STANISLAW LEM 92
1-3 - 92-07-10-ls-nc> na calha para o gato das letras - em-ls-gl>
10-07-1992
UM CRAQUE DA FICÇÃO MUNDIAL - A «GUERRA LIMPA» DE STANISLAW LEM
O maior dos pequenos livros ultimamente editados entre nós, ou o mais pequeno dos maiores, poderia ser o «slogan» para celebrar o novo título aparecido na famosa colecção de capa negra, B, mantida pela Estampa há vários anos. O polaco Stanislaw Lem apresenta-se na sua melhor forma, com esta «Biblioteca do Século XXI»(*), livro que, denso como um ovo, elimina de um trago muita literatura inútil e premiada, ao mesmo tempo que repõe a dignidade da ficção como técnica de conhecimento para lá dos limites do racional.
De repente, apenas com 156 páginas formato mini-bolso, temos consumado o processo da tenebrosa sociedade industrial, sem alibis que a defendam e justifiquem, totalmente a claro o fundo totalitário da tecnocracia, a violência intrínseca da tecnologia de ponta que, nascida da guerra e com ela aperfeiçoada, a ela retorna, para se autoreproduzir.
Ter-se servido da ficção científica para desmontar todo o abominável da sociedade industrial, é com certeza um dos motivos que fazem de Stanislaw Lem um autor de primeira fila entre os escritores de todos os tempos. Mas outros motivos há, como por exemplo a sua arte danada para condenar, de uma penada, ambos os termos do género -- «science fiction» -- em que teimam em catalogá-lo. De uma cajadada, mata ele dois coelhos: a ficção romanesca tal como a conhecemos, alfobre de intrigas (palacianas e/ou burguesas) para queimar tempo, e a ciência, na sua estrutural abjecção, mãe de todas as abjecções.
Não será este trabalho depurador de lixo o único mérito de Stanislaw Lem mas é, com certeza, um dos motivos que leva a preferi-lo por quem sabe que não tem tempo a perder com jogos de computador iguais a jogos de guerra. Depois de Hitler, o maior ecologista do nosso século pela limpesa geral a que procedeu, Stanislaw Lem enfileira entre os defensores do ambiente mais dotados e proveitosos. Ao inventariar a porcaria do nosso século -- inventário que constitui a matéria da tal «biblioteca do século XXI» a que se refere o título da obra --, ao realizar o que nenhum banco de dados teve a coragem ainda de fazer (meter a abjecção em computador), o autor realiza uma das operações mais vastas de higiene e profilaxia que já foram efectuadas. É a chamada «guerra limpa». Juntamente com o filme de Oshima «O Império dos Sentidos», mais o Pasolini de «As 120 Jornadas de Sodoma», era este o livro propedêutico que eu recomendava para prova geral de acesso às escolas. Infantes de todas as idades, incluindo políticos, devem lê-lo até à última das suas sóbrias 156 páginas, formato mini-bolso, como o breviário de todas as glórias a que aspiram. Livro pai de todos os livros, ou seja, a bíblia do apocalipse, «Biblioteca do século XXI» põe o dedo na ferida, ao ficcionar a informação inflacionária de um mundo que tem, no bombardeamento de dados (e mensagens mediáticas) o contraponto lógico e ecológico dos bombardeamentos sobre o Iraque, para salvar a civilização ocidental, ou qualquer outro eventual alvo dos que serão sempre necessários para gastar munições.
