BOOK'S CAT

*** MAGIC LIBRARY - THE BOOKS OF MY LIFE - THE LIFE OF MY BOOKS *** BIBLIOTECA DO GATO - OS LIVROS DA MINHA VIDA - A VIDA DOS MEUS LIVROS

Saturday, January 14, 2006

S. HAWKING 89

89-01-15-dl>=diário de um leitor superficial

SE DEUS MORREU

15/1/1989 - A existência ou não existência de Deus não seria talvez tão importante se, desde Dostoiewsky, não estivesse provado que "a morte de Deus arrasta a morte do homem".
E, assim sendo, talvez e questão de Deus deixe de ser tão académica como parecia, para se tornar apenas a questão do homem - uma questão pouco metafísica e totalmente política, portanto.
Porque o autor é hemiplégico (Stephen Hawking) , ou porque tem umas barbas brancas de patriarca e avôzinho (Herbert Reeves), o moderno marketing editorial tem encontrado maneiras muito hábeis (marketing é marketing) de tornar best-sellers livros científicos que os próprios autores confessam não perceber, como aconteceu com Stephen Hawking e o seu best-seller " Breve História do Tempo". Ninguém percebe o livro, os leitores também não, mas no entanto é best-seller.
Em entrevista à "Der Spiegel", o cientista Stephen Hawking declara
" Para mim, o homem deve-se comparar mais a um computador. Ele é certamente mais complicado do que os computadores que temos hoje. Não penso, porém, que alguém se lembre de dizer que um computador possui uma alma imortal."
Como não fazer desta "filosofia" um best-seller?
Vivendo o marketing editorial do homem que vai matando (alienando), ele entroniza , antes de mais e acima de tudo, a ideologia, o discurso que prepara terreno a essa alienação.
O marketing encontrará assim maneira de fazer um best-seller de um livro e de um autor que diz coisas tão proveitosas para proveito e lucro do sistema como aquelas que diz (acima) Hawking.
O marketing encontrou maneira de transformar Darwin, Pavlov, Marx, Skinner, Konrad Lorenz, Pasteur, Malthus em "construtores do mundo moderno", em best-sellers do lucro moderno, pois todos eles têm em comum, na aparente diversidade material das suas teses, um proveitoso subentendido formal: o homem é uma coisa, um objecto, um animal ou uma máquina. Filho da puta e não filho de Deus.
As leis do marketing não são as leis do universo, mas têm tido artes de aproveitar estas para fazer crescer as vendas.
Homem alienado, a quanto obrigas!
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Friday, January 13, 2006

H. MC COY 89

89-01-14-dl>=diário de um leitor pretensioso–inédito ac de 1989

À PROCURA DA BIBLIOTECA ESSENCIAL

14/1/1989 - Não é a "biblioteca ideal" o que gostaria de apontar, mas talvez a "biblioteca essencial", começando por definir o que entendo, em livros, por essencial.
Iria, por exemplo, indicar aqueles livros que permaneceram mais tempo e maior número de vezes como pontos de referência nas mais variadas circunstâncias da minha vida.
Chamaria a isto, em sentido muito pessoal, informação que esses livros me deixaram.
A peça de Ionesco "Comment s'en débarrasser", por exemplo, ocorre-me regularmente à memória, quando procuro exprimir algo que escapa à comunicação mas que está na base de um número infinito de situações importantes da vida.
Penso que um livro é importante e tanto mais permanente - essencial - quanto mais vezes o seu sentido global, ou mesmo simbólico, mais vezes nos ocorre, definindo as coisas mais indefiníveis e que, segundo julgo, são sempre as mais importantes, as que escapam a uma racionalização que é sempre uma esquematização.
O que é imediatamente traduzível pelo discurso comum, ou pelo discurso dito científico, através de uma qualquer nomenclatura técnica sectorial, deixa de ter importância permanente ou só a tem um tempo relativamente curto.
Peças eminentemente simbólicas como a de Ionesco definem o indefinível pelo discurso racional , no caso concreto a Engrenagem chamada Civilização tal como a engendrámos e cujas leis de funcionamento ainda não percebemos.
O carácter "simbólico" é critério para tornar um livro indispensável, permanente, intemporal ou absolutamente essencial. A "biblioteca ideal", no meu entender, deveria ser a dos livros que conseguiram símbolos mais universais e permanentes da condição humana.
Neste sentido, os livros de Balzac, Zola ou Eça de Queirós teriam um interesse reduzido ou mesmo nulo: toda a literatura que abandonou o símbolo deixou de falar da condição humana, para se fazer uma crónica efémera de agitações micro-individuais ou micro-sociais.
Um livro literariamente pouco relevante pode ter, neste contexto, uma informação simbólica relevante - e por isso fica, ocorre-nos frequentemente ao longo da vida, temos nele um paradigma de estruturas essenciais do funcionamento desta engrenagem.
É o caso, por exemplo, de "Os Cavalos Também se Abatem", de Horace Mc Coy, tema permanente e ponto eterno de referência: ele traduz de maneira simbólica (universal no espaço e intemporal no tempo) uma das constantes da mesma engrenagem ou civilização
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C. DE BRITO 57

