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*** MAGIC LIBRARY - THE BOOKS OF MY LIFE - THE LIFE OF MY BOOKS *** BIBLIOTECA DO GATO - OS LIVROS DA MINHA VIDA - A VIDA DOS MEUS LIVROS

Friday, December 16, 2005

J.CHURCHWARD 94

19932 caracteres - 8 páginas -jc-0-merge doc de 3 files wri da série jc-james churchward- com interesse para guião de leitura e grelha de trabalho do tema DN/FV (anexos)

18-12-1994
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11520 bytes-9692 caracteres-jc-1-milénio-adn-jc=james churchward - Diagrama a diagrama enche a Radiestesia o Papo

O CONTINENTE PERDIDO DA NOVA IDADE DE OURO

Energia = Informação = Matéria = Consciência

1 - A hipótese do Continente Mu, afundado no Oceano Pacífico há 12.000 anos, hipótese proposta em «O Continente Perdido do MU», do investigador britânico James Churchward, é daquelas que a ciência arqueológica nunca irá conhecer e reconhecer, estudar e confirmar.
É uma hipótese demasiado suvbversiva do establishment para que a ciência lhe dê alguma atenção ou que tente promovê-la. Antes pelo contrário, é de supor que o livro de James Churchward fosse (como foi) coberto de uma cortina de silêncio e que nunca ninguém mais, dos meios académicos, quisesse saber dessa tremenda hipótese de um Continente Perdido. Nem os soviéticos, sempre à procura de tesouros no fundo do mar, quiseram saber da hipótese. Preferiram promover a barragem do Assuão no Egipto, mais rentável para os pergaminhos da grande nação proletária. Se um dia a barragem do Assuão rebenta, como lembra Guy Tarade em «As Portas da Atlântida», o Egipto e a Líbia desaparecem da face da terra.
Afinal, porque há tanta gente com medo da hipótese Mu, Continente perdido?
Antes de mais porque toda a arqueologia académica ficaria em cheque, se a hipótese de Mu fosse verdadeira. E o desemprego iria crescer, muitas cabeças iriam rolar, muitos mitos iriam por água abaixo. Acima de tudo, o facho de grande civilização que os ocidentais se arrogam de ostentar, ficaria em estilhas.
Depois, porque, com a hipótese do Continente Mu, alguns dos mistérios mais persistentes do nosso Globo, iriam finalmente iluminar-se a uma nova Luz e muitos dos enigmas que a ciência arqueológica não conseguiu decifrar, como a ilha de Páscoa, como as pirâmides do México, como as pistas de Naska, como as ruínas de Tathiuanaco ----- (???), como a Atlântida, como o Dilúvio, como a Queda, como, enfim, a criação do Homem e as origens divinas do ser humano, iriam sofrer uma completa revolução. E a pitoresca teoria da nossa descendência do macaco iria ficar válida apenas para os macacos - incluindo Darwin - que a inventaram. De facto, eles devem ser descendentes do Orangotango erectus: eu recuso-me terminantemente a aceitar essa fatalidade e prefiro antes ser filho da Mãe do que filho de Macaco. Por isso prefiro a hipótese do Continente Mu.
Mas acima de tudo, meus amigos, a hipótese do Continente Mu é perigosa, porque subverte completamente a ideia de progresso, as histórias da carochinha que a arqueologia académica nos tem vindo a impingir, os antropopitecus e os australopitecus todos que nos têm metido, como sapos vivos, pela boca abaixo.
A hipótese do Continente Mu é perigosa porque situa a Idade de Ouro em uma data muito precisa, ainda que essa precisão se conte pelos milhares de anos. Porque encaixa perfeitamente com a divisão das idades proposta por algumas grandes religiões como o hinduísmo e por algumas escolas como os Rosa Cruz. Porque dá à outra hipótese - a das eras zodiacais - um enquadramento lógico impressionante.

(ver diagrama das eras zodiacais)