O congestionamento
Pergunta-se como consegue Stanislaw Lem, ao mesmo tempo, não nos nausear com tantos milhões de cadáveres e distanciar-nos o suficiente deles para sabermos quem os fabrica? Pelo processo clássico de todos os verdadeiros modernistas, podia ser a resposta: usando o Humor como categoria vectorial do Espírito e não levando jamais a sério nenhuma das solenes anedotas da «racionalidade» económica que nos rege. Pelo Humor, ele pulveriza também os cânones da ficção que mandam entrar a marquesa X, às cinco horas e meia, no fiacre que a conduzirá a casa de madame Y, tudo isto em, pelo menos, duas páginas de suculenta e barroca prosa. O truque manipulatório da ficção que enche não só os horários da televisão como a maior parte da torrente editorial que nos alimenta, é aqui, por omissão, tornado apenas um personagem de ficção irrisório. Aliás, com a perspectiva de escala -- a que os surrealistas, para facilitar, chamaram Humor, timbre da modernidade -- tudo faz de conta e o que conta é apenas o essencial: quer dizer, o que nunca foi nem será dito.
Lem serve-se da ficção para amortecer o choque das suas teses polémicas e chega a confessá-lo, com certa ingenuidade.
Não estamos, evidentemente, perante um autor de massas, nem sequer de élites, candidato a «best-seller», ou eventual premiado de um júri com maioria aritmética da APE. Lem é do contra, radical e definitivamente do contra, anda cá, na literatura e na vida, por acaso. Leu tudo o que a ciência deste tempo e mundo lhe deu para ler e desse cisco, desse lixo, devolve-nos o «flash» rápido que, à beira do abismo, nos permite ver em que abismo estamos à beira. O maior perigo deste perigoso iconoclasta vem do possível encorajamento que ele vai dar, que ele tem dado, a todos os autores «out-siders» que, por esse mundo, meteram as teses loucas na gaveta e desistiram de pensar, de escrever, de publicar.
Um «craque» da ficção científica
O que faz a diferença, como diz a publicidade, entre o escritor polaco e a divulgação científica corrente, ficará bem ilustrado se compararmos a forma como ele trata certos temas nestas narrativas e a forma como os mesmos são tratados (ou omitidos) em autores da moda como Carl Sagan (nas especulações de astronomia) ou Alvin Toffler (no capítulo dos computadores). O que faz a diferença é uma visão crítica por parte do escritor europeu face ao «beatismo» que transpira em todas as letras de Sagan (a vedeta) ou de Alvin Toffler, o advogado da terceira vaga.
Considerado por alguns analistas um dos maiores nomes da actual ficção científica, raramente ou nunca ele aparece em antologias e colecções portuguesas da especialidade. Com a honrosa e única excepção da «Caminho de Bolso», onde há quatro títulos(**) de Stanislaw Lem, um deles, -- número 1 da colecção, «Memórias Encontradas numa Banheira» -- dificílimo de encontrar. Os peritos em «sf» parece não engraçarem lá muito com ele e mesmo a colecção mais atenta ao fantástico de qualidade -- o «livro B», da Estampa -- só agora de lembra de Lem, ao atingir o número 53 e já depois de ter lançado alguns dos maiores nomes do fantástico, Vian, Bierce, Lovecraft, Allais, Lagerloff, Henry James, Nerval, Borges, etc. Mas não perdeu pela demora: com «A Biblioteca do século XXI», denso que nem um ovo, podemos agora respirar a atmosfera sem ozono de Lem na melhor das companhias, planeta perfeitamente indicado num sistema solar de grandes estrelas.
A perspectiva de escala
Queiram ou não os puristas da «sf», há uma tese deliberada nas narrativas de Stanislaw Lem, que se poderia resumir assim: uma desmontagem ao modelo logarítmico do crescimento, mas uma desmontagem de tal modo global e simultaneamente pormenorizada, como se fosse feita ao telescópio de outro planeta, que se torna irrespondível por qualquer das sofísticas adrede preparadas, por onde e com as quais o sistema reinante se costuma escapar.
Levando às últimas consequências -- pelo truque da antecipação -- o absurdo da racionalidade científica, tecnológica e económica, inutiliza esse absurdo no plano teórico e, portanto, abre campo à construção inevitável de uma outra racionalidade. Se, à luz do simples bom senso ou mesmo do senso comum, é impossível ao modelo de crescimento continuar crescendo até ao infinito, basta ao escritor evidenciar as contradições que essa contradição inicial gera, para se ter um espectáculo verdadeiramente «fantástico».