57-01-15-ls>=leituras selectas-casimiro-1-ls>leituras do ac

UM LIVRO DE 20 ANOS:POEMAS DA SOLIDÃO IMPERFEITA, DE CASIMIRO DE BRITO(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com as iniciais A.C. no quinzenário de Moura «A Planície», 15-1-1957

14-1-1957

Cada vez que um poeta fala de solidão, é porque quer falar de esperança. Casimiro de Brito chama imperfeita à sua solidão e explica: porque sou teu / e tu és minha / Poesia.
Nela encontra a companhia real e nela biografa não apenas um caso pessoal mas a biografia do homem - «a sua biografia miserável e prodigiosa» (Fidelino de Figueiredo).
Biografia Negra, I parte destas poesias, termina com uma adversativa: Todavia.
Todavia, apesar de negra, a biografia do homem vale a pena ser contada e cantada. Pelo canto se reencontra o homem perdido, perdido de si e perdido dos outros.
A poesia é uma sagrada comunhão.
Tema obrigatório de todos os poetas, jovens como estes vinte anos admiráveis de Casimiro de Brito, a solidão encontra sempre motivo para se povoar, ainda que seja de si própria. O monólogo já é diálogo. A poesia lírica já é dramática, quando canta ou chora a solidão. O poeta acusa uma sociedade de que foi segregado, não sabe porquê mas talvez saiba como. E acredita na Ilha Verde, terceira parte deste livro, e última, visto que Correio para o Brasil é apenas um apêndice circunstancial que o autor quis juntar à unidade quase perfeita da sua solidão imperfeita.

O Homem ergueu-se da terra e sentiu que na terra / não havia lugar para ele.
A biografia não é só, portanto, a do poeta individual, é a do poeta que se canta na «estrada livre», de Whitman, poeta este que, por duas vezes, Casimiro de Brito escolhe para epigrafar as suas composições.
É esta dimensão que excede a da mera queixa lírica e ilumina o livro de um sol de esperança...aparentemente contrariada a começar, equivocamente, na cor da capa e no título da primeira parte: ambos negros...
É que as trevas são condição da luz. Ainda que mais nada restasse para acompanhar o homem, n corredor infinito e negro da história, as palavras acompanham-no e é pelo ritmo encantatório das palavras que Casimiro de Brito parece, por vezes, deixar-se levar, como se o guiassem no centro de um tenebroso labirinto.
Mas quando as palavras o conduzem, inverte-se a hierarquia poética, em que o vate deve ser possuidor e não possuído, dono e não servo. Eis o único mal que teríamos a apontar a esta estreia de 20 anos, vinte anos, cuja juventude e cujo ardor são não só motiva constante da minha admiração e afecto, como a prova de que a solidão encontra sempre motivos de se anestesiar, ainda que seja através de recursos drásticos como é o turbilhão absorvente deste jovem lutador das letras.
Casimiro pode falar da esperança. Parafraseando Raul de Carvalho, Casimiro de Brito poderia escrever: «Quando falo de esperança, sei o que digo». Talvez por isso há banalidades e deslizes neste livro, salvos, contudo, por uma febre e um fogo, um «sangue e fogo abraçados». Sempre que se autobiografa ou fala de si, sentimos que é uma voz preparada para cantar o homem velho e que espera o homem novo.
Contornar a linha sinuosa e por vezes oculta de uma poesia, é limitá-la. Não corre esta esse perigo, porque o tema central é diminuto (este que apontámos) e o maior volume é de palavras, cujo emprego por vezes imoderado prejudica a visão do essencial.
É próprio dos vinte anos não saber omitir, rasgar ou riscar a tempo. Não saber ou não querer. E a verdade é que preferimos palavras a mais do que a menos. É bom sinal um primeiro livro com o seu quê de retórico. Tem algo de rio selvagem que vem do fundo dos séculos e que ainda se não acostumou à urbanização terrestre.
Saudemos com simpatia, um livro onde a inquietação se alia ao melhor espírito de juventude e independência. È esta, para o Casimiro, a prenda de anos que posso e sei dar-lhe.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com as iniciais A.C. no quinzenário de Moura «A Planície», 15-1-1957
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C.DE S.GERMAIN 70