A Idade de Ouro, afinal, nas datas que James Churchward propõe para o auge do Continente Mu e sua grande, imensa, irradiante civilização, corresponderia, zodiacalmente, à era do Aquário anterior. Aquela, precisamente, onde vamos entrar de novo: e a que, com toda a propriedade, se poderá designar como Nova Idade de Ouro, ou a Segunda Idade de Ouro.
2 - Relativamente à ideia da Queda - tão insistemente tratada em todas as «lendas» de todas as grandes civilizações - ela poderá ter sido mesmo uma Queda física, ou seja, o tal famoso afundamento de Mu, o tal Dilúvio, a tal enxurrada. Ou poderá ter sido uma catástrofe energética: ou seja, por vontade humana, por ter havido por parte dos naacals - nome dos hierofontes Mu - uma revolta contra Deus e uma tentativa de escalar o céu. Escalada foi essa que originou a destruição do tecido cósmico, a alteração dos pólos celestes e uma mudança de canal cósmico: é daí, dizem os radiestesistas com Etienne Guillé, que terá surgido o canal II ou canal maligno, ao qual devemos todos estes tristes anos de submissão abominável. Em linguagem vibratória, Etienne Guillé baptizou-o de MAGA GAU GAS.
É que, além da Queda, é que além do novo canal cósmico que apareceu e com ele o Demónio em figura de canal, a verdade é que as eras zodiacais todas de baixíssimo nível vibratório que foram as 6 (???) últimas eras (ver diagrama ---------------. não ajudaram nada. Daí a miséria. Daí a abjecção. Daí a Idade do Ferro. Daí o Apocalipse. Daí a angústia generalizada. Daí o Cancro. Daí o horror. Daí o terror.
(ver lista de nomes da entropia)
Daí esta última oportunidade da nova era do aquário em riscos de se perder pela estupidez dos alegados espiritualistas. Dos alegados esoteristas. Pelo seu redobrado egoísmo. Pela sua visão estreita do real absoluto. Pela sua conivência criminosa com os crimes da ciência profana e da tecnologia mais abjecta. Pelo seu comodismo, também. Porque não estou a ver as pessoas suficientemnte mobilizadas para regressar, imediatamente e sem alibis, ao Continente perdido do Mu, para reconstruir, agora com a ajuda do Cosmos, a Segunda Idade de Ouro.
3 - Aí está porque Etienne Guillé alude ao Continente perdido, alfa e ómega de todo o trabalho com o pêndulo realizado sobre as duas grelhas vibratórias: não porque esse Continente esteja irremediavelmente no fundo do mar, mas porque a sabedoria que com ele se fundou estava perdida e pode agora ser recuperada.
Essa é a proposta geradora de mil outras propostas de Etienne Guillé. Num dos diagramas, onde ilustra as memórias que carregamos nos nossos genes, ele inclui o Mu, com a mesma naturalidade e inevitabilidade com que inclui a Atlântida. os hebreus, o egipto, os caldeus, os hindus, etc. Porque nós fomos egípcios, hebreus, caldeus, atlantes, lemurianos... Queiramos ou não, todas essas memórias estão nos nosso genes. E é no trabalho com o Pêndulo que podemos começar a desfazer essa memórias, ou seja, essas informações, ou seja, essas energias.
(ver diagrama das cassetes)
É curioso comparar aquelas civilizações que a arqueologia oficial dá como existentes, com o esquema daquelas que só uma sabedoria profunda de hierofonte pode comprovar como tendo existido, de facto.
(ver diagrama das cassetes)
4 - Os kaalas afinal são os hierofontes: e a antiguidade do Egipto, atribuída pelos arqueólogios à epoca áurea dos faraós, porque só então há testemunhos palpáveis da sua existência, terá que recuar bastante e talvez até aos 10 mil anos. Ou antes.
Quer dizer, antes do afundamento de Mu nas profundezas do Pacífico, o mais fundo dos oceanos: quando ainda era possível ter havido um ramo que saiu de Mu para percorrer o mundo no sentido do Oriente até chegar à Atlântida, primeiro, e depois ao Egipto e deste à Palestina e daqui à Pérsia, à Babilónia, a Creta, à Europa central (celtas/druidas). À luz desta hipótese toda a cronologia conhecida dos arqueólogos de salão não só é limitada e reduzida como está toda baralhada, dando a maior antiguidade ao que é mais recente e dizendo que é mais recente o que remonta a antiguidades verdadeiramente vertiginosas.
5 - Mas não se julgue que a hipótese do Continente Mu é apenas explicativa de todo este contexto a que chamamos próximo oriente. É também explicativa das civilizações do México, do Iucatão, de algumas tribus restantes das Ilhas do Pacífico. Aliás, uma das provas físicas (geológicas e geográficas) mais flagrantes do Continente Mu é exactamente o miríade de ilhas que ainda hoje povoam o Pacífico, quase todas eminentemente vulcânicas.
Em contrapartida, no Atlântico, arquipélegos como Canárias, Cabo Verde e Açores, tornam flagrante a existência da Atlântida, outra hipótese que a ciência em geral e a ciência arqueológica em especial nunca irá estudar e confirmar, porque não é nada rentável para os que vivem da arqueologia académica.
No entanto, a Atlântida como hipótese é menos perigosa para a estabilidade académica e para o emprego dos cientistas do que a hipótese Mu: e por isso se têm publicado milhares de livros sobre a Atlântida, (Atienza ----------) enquanto sobre Mu, em contrapartida e que eu saiba, o livro de James Churchward continua a ser o único. Facto que nos deve fazer pensar sobre a ciência que temos e a verdade a que temos direito.
6 - Eu já pensei e já me decidi. O Continente Mu até pode não ter existido: mas nesse caso o destino humano seria uma anedota maior do que já é. Para dar uma nova dignidade a este serzinho que aqui anda, é imprescindível usar o Continente Mu como hipótese, como referencial, como eixo da nossa escala de valores: e de certeza que teremos muito maior probabilidade de vir a merecer o nome de seres humanos. Um pouco mais de esforço, e talvez venhamos a merecer o nome de filhos de Deus.
Entregues ao canibalismo da ciência e dos cientistas, nomeadamente arqueólogos e médicos, continuaremos a entredevorar-nos alegremente. Por isso Mu para mim é mais real do que a Europa, tornada agora um pesadelo. É mais real do que aqueles continentes supostamente seguros como a Ásia, a América, a África ou a Austrália. Mesmo como hipótese é espiritulmente mais motivadora do que todas as realidades com que me atafulham a paciência e com todas as ciências com que me moem o juízo.
7 - Henri Laborit, um representante ilustre da ciência ordinária francesa, disse que o último livro de Etienne Guillé, publicado em Agosto último, era «pura ficção científica». Mal sabe o Laborit que disse uma coisa acertada, ao menos uma vez na vida. É muito possível que «O Homem entre Céu e Terra» seja de «ficção científica» e graças a Deus que o é: se fosse da ciência ordinária como a que alimenta os Laborit todos deste Planeta, seria, e graças a Deus, uma boa merda. Assim, ficção científica ou não científica, o último livro de Etienne Guillé, chamado «O Homem entre o Céu e a Terra», é apenas, meus senhores e minhas senhoras, o que me atrevo a considerar o livro mais importante jamais escrito desde Gutemberg. Ou antes, desde o Génesis. Ou antes, desde o Big-Bang. E haja alguém que me desminta.
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A VERTIGEM DOS NÚMEROS

Antologia de James Churchward

Mu, que foi devastado por um cataclismo há 12.000 anos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg. 9

Esse Continente (Mu) existiu e foi nele que o homem fez o seu aparecimento sobre a Terra, há 200.000 anos. É o Jardim do Éden, mencionado na Bíblia. Essa estranha nação de 6.000.000 de habitantes que, há 50.000 anos, fundaram uma civilização superior à nossa.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg.