Fictícia ou não, fantástica ou não, a tese de Stanislaw Lem (e seu segredo de Polichinelo) obriga-nos a alterar a óptica com que lemos os factos noticiados pelos «mass media». À luz deste seu ponto de vista -- com posto de observação em Marte -- a versão que temos e nos foi dada pelo sistema mediático mundial da última guerra do Golfo, por exemplo, é no mínimo irrisória. Quando vemos por dentro, com a ajuda de Lem, como funciona o sistema e que nada foi deixado ao acaso, o suspense vivido pelos 41 dias de guerra surge como uma descomunal montagem de teatro e nunca a expressão «palco de guerra» foi tão adequada. Tal como chegou a ser dito durante a Guerra do Golfo -- mas logo calado -- e tal como este «observador de Marte» nos adverte, o napalm caiu sobre o Iraque, enquanto o maior ênfase dos «media» era dado ao eventual ataque químico sobre Israel que, afinal, o Iraque não chegou a consumar...
O estratagema mostra-se eficaz: levando às últimas consequências a lógica interna do absurdo sistema do crescimento ilimitado e mostrando que o resultado só pode ser a sua autodestruição, o quadro de horror e terror liofilizado (científico-cirúrgico) mostrado por Lem demonstra que a alegada racionalidade científica e tecnológica é, no médio e no longo prazo, a pura expressão do irracional. Quer dizer: do absurdo. E demonstra-o também «cirurgicamente», com anestesia, servindo-se das armas do inimigo.
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(*)«Biblioteca do Século XXI -- Novelas Fantásticas», Stanislaw Lem, Col. Livro B, Editorial Estampa
(**) «Memórias Encontradas numa Banheira», «Congresso Futurológico», «Viagens de Ijon Tichy» e «A Máscara», números 1, 31, 45 e 113 da Colecção «Caminho-Ficção Científica», Editorial Caminho
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10-07-1992
UM CRAQUE DA FICÇÃO MUNDIAL - A «GUERRA LIMPA» DE STANISLAW LEM
O maior dos pequenos livros ultimamente editados entre nós, ou o mais pequeno dos maiores, poderia ser o «slogan» para celebrar o novo título aparecido na famosa colecção de capa negra, B, mantida pela Estampa há vários anos. O polaco Stanislaw Lem apresenta-se na sua melhor forma, com esta «Biblioteca do Século XXI»(*), livro que, denso como um ovo, elimina de um trago muita literatura inútil e premiada, ao mesmo tempo que repõe a dignidade da ficção como técnica de conhecimento para lá dos limites do racional.
De repente, apenas com 156 páginas formato mini-bolso, temos consumado o processo da tenebrosa sociedade industrial, sem alibis que a defendam e justifiquem, totalmente a claro o fundo totalitário da tecnocracia, a violência intrínseca da tecnologia de ponta que, nascida da guerra e com ela aperfeiçoada, a ela retorna, para se autoreproduzir.
Ter-se servido da ficção científica para desmontar todo o abominável da sociedade industrial, é com certeza um dos motivos que fazem de Stanislaw Lem um autor de primeira fila entre os escritores de todos os tempos. Mas outros motivos há, como por exemplo a sua arte danada para condenar, de uma penada, ambos os termos do género -- «science fiction» -- em que teimam em catalogá-lo. De uma cajadada, mata ele dois coelhos: a ficção romanesca tal como a conhecemos, alfobre de intrigas (palacianas e/ou burguesas) para queimar tempo, e a ciência, na sua estrutural abjecção, mãe de todas as abjecções.