97-01-01-ls>=leituras selectas-apdn-5>leituras de estudo–tese póstuma–guião de leitura-incursões no maravilhoso mundo vibratório

TIQUES DO CHAMADO ESOTERISMO NUM LIVRO IMPLACÁVEL (*)

(*)«O Enigmático Conde de S. Germain», Pierre Ceria e François Ethuin, Ed. Minerva - Lisboa, 1970

A questão das memórias tem um papel central em Noologia - pois é a palavra ao alcance da mão para designar o mais largo espectro de informações (energias) desde as mais remotas às mais recentes.

Lisboa, 14/1/1997 - O uso da letra em vez do espírito tem manifestações caricatas nos discursos que enchem os livros de literatura dita esotérica e/ ou ocultista.
No campo da pseudo-Magia ( com os círculos mágicos, por exemplo) ou no campo da pseudo-Iniciação - 2 exemplos retirados do mesmo livro (*) , essa espantosa porcaria que se chama «O Enigmático Conde de S. Germain» - ilustram bem até que ponto uma das doze ciências sagradas (a Magia) e a própria démarche iniciática (eixo estrutural de todas elas) sofreram um processo de decadência e perversão inimagináveis.
(Páginas 42 a 45)

A pseudo-lenda de Saint-Germain, que esse livro pretende relatar é, aliás, outro bom exemplo dos tratos de polé que a noção de Eternidade sofreu e a que extremos de ridículo se pode levar a ilusão reencarnacionista deste senhor conde que - diz e lenda e o livro repete - aprendeu a fabricar ouro e ainda hoje deve estar nos EUA, a gozar dos rendimentos.
Tudo isto associando sempre a figura do ilustre Conde à respeitável Ordem Rosa Cruz -com suas lojas e seus rituais, outro dos tiques a que temos de nos tornar mais ou menos insensíveis, porque há sempre um Adepto, com ar de Mestre, que nos vem prégar o que a sua (dele)Ordem dita e ordena.
Carma (fatalismo sado-masoquista que nunca falta em livros ditos esotéricos), Obediência, Autoridade, Prestígio do Mestre e Segredo interno da Ordem - são outros tantos ingredientes desta forma tão peculiar de impostura que hoje algumas ordens ditas iniciáticas assumem.
Se atingem o poder político-económico (como é hoje, em pleno, o caso de um ramo da Maçonaria em Portugal) então temos a imagem do verdadeiro Apocalipse.
Os tiques são truques quando, por exemplo, ao mito do Mestre (o Iluminado) se acrescenta a honra de ter nas fileiras da ordem um grande escritor (Fernando Pessoa), um grande pintor(Leonardo), um grande músico (Mozart) - honra que é explorada até à exaustão pelos respectivos propagandistas.
O tique do «segredo» - ligadíssimo ao do «mistério» - vem descrito de forma admirável nas páginas 60-66 deste livro admirável:
(Páginas 60 a 66)

Ainda hoje se diz que o «segredo é a alma do negócio».
De facto, as castas de sacerdotes cedo perceberam que ter o saber é ter o poder e, antes que os universitários modernos o percebessem, organizaram a vida de forma a vender o saber o mais caro possível.
«Segredo» é, pois, a palavra-chave entre os que falam de iniciações e ordens iniciáticas. O segredo, diz o povo, é a alma do negócio.
Patético o relato que de um «segredo» e sua transmissibilidade faz o patético livro que estamos comentando:
(Página 70 a79)

A miragem do ouro nos laboratórios de pseudo-alquimia é outro dos tiques que não abandonam este livro patético - e seu relato de um lendário Conde Saint Gérmain.