Os nossos cientistas estão ofuscados pela teoria da evolução, tese insustentável se levarmos em conta as Escrituras Sagradas de Mu. Esse documento nos diz o que é vida, como foi ela criada e quais as forças que a governam. Embora tenham sido escritos há mais de 50.000 anos, esses escritos nos informam qual a natureza das forças que os cientistas chamam elétron, sua origem, sua influência e do que é feito.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg. 82

A descoberta de Niven (México) demonstra que o homem já existia e era civilizado dezenas de milhares de anos antes da era glaciária geológica e do pré-hominída europeu do pleistoceno.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg.

Essa tabuinha é a Pedra Roseta de todas as ciências físicas. Considero-a a mais valiosa das 2.600 tabuínhas de Níven. Essa pedra mostra uma figura simbólica representando o que se conhece há 100.000 anos como as 4 Forças Sagradas. Essa figura explica a origem e funções dessas forças.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg. 146

Esses grotescos homens-gorilas da Europa deixassem retirar suas ossadas para mistificar os cientistas modernos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 170

Há mais de 16.000 anos florescia uma civilização no Paru, igual à do Iucatão, numa época em que o Egipto dava os primeiros passos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg.172

Não foram os incas que construiram esses canais (em volta do lago Toticaca), porque eles já existiam há 16.000 anos ou 18.000 anos antes da época dos incas.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 173

A topografia da América do Sul é bem diferenten hoje em dia do que era há cerca de 20.000 anos, quando os Carianos ou Karianos e os emigrantes negróides deixaram a Mãe-pátria para encontrar algures um espaço vital. É impossível saber a data exacta do início desse êxodo, mas possuímos vestígios dessa emigração que remontam há cerca de 35.000 anos e outros até 75.000 anos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», pg.177

Na época da rainha Moo, que viveu, segundo o manuscrito Troano, há 16 mil anos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 178

Os primitivos habitantes da Mãe-Pátria (MU) eram notáveis navegadores que singravam os mares em todas as direcções em épocas remotas quando a Índia não passava de uma colónia e não havia ainda se tronado um império .
Valmiki, in James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 184

A Índia passou do estado colonial para o de império há 30.000 anos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 184

Foram os trabalhos de Schliemann que provaram de forma indiscutível a existência da Atlântida.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 186

O fundador da Atlântida foi Poseidon.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 186

Sólon esteve no Egipto no ano 600 antes de Cristo. A Atlântida havia sossobrado 9.000 anos antes. Estamos quase no ano 2000. Fazendo o cálculo, 9.000 mais 600 mais 2.000, a Atlântida teria submergido ha 11.500 anos; mas vou demonstrar que isso aconteceu muito mais tarde.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 187

Nesse museu (de S. Petersburgo), podemos ver um outro papiro de Manetho, o padre historiador do Egipto, que faz alusão ao reino dos sábios da Atlântida, que teria existido há 13.900 anos. Esse papiro situa o ponto culminante da civilização da Atlântida na época em que se iniciava a história egípcia, ou seja, há 16.000 anos.

James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 188

Os sábios mencionados por esse papiro eram os reis da Atlântida, eles reinaram durante 13.900 anos. A Atlântida desapareceu há 11.600 anos, portanto, o continente era governado por reis há 25.500 anos.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 188

Afirmei que a civilização de Mu já existia há mais de 50.000 anos. Vejamos agora as provas sobre as quais me baseio para determinar essa época.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 196

A Atlântida foi submergida há 11.500 anos. Somando agora 11.500 com 13.900, verificamos que a Atlântida foi governada por reis há 25... anos. O primeiro rei da Atlântida subiu ao trono há 25.400 anos, e io primeiro rei maia há 34.000 anos. Há um intervalo de 8.600 entre os dois. Calculando-se que o mesmo espaço de tempo se escoa entre o primeiro imperador de Mu e o primeiro rei de Mayax, podemos calcular de modo aproximado que Mu teve o seu período áureo há 50.000 anos ou mais.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 197

Quando se elevaram as montanhas que sicederam ao grande cataclismo magnético? Se dermos crédito aos mitos do geologismo, podemos fixar essa data há centenas de milhares de anos de nós, por certo até milhões de anos. Pois bem, vou provar que existiram 7 civilizações antes da criação das montanhas, algumas delas há muitos milhares de anos antes que a primeira montanha aparecesse na superfície do globo. Então, se cremos na Geologia, essas civilizações originária de Mu localizam sua civilização há muitos milhares de anos. Mas isso não é verdade e, como sempre, a geologia se engana.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 197

A geologia nos informa que as costas ocidentais da América do Norte eram outrora elevadas. A geologia foi sempre culpada de colocar o carro adiante dos bois e ela fornece aqui uma nova prova. Não foram as costas do continente americano que se elevaram mas, bem ao contrário, o nível do Oceano Pacífico é que baixou. A Terra de Mu era um imenso continente que cobria quse metade do Oceano Pacífico.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 205

Em alguns mosteiros do Himalaia, encontramos textos com 70.000 anos de idade, e esses escritos fazem remontar a civilização humana há 200.000 anos mais ou menos; as datas são dadas pela posição das estrelas.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 212

