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Monday, January 02, 2006

COLUCCI 80

80-01-05>gentil-1>–os dossiês do silêncio–diário de um consumidor de medicinas – inédito ac de 1980 – enviei rocha barbosa e noruette palma–datas ac

MAIS UMA VEZ:A MEDICINA QUE MATA CONTRA A MEDICINA QUE CURA
ORA MERDA!

5/1/1980 - Uma carta do Prof. António Gentil Martins, dirigida contra o jornalista Adelino Alves e publicada no jornal " O Dia", vem reabrir um dossiê que se supunha definitivamente encerrado.
Entre gentis salamaleques de parte a parte, agressor e agredido, doutor e jornalista, reaviva-se assim, na Imprensa Portuguesa, a polémica em torno da Medicina Natural e sua legitimidade ou eficácia, debate que seria sem dúvida desejável, se o retomassem em termos menos sediços e anacrónicos.
Escolher outra vez Indíveri Colucci como alvo da fúria alopática para bater a concorrência da medicina naturopática é que é francamente intempestivo e anacrónico, para não dizer pior.
Mas para lá de intempestiva a anacrónica, a intervenção do Prof.Gentil Martins, parece-me susceptível de procedimento judicial por parte do ofendido - Dr. Indíveri Colucci, - uma vez que vem a ser acusado, pela 13ª vez, de charlatanismo, um homem que, por doze vezes consecutivas, os tribunais competentes deste País absolveram em 12 processos por charlatanismo que a Ordem dos Médicos lhe instaurou.
Reincidir, publicamente, num acusação que os tribunais já provaram, 12 vezes, ser falsa, o que será ?
Amplo debate sobre medicinas ou mero caso de polícia?
Apontar a palavra charlatão para o Instituto Naturopático de Paço de Arcos - que a Ordem dos Médicos, inclusive, mandou ficar sob a cobertura de um médico fiel ao sistema - será mania (da perseguição) ou amnésia?
Arquivado definitivamente o processo 12 vezes tentado contra Colucci, ilibado este de qualquer culpa , demonstrado pelos tribunais de que não era charlatão - quem precisará afinal e agora de ser processado por calúnia e difamação?
Se não há moral, que haja ao menos lei e que, perante a lei, os cidadãos sejam tratados como iguais. De contrário, em que selva patagónica estaremos nós? Ou em que vilória do Faroeste?

CAÇA ÀS BRUXAS

Mas talvez esta tentativa de mandar inocentes para a fogueira, não esteja totalmente desligada do presente contexto político português. Aparecer um mês depois do 2 de Dezembro, o Dr. Ant6nio Gentil Martins, chefe máximo do Instituto Português de Oncologia, censurando um jornalista que escrevera um artigo sobre Colucci, tentando reavivar a "caça às bruxas" e atear de novo a fogueira contra a heterodoxia ou heresia médica - mas recorrendo pura e simplesmente ao insulto, à calúnia e à difamação, parece, no mínimo , pouco gentil.
A Medicina Natural e suas vitórias - face aos fracassos rotundos da Medicina Química (cujo único remédio é ... a Cirurgia) - não se derruba já com palavras (ou palavrões) de clínicos irritados, desbobinando aquela série de adjectivos que se tornaram clássicos entre os que, não tendo argumentos para manter a medicina dominante ou dirigente, só têm o caminho do insulto e da verborreia desmiolada.
Que isto tivesse acontecido, recentemente, a uma boa parte da classe jornalística (estou a lembrar-me dos artigo que Adelino Alves, por exemplo, escreveu contra Lurdes Pintasilgo ...) resta-nos resignação e muita paciência; mas com a superior classe dos cirurgiões, tão acima destas ninharias, acaba por não se compreender.
Resulta daqui, portanto, que mais uma vez não se desenha um debate democrático e pluralista em torno do sistema médico vigente, seus fracassos, seus abusos e suas alternativas para o doente que quer salvar a pele, mas uma conversa de regateiras, cada qual com palavrões mais altissonantes do que a outra para atirar à cara .
Em vez de um debate decente entre gente responsável, desenha-se, com esta "anacrónica" intervenção, apenas uma troca de insultos pouco edificante para as gentis personalidades que se envolvem na quesília e nos termos em que alguém teima em colocá-la pela 13ª vez...

