F. SCHUON 1990
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«COMPREENDER O ISLÃO»:APROXIMAÇÃO AO ESOTERISMO ISLÂMICO
[(***) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital» , «Leituras de Verão», 11-9-1990]
Para lá das manifestações esporádicas e na aparência contraditórias que, no palco da actualidade militar e política, surgem do mundo islâmico, há correntes menos conhecidas que atestam a sua unidade profunda. Pecando quase sempre por sectarismo religioso, roçando por vezes o fanatismo, também é verdade que o islão exotérico (com «x») pouco ou nada faz para mostrar o autêntico islão esotérico (com «s»), limitando-se quase sempre a exibições de força bruta que nada ajudam à coexistência pacífica entre culturas diversas e, muito menos, à mútua compreensão de diferentes civilizações.
Por outro lado, é conhecida a forma sistematicamente tendenciosa como são tratados, nos «media» ocidentais, os países e povos «árabes», desde que não alinhados com os EUA e Israel. Com fanatismos de ambos os lados, significa que estamos, regra geral, muito mal informados sobre o que por ali se passa.
É muito oportuno, portanto, o objectivo de «compreender o Islão», expresso no livro com o mesmo título de Frithjof Schuon(*), um tradicionalista que, depois de René Guénon e Julius Evola, tem sido na Europa um dos estudiosos mais atentos dos fenómenos culturais que escapam ao «monopólio ocidental». Atendendo mais ao que une e menos ao que separa as grandes religiões, inspirado - como bom tradicionalista - na unidade profunda que preside a todas elas, Frithjof Schuon tem dedicado vários livros a temas tão diversificados como a gnose, o xintoísmo, o budismo, o yoga e, de um modo geral, ao esoterismo como fundo comum de todas essas grandes correntes.
Como ele próprio diz nesta obra sobre o Islão, não quis dar «uma imagem do esoterismo muçulmano (Sufismo), como este, no seu desenvolvimento histórico, se vem a apresentar, mas sim trazê-lo de volta às suas posições mais elementares, relacionando-o com as próprias raízes do Islão.»
Para isso, o autor deteve-se «longamente, na análise dos pontos de contacto do Sufismo com outras perspectivas tradicionais e bem assim das estruturas daquilo que - à nossa volta e em nós mesmos - é ao mesmo tempo divinamente humano e humanamente divino.»
O livro «Compreender o Islão» procura facilitar o acesso do leitor ocidental- pouco familiarizado com o esoterismo em geral e o esoterismo islâmico em particular - aos quatro aspectos essenciais que são: a natureza e perspectiva muçulmana; a doutrina corânica e a função do Corão; o papel do Profeta; e, enfim, o Sufismo, enquanto expressão daquilo que é, no célebre paradoxo, «ao mesmo tempo divinamente humano e humanamente divino».
Justificando as «digressões» que efectua neste livro e que, «na aparência» parecem afastá-lo dos intuitos propostos, o autor explica: « a razão de ser das expressões ou das formas é a verdade, não o inverso. E a verdade é simultaneamente una e infinita».
Dentro deste espírito de unidade decorre, logica e naturalmente, a próxima obra de Schuon anunciada pelas Publicações Dom Quixote(**), em cujo título se expressa muito claramente essa que é a preocupação de todo o verdadeiro tradicionalista: « A Unidade Transcendente das Religiões».
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(*) «Compreender o Islão», Frithjof Schuon, Publicações Dom Quixote
(**) «Biblioteca de Esoterismo e Estudos Tradicionais», uma das melhores colecções que actualmente se publicam em Portugal
(***) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital» , «Leituras de Verão», 11-9-1990
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«COMPREENDER O ISLÃO»:APROXIMAÇÃO AO ESOTERISMO ISLÂMICO
[(***) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital» , «Leituras de Verão», 11-9-1990]
Para lá das manifestações esporádicas e na aparência contraditórias que, no palco da actualidade militar e política, surgem do mundo islâmico, há correntes menos conhecidas que atestam a sua unidade profunda. Pecando quase sempre por sectarismo religioso, roçando por vezes o fanatismo, também é verdade que o islão exotérico (com «x») pouco ou nada faz para mostrar o autêntico islão esotérico (com «s»), limitando-se quase sempre a exibições de força bruta que nada ajudam à coexistência pacífica entre culturas diversas e, muito menos, à mútua compreensão de diferentes civilizações.
Por outro lado, é conhecida a forma sistematicamente tendenciosa como são tratados, nos «media» ocidentais, os países e povos «árabes», desde que não alinhados com os EUA e Israel. Com fanatismos de ambos os lados, significa que estamos, regra geral, muito mal informados sobre o que por ali se passa.
É muito oportuno, portanto, o objectivo de «compreender o Islão», expresso no livro com o mesmo título de Frithjof Schuon(*), um tradicionalista que, depois de René Guénon e Julius Evola, tem sido na Europa um dos estudiosos mais atentos dos fenómenos culturais que escapam ao «monopólio ocidental». Atendendo mais ao que une e menos ao que separa as grandes religiões, inspirado - como bom tradicionalista - na unidade profunda que preside a todas elas, Frithjof Schuon tem dedicado vários livros a temas tão diversificados como a gnose, o xintoísmo, o budismo, o yoga e, de um modo geral, ao esoterismo como fundo comum de todas essas grandes correntes.
Como ele próprio diz nesta obra sobre o Islão, não quis dar «uma imagem do esoterismo muçulmano (Sufismo), como este, no seu desenvolvimento histórico, se vem a apresentar, mas sim trazê-lo de volta às suas posições mais elementares, relacionando-o com as próprias raízes do Islão.»
Para isso, o autor deteve-se «longamente, na análise dos pontos de contacto do Sufismo com outras perspectivas tradicionais e bem assim das estruturas daquilo que - à nossa volta e em nós mesmos - é ao mesmo tempo divinamente humano e humanamente divino.»
O livro «Compreender o Islão» procura facilitar o acesso do leitor ocidental- pouco familiarizado com o esoterismo em geral e o esoterismo islâmico em particular - aos quatro aspectos essenciais que são: a natureza e perspectiva muçulmana; a doutrina corânica e a função do Corão; o papel do Profeta; e, enfim, o Sufismo, enquanto expressão daquilo que é, no célebre paradoxo, «ao mesmo tempo divinamente humano e humanamente divino».
Justificando as «digressões» que efectua neste livro e que, «na aparência» parecem afastá-lo dos intuitos propostos, o autor explica: « a razão de ser das expressões ou das formas é a verdade, não o inverso. E a verdade é simultaneamente una e infinita».
Dentro deste espírito de unidade decorre, logica e naturalmente, a próxima obra de Schuon anunciada pelas Publicações Dom Quixote(**), em cujo título se expressa muito claramente essa que é a preocupação de todo o verdadeiro tradicionalista: « A Unidade Transcendente das Religiões».
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(*) «Compreender o Islão», Frithjof Schuon, Publicações Dom Quixote
(**) «Biblioteca de Esoterismo e Estudos Tradicionais», uma das melhores colecções que actualmente se publicam em Portugal
(***) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital» , «Leituras de Verão», 11-9-1990
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