Os Carianos eram como os irlandeses, não ficavam sempre no mesmo lugar. Por exemplo, o galês, a língua irlandesa, é falado em Tipperary, na Irlanda, bem como na província basca espanhola e no Nepal, ao Norte da Índia. Coloque um nepalês, um basco e um irlandês juntos, e eles conversarão tão bem como se tivessem sido criados na mesma cidade.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 219

A história da destruição de Mu foi escrita pelos Maias do Iucatão, pelos egípcios, pelos Hititas, Caldeus, Vighures e, mais tarde, copiada pelos hebreus, que chamavam Mu o Jardim do Éden, em sua lenda bíblica.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 221

Quanto a essas genealogias de que nos falaste, Sólon, elas não têm mais valor do que contos da Carochinha, porque, de início, te referes a um único dilúvio ao passo que houve muitos deles.
Platão. in «Timeu», cit. por James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 217

Não estou inteiramente de acordo com os egiptólogos sobre a significação de Per-M-Hru. Per quer dizer «ir-se», «partir»; hru significa «o dia» e m não é outro senão Mu. essa letra m que os egiptólogos consideram uma preposição, não é nada disso; é um símbolo, a letra simbólica e também o nome de Mu; em consequência disso, Per-M-hru quer dizer «Mu foi-se embora de dia». O que confirma o que disse anteriormente: o «Livro dos Mortos» é um registo sagrado perpetuando a lembrança de 64 milhões de pessoas que encontraram a morte na destruição de Mu.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 228

Mackensie afirma que Osíris é um rei antigo. Ele não diz sobre que povos ele reinava, mas deduzimos que era o povo egípcio; e nisso se engana uma vez mais, pois Thoth fundou a primeira colónia do Baixo Egipto em Sais, ensinou a religião osiriana como provam diversos papiros, e isso se passou há 16.000 anos. Duas fontes diferentes por mim consultadas declaram que Osíris viveu na Atlântida há 18 ou 20 mil anos e que era um grande mestre de religião.
James Churchward, in «O Continente Perdido de Mu», 233
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A testar na prática - Léxico ocorrente em James Churchward

Adão e Eva - 300 a. C.
Ankkor (Camboja) (LM)
Baalbek (Ásia Menor)
Bascos
Bisonte (213)
Bramaputra (vale do)
Carbonífero
Carianos = Caras = Chancas
Códex Cortesianus
Cretáceo
Cro-Magnon

Documentos:
Manuscrito Troano
Codex Cortesianus
Documento de Lhassa
Tabuinhas de Níven

Eras:
pré-cambriano
paleozóica
secundária
plistoceno

Esmirna (LM)
Gobi (deserto de)
Iucatão
Khmers
Jardim do Éden

Lugares mágicos:
Baalbeck
Bramaputra
Nilo
Tenerife

Manuscrito Troano
Mastodonte
Mayax
Mongólia (LM)
Naacals
Naga do Sol
Nagas
Nilo
Ovo Cósmico
Pleistoceno
Popol Vuh
Quetzals
Ra
Rig-Veda - 2.000-2.500 a.C
Serpente de 12 cabeças («Tchi», livro chinês)
Sistema decimal
Taimils
Tenerife-Canárias
Tiahuanaco
Troglodita
Troia (LM)
Uighurs
Zunis
***

D. CHOPRA 98

deepak-1>-antologia ac-roteiro de estudo, leitura e pesquisa na internet-tese ac - noologia ortomolecular

18-12-1998

A INTELIGÊNCIA DA VIDA EM DEEPAK CHOPRA

«Cheguei a 3 conclusões: a primeira é que a inteligência está presente em todos os pontos do nosso organismo; a segunda é que a nossa inteligência interior é muito superior a qualquer uma com que se procure substituí-la a partir do exterior; e a terceira é que essa inteligência é mais importante do que a própria matéria do corpo, visto que, sem ela, essa matéria ficaria desorientada, amorfa e caótica.
A inteligência estabelece a diferença entre uma casa desenhada por um arquitecto e um amontoado de tijolos.»
Deepak Chopra, in «Cura Quântica» - Ed. Difusão Cultural - Lisboa - 1991

PALAVRAS-CHAVE PARA A NET

Actividade eléctrica da célula
Associação Americana de Medicina Védica
Autoregulação
Biocosmologia
Biocosmologia yin-yang
Cibernética
Ciências do sagrado
Ciências do maravilhoso
Convergência holística
Cosmobiologia
Cronobiologia
Cura Quântica
Ecossistema
Endocrinologia
Hermes Trismegisto
Holística
Homeostase
Homologia macro/microcosmos
Imunologia
Informação do ADN
Macrocosmos
Maharishi Ayurveda Health Center (Lancaster, Massachussetts)
Mecanismo vibratório do cancro
Medicina ayurvédica
Medicinas energéticas
Microcosmos
Modelo macroscópico (Joel de Rosnay)
Modelo microscópico
Psicosomática
Sincronicidade
Sistema endócrino
Sistema nervoso
Sistemas
Virchow

