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Monday, January 02, 2006

BIRAUD 72

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TELEFONAR AOS EXTRATERRESTRES (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no diário «Notícias da Beira» (Moçambique), na rubrica do autor «Notícias do Futuro», em 4/1/1971 e no semanário « Mar Alto» (Aveiro) , na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 5/7/1972


Acaba de sair em França, nas edições Fayard»,(1) um livro que não será o único nem o primeiro sobre o assunto das «civilizações extra-terrestres», mas é, com certeza, um dos mais documentados e o mais actualizado. Coloca, pelo menos, o problema de maneira séria, tendo consciência das múltiplas limitações da matéria e do que se pode avançar (pouco e lentamente) em terreno tão incerto como o das galáxias dos vários universos.
É desde logo bom sintoma que um «Dossier das Civilizações Extra-Terrestres» - assim se intitula o livro - comece por historiar o processo Galileo, que Arthur Koestler considera, na sua famosa obra «Os Sonâmbulos», um dos episódios mais desastrosos da história das ideias. De facto, desastroso e nem só. O processo Galileo, segundo afirmam os dois autores do livro aqui comentado, «é e ficará a ser, segundo tudo indica, o símbolo da resistência do espírito humano (sic) às ideias novas, resistência particularmente feroz nos domínios onde a origem, o destino e a finali-dade da espécie humana estão directamente em causa».
(Nesta afirmação, haveria apenas a rectificar: não é o espírito humano que oferece oposição às ideias novas, mas os preconceitos incrustados no espírito humano e de que este é apenas a vítima parasitada).
Bom sintoma é que isto escrevam dois jovens especialistas de rádio-astronomia (um tem 30, o outro 35 anos), adjuntos ao observatório de Meudon e que participaram na colocação do maior radio-telescópio da Europa. Dentro do sistema, François Biraud e Jean--Claude Ribes, embora doutores em Ciências e ambos encarregados de pesquisas no C.N.R.S. (Biraud é professor efectivo de Física, Ribes, engenheiro), funcionam, com efeito, dentro da engrenagem mas, de certo modo, em oposição a ela. Não se trata propriamente de heréticos dentro da ortodoxia, de «out-siders» da ciência, de elementos à margem, nem seria previsível repetir-se com eles o processo Galileo, mas têm consciência da oposição que a ciência instituída coloca ao progresso intelectual, a todo o espírito inovador, a todo o acto de imaginação e de irreverência inventiva.
«Mas outros combates esperam os descendentes desses juízes» - dizem ainda os autores, referindo-se aos carrascos de Galileo - «desses homens que se sucedem, de geração em geração, para defender as posições adquiridas e combater as ideias mais ricas e mais novas que fazem eclodir o progresso da ciência»:
Sobre o tema do livro, os dois jovens cientistas são bem claros:
«O tempo, evidentemente, joga contra eles, pois estamos certos que virá o momento em que eles terão de admitir que a vida existe em outras partes além da terra e que a inteligência não é um produto exclusivamente reservado aos homens».
François Biraud e Jean-Claude Ribes aplicam-se, no longo destas suas 240 páginas, a fazer compreender a realidade astronómica e demonstram, de maneira incontestável, que o universo comporta uma multidão de astros semelhantes à Terra.
Estudam os fenómenos da vida e explicam porque a sua aparição sobre estes astros é inelutável e a sua evolução para a inteligência também.
Levando mais longe a sua demonstração, eles provam que existem certamente civilizações fundadas sobre a vida artificial, noção de vanguarda que repousa sobre as mais recentes descobertas.
Estudam também as possibilidades de contactos extra-terrestres num futuro previsível. E demonstram que estes contactos são não só possíveis mas que podem efectivar-se nos próximos 25 anos. Enfim, não hesitam em criticar a esclerose dos meios científicos franceses e fazem mesmo a apologia dos livros de ciência-ficção que abrem o espírito e obrigam a reflectir.
Apoiando-se nos dados mais recentes da ciência astronómica e radio-astronómica, François Biraud e Jean-Claude Ribes escrevem uma obra ao alcance de todos os leitores que se interessam por estas questões apaixonantes.
Apoiando-se em Iossif Shklovsy (por eles considerado «O Mestre»), em Fred Hoyle, em Ar-thur Clark, em Asimov e outros de idêntica craveira científica - mas que fazem também da imaginação o seu predilecto campo de pesquisadores - eles mostram também de que tais questões apaixonam igualmente os sorumbáticos homens de ciência.
Como sabem os que por ele se interessam, retomar o tema das «civilizações extra-terrestres» é retomar a polémica dos objectos voadores não identificados, mais conhecidos por discos voadores, polémica que só, por qualquer decisão oficial, parece ficar por vezes encerrada. Pôr, de vez em quando, uma pedra sobre o assunto e dá-lo por arrumado, não resolve, no entanto, nada.
Por isso os autores do presente «dossier», reabrem de novo a polémica e aos «extra-terrestres» dedicam o capítulo terceiro da obra, elucidando as seguintes alíneas:
O PROBLEMA DAS VISITAS MISTERIOSAS - A violação dos Terráqueos - Objectos voadores não identificados - Aterrissagens e aparições - Verdadeira e falsa ciência — Tentativas de explicação «racionais» - Fuga à guisa de conclusão.
O PROBLEMA DAS VIAGENS INTERPLANETÁRIAS - O tempo da marinha à vela - Viagens aceleradas: foguetões nucleares e motores iónicos - Luta contra o tempo: a hibernação do viajante - Que velocidades podemos esperar? - Para lá da Física clássica:infinitamente grande e infinitamente pequeno - Nos limites da ciência - A Migração para os outros sistemas.
O PROBLEMA DAS COMUNICAÇÕES RÁDIO - As ondas electromagnéticas - As ondas luminosas: lasers - As comunicações pela rádio - O esperanto cósmico - Comunicações a vinte anos luz.
OS CONTACTOS PARA AMANHÃ - Os soviéticos e o CTA 102 - A grande tentativa americana de 1960:o projecto OZMA - Crítica do projecto OZMA - As supercivilizações - À escuta das supercivilizações - Os pequenos homens verdes de Cambridge - Para um programa sistemático de investigações?
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(1) «Le Dossier des Civilisations extra-terrestres», François Biraud e Jean-Claude Ribes, Fayard, Paris, Outubro de 1970.
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no diário «Notícias da Beira» (Moçambique), na rubrica do autor «Notícias do Futuro», em 4/1/1971 e no semanário « Mar Alto» (Aveiro), na rubrica do autor «Temas de Amanhã», em 5/7/1972
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