Não será este trabalho depurador de lixo o único mérito de Stanislaw Lem mas é, com certeza, um dos motivos que leva a preferi-lo por quem sabe que não tem tempo a perder com jogos de computador iguais a jogos de guerra. Depois de Hitler, o maior ecologista do nosso século pela limpesa geral a que procedeu, Stanislaw Lem enfileira entre os defensores do ambiente mais dotados e proveitosos. Ao inventariar a porcaria do nosso século -- inventário que constitui a matéria da tal «biblioteca do século XXI» a que se refere o título da obra --, ao realizar o que nenhum banco de dados teve a coragem ainda de fazer (meter a abjecção em computador), o autor realiza uma das operações mais vastas de higiene e profilaxia que já foram efectuadas. É a chamada «guerra limpa». Juntamente com o filme de Oshima «O Império dos Sentidos», mais o Pasolini de «As 120 Jornadas de Sodoma», era este o livro propedêutico que eu recomendava para prova geral de acesso às escolas. Infantes de todas as idades, incluindo políticos, devem lê-lo até à última das suas sóbrias 156 páginas, formato mini-bolso, como o breviário de todas as glórias a que aspiram. Livro pai de todos os livros, ou seja, a bíblia do apocalipse, «Biblioteca do século XXI» põe o dedo na ferida, ao ficcionar a informação inflacionária de um mundo que tem, no bombardeamento de dados (e mensagens mediáticas) o contraponto lógico e ecológico dos bombardeamentos sobre o Iraque, para salvar a civilização ocidental, ou qualquer outro eventual alvo dos que serão sempre necessários para gastar munições.
O congestionamento
Pergunta-se como consegue Stanislaw Lem, ao mesmo tempo, não nos nausear com tantos milhões de cadáveres e distanciar-nos o suficiente deles para sabermos quem os fabrica? Pelo processo clássico de todos os verdadeiros modernistas, podia ser a resposta: usando o Humor como categoria vectorial do Espírito e não levando jamais a sério nenhuma das solenes anedotas da «racionalidade» económica que nos rege. Pelo Humor, ele pulveriza também os cânones da ficção que mandam entrar a marquesa X, às cinco horas e meia, no fiacre que a conduzirá a casa de madame Y, tudo isto em, pelo menos, duas páginas de suculenta e barroca prosa. O truque manipulatório da ficção que enche não só os horários da televisão como a maior parte da torrente editorial que nos alimenta, é aqui, por omissão, tornado apenas um personagem de ficção irrisório. Aliás, com a perspectiva de escala -- a que os surrealistas, para facilitar, chamaram Humor, timbre da modernidade -- tudo faz de conta e o que conta é apenas o essencial: quer dizer, o que nunca foi nem será dito.
Lem serve-se da ficção para amortecer o choque das suas teses polémicas e chega a confessá-lo, com certa ingenuidade.
Não estamos, evidentemente, perante um autor de massas, nem sequer de élites, candidato a «best-seller», ou eventual premiado de um júri com maioria aritmética da APE. Lem é do contra, radical e definitivamente do contra, anda cá, na literatura e na vida, por acaso. Leu tudo o que a ciência deste tempo e mundo lhe deu para ler e desse cisco, desse lixo, devolve-nos o «flash» rápido que, à beira do abismo, nos permite ver em que abismo estamos à beira. O maior perigo deste perigoso iconoclasta vem do possível encorajamento que ele vai dar, que ele tem dado, a todos os autores «out-siders» que, por esse mundo, meteram as teses loucas na gaveta e desistiram de pensar, de escrever, de publicar.
Um «craque» da ficção científica
O que faz a diferença, como diz a publicidade, entre o escritor polaco e a divulgação científica corrente, ficará bem ilustrado se compararmos a forma como ele trata certos temas nestas narrativas e a forma como os mesmos são tratados (ou omitidos) em autores da moda como Carl Sagan (nas especulações de astronomia) ou Alvin Toffler (no capítulo dos computadores). O que faz a diferença é uma visão crítica por parte do escritor europeu face ao «beatismo» que transpira em todas as letras de Sagan (a vedeta) ou de Alvin Toffler, o advogado da terceira vaga.