BASE DA PIRÂMIDE HIERÁRQUICA

18/12/1998 - Aquilo a que poderíamos chamar, com alguma propriedade, a «inteligência da célula viva» é um postulado indispensável para compreender os mecanismos da vida e condição sine qua non para estabelecer um quadro de prioridades nas terapias que podem ou não podem servir a vida e a saúde.
Aceite este postulado -a célula tem uma inteligência intrínseca que a aproxima inevitavelmente de uma estrutura «cibernética» - podemos perguntar onde é que reside essa inteligência.
Várias hipóteses plausíveis se colocam: a mais plausível é a «actividade eléctrica da célula».
Mas, quanto a sistemas orgânicos dos mamíferos superiores, dois desses sistemas são particularmente «suspeitos» de estarem envolvidos e de presidirem mesmo a toda a intercomunicação celular :
a) o sistema nervoso
b) o sistema endócrino
Qual dos sistemas comanda o outro sistema continuará, por muito tempo, a ser um enigma.
Nesta malha de inter-relações recíprocas, a dificuldade é exactamente a de isolar :
a) Sistemas
b) Órgãos
c) Tecidos
d) Célula
e) ADN
porque todos participam e todos são responsáveis por todo o funcionamento celular.
Tudo indica, no entanto, que o ADN terá um papel informacional (transmissão de informação) a desempenhar: quem sabe mesmo se não é o ADN a «inteligência da vida»?
Analisar esta intrincada rede de relações recíprocas é que se torna humanamente impossível.
A análise científica refugia-se, obviamente, no estudo da parte ínfima para escapar à dificuldade de compreender o Todo.
Usando o truque habitual de chamar «metafísico» às questões importantes que não atinge, usa e abusa da habilidade analítica e microscópica.
Na prática, essa habilidade analítica deu a medicina alopática que temos, a qual não se poderá considerar propriamente modelar.
Essa habilidade analítica, porém. não pode continuar a ser usada e abusada numa ciência - a Naturologia - que é holística por natureza. E que surge, exactamente, como reacção epistemológica aos tais usos e abusos da análise - aquilo a que poderemos chamar o «modelo microscópico» da ciência, a que Joel de Rosnay contrapôs o modelo macroscópico.
No entanto, ver e ouvir o que a Biologia Celular tem até agora - dia 17 de Dezembro de 1988 - descoberto e inventariado no microcosmos da célula, se é uma tortura para alunos e professores da especialidade, e se nunca levará à compreensão da vida e do mistério da vida, é um espectáculo fascinante para quem está de fora a assistir à cena, como é o meu caso.
Se a estrutura da célula é esse mundo dentro de outros mundos que o microscópio electrónico tem desvendado, a pergunta a fazer é urgente e pertinente:
a) Se não existe uma inteligência própria da célula, como é possível que todos estes mecanismos, escaninhos, partes e subpartes se interliguem e funcionem?
b) Se a «complicação» dentro da célula é a que o microscópio electrónico mostra, é evidente que toda a intervenção externa terá reflexos tremendos nessa inteligência.
Se a intervenção médico-química nessa inteligência é uma autêntica bomba atómica, a intervenção, embora mais suave, das terapias ditas naturais, não deixa de ser igualmente agressiva e altamente problemática.
À luz da inteligência celular - ou o que se lhe queira chamar - não é só a medicina química ordinária que deverá ser posta em causa.
Também terão de ser revistas - e submetidas ao microscópio crítico - todas as terapias ditas «suaves», para eleger , entre todas, as que se destinam a reorientar o sentido de orientação da célula – a sua inteligência - sem intervenções mais ou menos drásticas que afectam esse sentido de orientação.

IMUNOLOGIA

O tema da inteligência celular liga-se, obviamente, ao da imunologia que é, por sua vez, a ciência-pivot de toda a Naturologia.
Se há cadeiras que deveriam ser autonomizadas num curso de Naturologia, a Imunologia, na perspectiva naturológica, é com certeza a principal delas.
Outro interface ocorrente em imunologia é o do binómio psíquico/somático, binómio que, como é óbvio, se encontra ausente de todas as especialidades.
Outro interface ligado com a inteligência celular , é aquilo que a ciência vulgar já vem estudando nos capítulos da homeostase e da autoregulação celular, em relação à qual toda a atenção que se der é sempre pouca.

HIERARQUIA DA VIDA - O CONTRIBUTO DE ETIENNE GUILLÉ

A noção de hierarquia, que implica a de conjunto e a de sistema /ou ecossistema, é outra noção-chave neste interface de interfaces que a hipótese da «inteligência da vida» suscita.
Um interface e alargamento definitivo disto a que temos chamado «inteligência da vida» é, com certeza, o mecanismo vibratório do Cancro explicado na obra do biólogo e filósofo francês Etienne Guillé.
Com interfaces em outros tantos temas de fronteira:
a)Sincronidade segundo Carl Gustav Jung
b)Homologia Macro/Microcosmos segundo Hermes Trismegisto
c) Biocosmologias tradicionais, das quais a biocosmologia yin-yang ou biocosmologia taoísta é a mais perfeita e se nos tornou acessível através de Oshawa, Michio Kushi e outros geniais pioneiros
d) A Biocosmologia moderna, a criar e para a qual um curso de Naturologia deveria contribuir na área (quase) virgem da investigação naturológica.
Na certeza de que sem nova investigação , à luz do novo paradigma biocósmico, não haverá naturologia que valha a pena.
A Naturologia necessita de bons terapeutas. Mas precisa também de (novos) investigadores que façam avançar, macroscopicamente, no sentido correcto, o conhecimento das novas tendências.
À luz do novo paradigma cósmico, as ciências da vida são e serão as ciências do maravilhoso e do sagrado. E ponto final, parágrafo.