APROVEITAMENTOS DA ENERGIA «MEMÓRIA»

E se a memória estivesse no ADN como de facto está?
«Memória dos séculos chamam alguns autores ao que podemos chamar «memórias ancestrais».
A questão das memórias tem um papel central em Noologia - pois é a palavra ao alcance da mão para designar o mais largo espectro de informações (energias) desde as mais remotas às mais recentes.
Para os filósofos do inconsciente, «memória» é a palavra-chave .
Mas é também para os psicólogos intelectualistas, restringindo-lhe o sentido à fixação ou retenção das informações mais recentes .
Memória aparece também na psicanálise de divã.
Ou no divã, homólogo, dos hipnoterapeutas.
«Memória» serve para designar um espectro tão vasto de energias que necessita de uma especificação.
Psicólogos mais ligados à vida emocional entendem que hão-de ir à «memória dos séculos» para explicar o fenómeno de intuição num cientista ou de genialidade de um músico.
Aproveitam a memória também os espíritos defensores do «transe mediúnico», uma vez que o medium «incarne» no espírito de um grande escritor. No caso do espírita brasileiro Divaldo Franco , que insiste em se considerar Victor Hugo, ele considera que pode traduzir o que esse espírito lhe dita.
Afinal ninguém postula que as memórias, todas as memórias, estão no ADN de nós todos e que fazê-las vir ao de cima é apenas uma questão de trabalhar todas as energias, desde as ancestrais (seculares) até às actuais.
Também se faz a ligação entre memória e «talentos» ou «dons» individuais.
Mas se as memórias estão no ADN da célula, não é necessária a hipótese de outras vidas. O que muda muita coisa em muitos textos que falam de ciências ocultas, para não dizer que muda tudo.
Que as «recordações de vidas passadas» é o que dá lugar à mais abundante e pitoresca literatura, não há dúvida.
Psicólogos da escola positivista detêm-se, muito circunspectos, a analisar esse fenómeno do «já vivido» que muitos se lembram de relatar, convencidos de que viveram e conviveram vida passadas.
O tema do «génio» é o preferido dos espíritas, que não hesitam em refinar a tese afirmando: «O génio não seria a consequência de uma simples predestinação, resultaria de uma sucessão de reencarnações e corresponderia a uma acumulação realizada no decurso de numerosas existências»
(pg 115 )

Penso haver aqui o equívoco subtil mas frequente de confundir
Imortalidade
com
Eternidade.
Este equívoco leva longe : o mito de que há «imortais» vivendo clandestinamente algures numa Agarta, algures no Tibete ou algures no Centro da Terra, ocorre em vários livros de literatura esotérica.
O mito da «longevidade» tal como o da «imortalidade» persegue a pobre humanidade mortal mas eterna, condenada à eternidade,
«O homem que se recorda sem interrupção das suas vidas sucessivas torna-se imortal ...Perde a sua Idade»: esta máxima rosa-cruz é reveladora; de facto, atingir os arquétipos , vibrar pedra filosofal , ter acesso ao duplo, à eternidade - tudo sinónimos - é a démarche iniciática que, em grande parte, consiste na ultrapassagem alquímica das tais memórias = energias inibitórias .
Sem o saberem, os Rosa Cruz enunciaram um grande e belo princípio da Noologia.

BRUXARIA, SUAS RELAÇÕES COM AS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS(JULES REGNAULT)

A proibição sexual é outro dos tiques muito frequentes na literatura esotérica, como se comprova ainda por este modelo de literatura esotérica que estamos comentando e que se chama «O Enigmático Conde de S. Germain».
Um ser excepcional deverá praticar a abstinência, o que noologicamente - à luz da Entropia - não é nenhuma asneira: basta pensar na entropia do orgasmo.
Mas associado ao tantrismo e mesmo ao vampirismo energético, de novo o discurso esotérico recai na quase obscenidade manipulatória.
(Pag 127-138)

«O mundo subterrâneo de S. Bonifácio e o rei do Mundo de Kirch Berger seriam na realidade o reino e o soberano da grande Loja Branca ou Agartha que em tibetano significa Agha, Grande Assembleia, «Ar» , espírito universal, «Ta» pureza integral
(pg 160).

Para os grandes mestres do Himalaia, a Agartha representa o zero místico entre os 22 templos que simbolizam os 22 arcanos de Hermes e as 22 letras do alfabeto sagrado. Esse zero místico é o Inencontrável.»
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(*) «O Enigmático Conde de S. Germain», Pierre Ceria e François Ethuin, Ed. Minerva - Lisboa, 1970
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