DIREITO AO PLURALISMO MÉDICO

Antes de cair na tentação de fazer também conversa de regateira, antes de fulanizar o problema - que não tem nada de pessoal e é fundamentalmente um problema de radicais opções ecopolíticas - antes de tomar partido pró ou anti-Colucci, importa constatar o (baixo) nível a que de novo a questão ficou e quem a pôs nesse (baixíssimo) nível.
De resto, temos mais que fazer e o problema é de facto outro: o direito à descolonização do doente relativamente ao monopólio de um único sistema médico, o direito de cada um escolher a terapêutica que quiser, o direito de o doente se emancipar da dependência químico-medicamentosa, o direito de crítica relativamente à arbitrariedade de uma classe , que a pretexto de ciência e autoridade, espezinha todos os preceitos do seu próprio código deontológico, pratica coisas muito abaixo do charlatanismo e julga poder continuar impune até às calendas gregas – o direito do doente, enfim, não ser um objecto, um número, um consumidor de remédios, uma máquina, um rato ou um macaco ou uma cobaia nas mãos de uma Medicina autoritária, despótica, ditatorial, inscreve-se como uma conquista irreversível do povo na sua marcha democrática.
Ameaçar de novo com a moca, o tribunal, o enceramento das clínicas Naturopáticas, quem não pensa como nós e, principalmente, quem não consome a cirurgia e a medicina que eles e as multinacionais deles querem - alto aí e para o baile! - o 2 de Dezembro aí pretende ir longe e depressa demais.
Não se trata de estar hoje pró nem contra Colucci. É um dilema ridículo e não se trata disso. Nem se trata de fulanizar ou apontar casos pessoais disto e daquilo. É claro que há milhares de pessoas (dadas como incuráveis pela medicina e que foram para casa com ordens de morrer) ressuscitadas. Mas não é isso também que importa neste momento. Não se responde com argumentos a insultos e mocadas.
A explosão numérica de adeptos no campo das terapêuticas alternativas, atinge a ordem dos milhões. Ser contra ou pró Colucci, é dilema mais do que ultrapassado. E por isso já ninguém hoje teria a lata de vir contestar o que a prática confirmou até à exaustão.
Ter vindo alguém, porém, para lá de ser um caso de amnésia, de tribunal e de polícia pode ser também, quem sabe, um caso do foro psiquiátrico. Para o que, evidentemente, a melhor medicina ainda é o internamento precoce. Contra isso nada pode nem Colucci, nem a Medicina Natural, só uma boa camisa de forças.

MESMO ASSIM, FAZ MILAGRES

Não é a altura de inventariar casos pessoais. Mas se fosse o caso e tivesse que testemunhar o meu, digamos que já fui colucciano e posso ter, em relação a ele, a mesma atitude crítica, civilizada, racional que procuro ter em relação a outras alternativas ao terror e à histeria tecno-fascista.
Digamos, portanto, como testemunho pessoal, que já usei o método colucciano, com ele curei uma sinusite que a medicina sabichona e estúpida me manteve "crónica" até aos 35 anos, com ele solucionei problemas de saúde, mas com ele também - naturo-vegetarianismo - agravei uma antiga colite hereditária , pelos erros alimentares que dentro do método colucciano acabam por se praticar quase sem querer e sem saber
Foi esta crise, felizmente, que me atirou às lonas e, quando já tinha testamento feito e a mala aviada para ir até ao eterno descanso - vulgo, “fazer tijolo" -, quis a Divina Providência puxar-me outra vez à superficie e pôr-me a Macrobiótica no caminho.
A Macrobiótica que, evidentemente, contesta boa parte do método colucciano. Mas, por mais que o método do centenário naturopata, possa ser contestado e criticado à luz da Macrobiótica (e pode) , ele pode, relativamente a uma medicina impotente, fazer ainda verdadeiros milagres. E faz, e é isso que os da ordem não lhe perdoam.
À Macrobiótica devo a chatice de continuar vivo, não sei ainda se por dias, meses ou séculos.
À Macrobiótica deve o fastio de continuar a ser português, europeu ocidental e o nojo , o vómito e a fadiga de continuar a ouvir (ter que ouvir) não sei por quantos dias, meses ou anos, as gentis diatribes contra a medicina natural que cura, por parte dos gentis senhores da medicina que mata.
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