O CONTRIBUTO DE DEEPAK CHOPRA

A expressão «inteligência da célula» vem de Rudolf Virchow (1821-1902) mas, modernamente, foi retomada por Deepak Chopra, especialista em endocrinologia, formado em medicina pela universidade de Nova Deli.
Nasceu em 1947, exercendo a profissão de endocrinologista nos EUA, desde 1971, tendo chefiado a equipa do New England Memorial Hospital.
Próximo da medicina tradicional hindu - ayurveda - Deepak Chopra fundou, em 1985, a Associação Americana de Medicina Védica, foi director do Maharishi Ayureda Health Center em Lancaster (Massachussetts) e professor assistente na Escola de Medicina da Universidade de Boston.
Existem livros seus publicados em português, sendo o livro «Cura Quântica» aquele em que desenvolve a sua tese sobre a «inteligência do corpo» , a que por vezes chama a «mente do corpo».
É um meritório esforço de convergência holística o trabalho de Deepak Chopra que abre, inclusive, uma porta para o diálogo com o movimento chamado de Meditação Transcendental, um dos muitos que hoje proliferam à conta da New Age mas que Chopra ajuda a distinguir no meio da confusão que reina actualmente em matéria de escolas, gurus e correntes que se reclamam da terapia energética.
Dando uma certa credibilidade «científica» à medicina védica, Chopra ajuda à conciliação e síntese dos contrários. Por muito que alguns pensem que a medicina ayurvédica não é propriamente , e por razões filosóficas e técnicas, a vanguarda das medicinas energéticas modernas.
Ou seja, as medicinas que procuram não interferir na «inteligência da célula» mas apenas desimpedir de obstáculos e obstruções e bloqueios o caminho por onde transita a informação intercelular.

PISTA BIBLIOGRÁFICA DE GUIA NA INTERNET
TÍTULOS EXISTENTES NO CENTRO DE PESQUISA ORTOMOLECULAR :

Deepak Chopra - Criando Saúde - Dinalivro - 1987
Deepak Chopra - Cura Quântica - Ed. Difusão Cultural - Lisboa - 1991
Harold Bloomfield - A Descoberta da Energia Interior e o Domínio da Tensão - Dinalivro - Lisboa - 1976
Peter Russel - A Técnica de MT - Um Guia para Cépticos - Ed. Dinalivro - Lisboa - 1979
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L.RACIONERO 82

racionero-1-ls> quinta-feira, 26 de Dezembro de 2002-scan

18-12-1982

MOVIMENTOS ALTERNATIVOS - CULTURA ENTRE DUAS BARBÁRIES (*)

"O desejável seria um socialismo que reunisse ambas as dimensões da pessoa humana: a peculiaridade individualista e a associação cooperativa.

"Esse socialismo já existe: é o socialismo libertário ou anarquismo que há 100 anos os marxistas classificaram de utópico. Hoje, porém, é o marxismo que parece utópico, porque a crise ecológica e energética, a concentração do poder, o crescente autoritarismo e a massificação do indivíduo indicam bem claramente a necessidade de pôr o indivíduo como fim em sei mesmo e a sociedade à escala humana.

" E utópico querer libertar o homem seguindo a linha de despersonificação, massificação e concentração que implicam as teorias do utilitarismo e do socialismo científico."

LUÍS RACIONERO, in " Filosofias del underground", Barcelona, 1977
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[«Crónica do Planeta Terra», «A Capital», 18-12-1982 ] - As linhas de montagem, a produção em série, a burocracia despersonalizada, os ambientes kafkianos, a organização gigantesca (hospitalar, por exemplo), a planificação central cibernética, a educação especializada, o desenho funcionalista, a arte abstracta, a poesia concretista, o positivismo lógico - eis alguns dos mecanismos ditos culturais mas ao serviço da contra-cultura, indispensável à manutenção da ordem defendida por máquinas de propaganda.
Enquanto os partidos, apoiados nestas máquinas, adoptarem na prática mecanismos intrinsecamente contra-culturais, eles serão efectivamente os agentes do obscurantismo, da violência, da barbárie, por mais que hipócrita e irrisoriamente se digam defensores da cultura.
Que eles se digam amantes da cultura, da civilização e da paz é apenas mais uma das mentiras com que conseguem continuar iludindo a opinião (já por eles pré-condicionada) e vendendo o peixe podre das suas ideologias esquizofrénicas de opressão, corrupção e poderio.
Os partidos serão necessários como eles próprios dizem. Mas tal como existem, são apenas uma chatice (talvez) necessária.

REALISMO ECOLÓGICO DEMARCA-SE DE EQUÍVOCOS, CONTRAFACÇÕES E MISTIFICAÇÕES QUE USARAM, USAM E VÃO USAR O PREFIXO "ECO"

"Precisamos de novos valores que estruturem a sociedade para uma nova cultura autoritária, descentralizada, humanística, individualística, imaginativa e espontânea."
Estas palavras de Luís Racionero, no seu livro "Filosofias del Underground", evidenciam alguns dos equívocos que o discurso dito "underground" tem ajudado a difundir, fazendo claramente o jogo das ideologias neo-esclavagistas, ditas também ideologias do trabalho.
De facto, entre este neo-romantismo formulado por Luís Racionero, cronista dos movimentos e autores ditos "underground" e o realismo ecológico 1981 - rosto humano do socialismo - vai uma grande distância.
Evidenciando os equívocos que os ideólogos ajudaram a difundir, devem os verdes demarcar-se em relação às contrafacções que exibem o prefixo eco ou o subentendem.
Os mitos do esquerdismo devem ser tão corajosamente analisados como os mitos da Direita. Numa perspectiva de realismo histórico, devem ser analisados até com mais atenção e cuidado.
Como ficou largamente dito em pormenor, num ensaio policopiado pelas edições "Frente Ecológica", intitulado "Socialismo ou Cancro, Ecologia ou Morte", 1981.

