japão, que fica nos antípodas; o lago Erié que fica nos Estados Unidos, são talvez exemplos muito citados porque internacionalmente conhecidos e famosos. O imperialismo, afinal, compensa. Mas é obrigação do militante chamar a atenção de cada um para o dia a dia de cada um.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Gazeta do Sul»(Montijo), 24/12/1977
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O DIAGNÓSTICO ECOLÓGICO OU DIAGNÓSTICO PELO MEIO AMBIENTE(*)
24/12/1977 - Posto o princípio de que a maioria das doenças é provocada pelo Meio Ambiente, resulta daí que o processo de diagnóstico mais lógico e racional será o diagnóstico ecológico, o diagnóstico que procura inventariar, em cada caso ou doente, as causas dominantes susceptíveis de terem produzido ou desencadeado a doença.
Esse tipo de diagnóstico, totalmente ignorado pela medicina académica - talvez porque não o considere suficientemente rigoroso... - foi apontado por Michio Kushi (no III Seminário que realizou em Lisboa) entre mais de 75 processos diagnósticos conhecidos da Medicina Oriental, desde e Iridiologia à Fisiognomia, desde os Pulsos à Palmistria.
O diagnóstico ecológico ou diagnóstico pelo Meio Ambiente exige apenas atenção e capacidade de inventariar as causas. Não se poderá acusar de anticientífico um processo que procura a causa das causas: o que será então a medicina académica que só se ocupa dos efeitos e sintomas?...
O diagnóstico ecológico exige um quadro prévio onde se integrem, racionalmente, os dados recolhidos por inquérito exaustivo ao doente e sua história; não exige aparelhagem, exige inteligência do médico...; vive do diálogo entre médico e doente, pressupondo portanto uma medicina que não é, evidentemente, a medicina burocratizada, impessoal e desumanizada que se pratica, dentro ou fora dos quadros da (im) Previdência.
Neste diagnóstico ambiental ou ecológico trata-se, como se disse, de fazer « a história do doente» e de saber qual dos ambientes poderá ser o principal responsável pelo sintoma mais recente e que se torna mais sensível.
Uma leitura ecológica da doença é fundamental numa terapêutica causal: não esquecer que o sintoma revelado ou expresso não é a doença; não esquecer que esse sintoma pode até ser ilusório e não ser o mais importante ou grave; não esquecer que podem existir - sem que o doente se aperceba deles - outros sintomas e que, portanto, esse sintoma mais evidente deve ser lido apenas como sinal, como luz vermelha, nunca como prova definitiva de uma patologia determinada.
O mesmo se diga para as causas a deslindar. Regra geral, a medicina académica polariza em uma causa, ou em uma linha de causas, a origem da doença. Regra geral, responsabiliza pela doença um vírus, uma bactéria ou (na melhor das hipóteses) uma carência vitamínica.
Numa leitura ecológica da doença, a causa vai desde aquela que se designa de causa desencadeante a todas as que afinal precedem essa e preparam o terreno biológico para que a doença se instale.
Um diagnóstico ecológico, portanto, consiste num inquérito exaustivo às causas da doença, que são as relações do doente como seu meio ambiente.
Tomar consciência do ambiente tóxico que nos rodeia e das suas características patogénicas, não visa criar uma nova geração de complexados ambientomaníacos ou ambientófagos, sofrendo de intérmina obsessão à poluição.
A medicina conseguiu criar uma perfeita fobia ao micróbio, ao vírus, à bactéria e serve-se disso para desencadear, frequentemente, uma autêntica guerra de nervos contra as populações. Mas a medicina, visando campanhas de vacinação que envolvem fabulosos negócios químico-farmacêuticos, é a arte de condicionar mentalmente as massas e de as preparar para todo o tipo de alienação, inclusive a do medo à doença e a queda vertical na «fatalidade» da vacina. A medicina é a arte de assustar o povo.
Tomar consciência ecológica do ambiente em que vivemos (sic), porém, é apenas tomar consciência mais nítida, lúcida e profunda do que somos.
Inventariar os factores patogénicos do Ambiente não visa, portanto, alarmar multidões, nem convencê-las de que vivem rodeadas de perigos constantes e iminentes. A verdade é que vivem, mas a verdade também é que se trata, com uma consciência ecológica, de imunizar. minimamente as pessoas a todos esses perigos circundantes.
E alguns motivos há, bem concretos, sem nada de especulativo:
1-Tomar consciência do Ambiente, inventariando nele os factores patogénicos, tóxicos, agressivos ou alienantes, é um dos caminhos mais seguros para diagnosticar qualquer doença: se é verdade que a doença não cai do céu (como às vezes a teologia médica dá a entender...), nada melhor para descobrir a doença do que ir à procura das causas; e as causas estão, de certeza, no ambiente que rodeia o consumidor!
2 - Para as novas gerações, para os que tencionam ir chefiar a sociedade futura, um mínimo de consciência ecológica talvez não seja desaconselhável, para corrigir alguns disparates e anomalias que os urbanistas, arquitectos, engenheiros, médicos, técnicos agrários, etc., fabricarem através dos seus produtos algo surrealistas.
Diz-se que a vida moderna criou muito conforto na casa das pessoas.
À parte o evidente conforto que se verifica nos bairros da lata ou em partes de casa subalugadas, eu pergunto, por outro lado, que raio de conforto é esse, mesmo nas habitações da média e alta burguesia.
O ambiente doméstico que se conseguiu criar, é uma perfeita aberração, na perspectiva do habitat como nicho ecológico.
Tudo em casa é agressivo e patológico. Não fosse a resistência humana quase infinita, não fora a sua famosa capacidade de adaptação ao meio, não fora afinal a imunização natural que sempre existe desde que nascemos, e aquilo que se designa por habitação ou habitat seria um buraco muito menos seguro e confortável do que uma caverna...
Guardemo-nos, porém, de exageros e dos tais extremos alarmistas. Vamos tomar nota do ambiente doméstico nas suas características doentias, mas vamos fazê-lo para que, a pouco e pouco, se estimule as pessoas, e principalmente a geração mais nova, a construir um habitat menos perigoso, menos sofisticado, mais simples e segundo noções de conforto mais biologicamente correctas.
Há, principalmente, uma finalidade pedagógica nesta chamada de atenção para o quotidiano das nossas casas. A demagogia anti-poluição tem-se esforçado por distrair as atenções do comezinho quotidiano, procurando apenas que as novas gerações olhem os fumos negros, as águas barrentas ou espumantes de sabão e detergente, e todos aqueles espectáculos que dêem impressionante diapositivo a cores...
É função de uma consciência ecológica não demagógica desmistificar esse falso dramatismo das grandes poluições, chamando a atenção para os pequenos nadas da vida de todos os dias e para os aspectos subtis, menos sensoriamente evidentes mas, a maior parte das vezes, muito mais alienatórios e aviltantes.
O Reno, que fica algures na Europa; o Japão, que fica nos antípodas; o lago Erié que fica nos Estados Unidos, são talvez exemplos muito citados porque internacionalmente conhecidos e famosos. O imperialismo, afinal, compensa. Mas é obrigação do militante chamar a atenção de cada um para o dia a dia de cada um.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Gazeta do Sul»(Montijo), 24/12/1977
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