Considerado por alguns analistas um dos maiores nomes da actual ficção científica, raramente ou nunca ele aparece em antologias e colecções portuguesas da especialidade. Com a honrosa e única excepção da «Caminho de Bolso», onde há quatro títulos(**) de Stanislaw Lem, um deles, -- número 1 da colecção, «Memórias Encontradas numa Banheira» -- dificílimo de encontrar. Os peritos em «sf» parece não engraçarem lá muito com ele e mesmo a colecção mais atenta ao fantástico de qualidade -- o «livro B», da Estampa -- só agora de lembra de Lem, ao atingir o número 53 e já depois de ter lançado alguns dos maiores nomes do fantástico, Vian, Bierce, Lovecraft, Allais, Lagerloff, Henry James, Nerval, Borges, etc. Mas não perdeu pela demora: com «A Biblioteca do século XXI», denso que nem um ovo, podemos agora respirar a atmosfera sem ozono de Lem na melhor das companhias, planeta perfeitamente indicado num sistema solar de grandes estrelas.
A perspectiva de escala
Queiram ou não os puristas da «sf», há uma tese deliberada nas narrativas de Stanislaw Lem, que se poderia resumir assim: uma desmontagem ao modelo logarítmico do crescimento, mas uma desmontagem de tal modo global e simultaneamente pormenorizada, como se fosse feita ao telescópio de outro planeta, que se torna irrespondível por qualquer das sofísticas adrede preparadas, por onde e com as quais o sistema reinante se costuma escapar.
Levando às últimas consequências -- pelo truque da antecipação -- o absurdo da racionalidade científica, tecnológica e económica, inutiliza esse absurdo no plano teórico e, portanto, abre campo à construção inevitável de uma outra racionalidade. Se, à luz do simples bom senso ou mesmo do senso comum, é impossível ao modelo de crescimento continuar crescendo até ao infinito, basta ao escritor evidenciar as contradições que essa contradição inicial gera, para se ter um espectáculo verdadeiramente «fantástico».
Fictícia ou não, fantástica ou não, a tese de Stanislaw Lem (e seu segredo de Polichinelo) obriga-nos a alterar a óptica com que lemos os factos noticiados pelos «mass media». À luz deste seu ponto de vista -- com posto de observação em Marte -- a versão que temos e nos foi dada pelo sistema mediático mundial da última guerra do Golfo, por exemplo, é no mínimo irrisória. Quando vemos por dentro, com a ajuda de Lem, como funciona o sistema e que nada foi deixado ao acaso, o suspense vivido pelos 41 dias de guerra surge como uma descomunal montagem de teatro e nunca a expressão «palco de guerra» foi tão adequada. Tal como chegou a ser dito durante a Guerra do Golfo -- mas logo calado -- e tal como este «observador de Marte» nos adverte, o napalm caiu sobre o Iraque, enquanto o maior ênfase dos «media» era dado ao eventual ataque químico sobre Israel que, afinal, o Iraque não chegou a consumar...
O estratagema mostra-se eficaz: levando às últimas consequências a lógica interna do absurdo sistema do crescimento ilimitado e mostrando que o resultado só pode ser a sua autodestruição, o quadro de horror e terror liofilizado (científico-cirúrgico) mostrado por Lem demonstra que a alegada racionalidade científica e tecnológica é, no médio e no longo prazo, a pura expressão do irracional. Quer dizer: do absurdo. E demonstra-o também «cirurgicamente», com anestesia, servindo-se das armas do inimigo.
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(*)«Biblioteca do Século XXI -- Novelas Fantásticas», Stanislaw Lem, Col. Livro B, Editorial Estampa
(**) «Memórias Encontradas numa Banheira», «Congresso Futurológico», «Viagens de Ijon Tichy» e «A Máscara», números 1, 31, 45 e 113 da Colecção «Caminho-Ficção Científica», Editorial Caminho
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