CONTRA O ETNOCÍDIO: NEM RACIONALISMO, NEM IRRACIONALISMO

Ajuda mútua, associação voluntária, cooperação, descentralização e federalismo são alguns dos conceitos comuns às "filosofias do “underground", conforme indica Luis Racionero, rio secular onde confluem vários afluentes e que modernamente se ficou a conhecer por "contra-cultura", numa tradução infeliz e errónea do inglês "counter-culture".
Os ecologistas advertem, portanto, para todos os equívocos que as ideologias neo-esclavagistas têm pretendido retirar deste erro de tradução.
O objectivo dos movimentos contestatários é claramente contra o imperialismo cultural, contra a ditadura da razão, tal como tem vindo a ser discricionariamente imposto às culturas e etnias tradicionais.
"Contra-cultura" significa portanto contra-imperialismo cultural, implicando como termo dialéctico a "descolonização cultural" de que são instrumentos sócio-políticos os conceitos autogestionários definidos pelo realismo ecológico.
Os ecologistas advertem ainda contra os mitos do crescimento imperialista que, sob a bandeira de "combate ao analfabetismo", se pretendem impor aos povos. Esse combate mais não tem sido, sempre ou quase sempre, do que um Etnocídio mascarado.
Combater a "ditadura da razão" e denunciar os "etnocídios" praticados em nome do progresso sobre as mais diversas culturas da Terra não é "irracionalismo" como alguns filo-burocratas tão infelizmente têm classificado todos os movimentos que contra aquela ditadura e aqueles etnocídios opuseram resistência.
Os ecologistas advertem contra mais esse equívoco que filósofos ditos do "underground" têm ajudado a difundir: é urgente rejeitar a carapuça de "irracionalista" e as conotações pejorativas com que os imperialistas têm o maior interesse em nos rotular.
Advertem ainda contra alguns mitos "libertários" e "liberticidas" que se têm aninhado nas fileiras dos movimentos que se reclamam de Wilhelm Reich e outros sexólogos considerados "emancipadores".
Mantém-se rigorosamente inédito - pré-censurado - um ensaio escrito em Novembro de 1980, "Carta aos adolescentes para os avisar sobre os mitos de esquerda e os mitos de direita que hoje circulam sobre sexualidade".
Também neste caso é nas raízes culturais das verdadeiras civilizações - as que verdadeiramente merecem o nome de civilizações ou sociedades cultas - que a resposta deve ser encontrada para lá dos labirintos ideológicos dos imperialismos em luta.

CONTRA A MANIPULAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM
DAR O PODER POLÍTICO AO PODER POPULAR

De William Blake a Montale o sentido poético da vida permaneceu um feudo de elites.
A imaginação não voltou à posse do povo, desde que dela o expropriaram as ideologias da opressão.
Povo que esses ideólogos designam de massas.
Os verdes, se o são e se o quiserem ser, terão que combater neste terreno difícil: exigir que o povo conheça e reconheça a sua própria identidade poética, ainda que o sistema dominante tenha o cuidado de ridicularizar essas manifestações.
O discurso oral, os provérbios, os cancioneiros, os romanceiros, as mezinhas e rezas são a prova dessa imaginação popular que deve voltar ao poder popular, tal como o defendem, sem medo aos partidos descasca-pessegueiros, os do eco-socialismo, os do realismo ecológico.
Como diz Luís Racionero, no livro " Filosofias del Underground", o movimento alternativo ataca par dois lados a organização social nascida da chamada "Revolução Industrial" (o princípio da Reacção): por um lado o capitalismo que era a exploração material do homem pelo homem; e por outro lado o racionalismo que era a opressão mental do homem pelo homem."
Os ecologistas lembram ainda uma terceira cambiante da exploração que é a "manipulação do homem pelo Homem”, verificada nos subsistemas do Sistema Informativo: jornais, escolas, livros, máquinas editoriais, júris de prémios, júris de exames, associações de escritores, simpósios, colóquios, seminários, congressos, enfim, os monopólios do pensamento.
Quando Ivan Illich denuncia a "militarização da sociedade através da Escola" está a pôr em causa esta fila de envenenadores profissionais que pretendem fechar, num anel de ferro, toda e qualquer veleidade de emancipação cultural, quer dizer, popular.


A LIBERDADE CONCRETIZA-SE NAS EXPERIÊNCIAS COMUNITÁRIAS

As "comunas" como meio de produção, as cooperativas como meio de distribuição, a imprensa e arte "underground" como meio de informação - eis como Luis Racionero resume a estratégia auto-gestionária defendida pelos movimentos sociais convergentes no "grande rio".
Os ecologistas lembram o carácter experimental e ensaístico dos projectos-piloto na via auto-gestionária.
Relativamente ao poder estabelecido não se espera, evidentemente, que partidos, governos e outros agentes dos impérios internacionais promovam o incremento das eco-alternativas, das tecnologias suaves, das energias limpas, das práticas de auto-suficiência, enfim, da via libertadora.
Mas é preciso dizer claramente ao eleitorado que a liberdade só se fomenta concretamente através da dinâmica proposta nesses projectos alternativos.
É pura teoria e pura demagogia a liberdade invocada pelos políticos, desde que na sua actuação eles não forem activamente em defesa das experiências comunitárias de auto-suficiência.
A liberdade defendida pelo eco-socialismo não é evidentemente a liberdade dos mitos libertários individualistas - já referida nestes apontamentos, já suficientemente arrumada nos caixotes da história.
Tão pouco é a liberdade de utópicos socialismos.
É a liberdade das tecnologias libertadoras, a liberdade do realismo ecológico - cujos limites à sua lógica são exactamente os limites físicos, energéticos postos pela lei natural e pela capacidade de esgotamento ou de reequilíbrio dos ecossistemas.

AS RAIZES DO NEO-ESCLAVAGISMO, DA ALIENAÇÃO MODERNA E DO MODERNO MUNDO CONCENTRACIONÁRIO

Ao pressentir que a sua vida se funcionaliza, burocratiza, desumaniza, aliena, mecaniza esteriliza, etc os homens não conseguem descobrir onde radica a génese histórica dessa situação.
Demasiado cómodo, para ser verdade, é acusar de tudo...o capitalismo.
Como os modernos ensaístas dos movimentos alternativos têm , no entanto, denunciado, a raiz da alienação está na aplicação do método cientifico à Natureza, à Vida e à Sociedade. Ao homem.
Como escreve Luís Racionero , " a visão científica do mundo é benéfica se se aplica à técnica mas nefasta se se aplica à sociedade."
O gigantismo de fábricas, empresas, hospitais, cidades, supermercados, reflecte - a pretexto de racionalizar, modernizar, actualizar, europeizar, etc - o mesmo cancro histórico do crescimento baseado nos valores numéricos, quantitativos e do cálculo.
O gigantismo é, digamos, a parte emersa do icebergue que mergulha mais fundo a sua global realidade.
Gritando que é preciso despovoar os campos - e chamando a isso combater o subdesenvolvimento - o modelo concentracionário generalizou-se, hoje, às cidades e sociedades ditas civilizadas.
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(*) Com este título, este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas pela ousadia, foi publicado na «Crónica do Planeta Terra», «A Capital», 18-12-1982. O original, com data de Setembro de 1981, intitulava-se: «Atenção aos intelecto-Burocratas - Burocracia intelectual, Barbárie Cultural- Os Verdes e a Cultura – Comentários ao livro de Luís Racionero, «Filosofias del Underground», Barcelona, 1977 – O original incluía-se ainda numa suposição chamada «Colecção Os verdes nas Eleições...»
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J. ROSNAY 98

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16-12-1998

SUBLINHADOS DO LIVRO «A HISTÓRIA MAIS MARAVILHOSA DO MUNDO»

Todos os organismos são feitos de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio e a sua fonte de energia, o sol.
Joel de Rosnay

O carbono (...) pode conduzir os electrões de ponta a ponta das suas cadeias, o que de certa maneira prefigura as redes nervosas e as redes de comunicação electrónicas.
Joel de Rosnay

Outrora não se sabia que as moléculas eram feitas de átomos nem que as células eram feitas de moléculas.
(...)
Um organismo composto de células especializadas resiste melhor do que um conjunto de células idênticas, porque pode responder de diferentes maneiras às agressões do ambiente, o que lhe dá mais hipótese de sobrevivência.
Joel de Rosnay

Os sistemas monolíticos acabam sempre por desaparecer.
Joel de Rosnay

Um cristal não vive, reproduz-se mas não fabrica energia.
Joel de Rosnay

Um organismo vivo é um sistema capaz de assegurar a sua própria conservação, de se gerir a si próprio e de se reproduzir.
Joel de Rosnay

Somos verdadeiramente feito de poeira das estrelas.
Hubert Reeves

A centena de elementos atómicos que conhecemos na natureza, foram produzidos nas estrelas.
Hubert Reeves

U. ECO 90

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16-12-1990

-UMBERTO ECO
-O SUPER HOMEM DAS MASSAS
-ED. DIFEL

Os fãs de Umberto Eco, ora romancista ora ensaísta, ora nem uma coisa nem outra mas apenas o que ele é sempre - professor universitário - , não têm de que se queixar. Sucedem-se as traduções das suas obras para português, evidenciando a bagagem verdadeiramente excepcional que este investigador conseguiu armazenar nos megabytes do seu computador. No caso do estudo agora publicado pela Difel, Umberto Eco examina até à exaustão o mito do herói e do super-homem na literatura, analisando autores tão dispares como o teórico marxista Gramsci, o romancista de capa e espada Alexandre Dumas ou o moralista, populista e reformador Eugène Sue. Completamente a despropósito são as referências ao Nietszche de Zaratustra, sobre quem corria a lenda de um super-homem, totalmente desconhecido do malogrado filósofo. Mas Umberto Eco é capaz de tudo e este seu livro, se de facto assenta baterias para desmontar o mito do super-herói, talvez acabe por ser apenas interessante como ponto de vista discutível de um erudito assumido e arrogante sobre a chamada «literatura de cordel», a tal que desempenhou, quando não havia televisão, o papel social da actual telenovela. Alongando-se na paráfrase sobre «Os Mistérios de Paris», menos páginas irá dedicar a outros fenómenos de literatura de massas como são Ian Fleming (e seu James Bond), Pitigrilli («o homem que fez corar a mamã» diz ele), William Beckford (criador de Vathek), Luigi Natoli, além dos já citados Dumas e Eugène Sue.
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UNESCO 70

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FUNÇÃO SOCIAL DA LIBERDADE ARTÍSTICA(*)

[16-12-1970, in «Notícias da Beira»] - Nos seus vinte cinco anos de experiência, que se completam em 1971, tem sido a UNESCO um dos organismos mais empenhadas em traçar a fisionomia dos novos tempos no que respeita às linhas gerais de uma estratégia planetária para o desenvolvimento cultural: o sentido e a consciência de unidade que devem existir em todos os homens, povos e culturas, ao mesmo tempo que o respeito pela diversidade e polivalência de todos eles.
O contributo de cada parcela para o conjunto tem sido, pela multiforme actividade da UNESCO, posto em relevo, tanto como a importância do conjunto para o encontro e reconhecimento de cada parcela. A Leste e a Oeste, a Norte e a Sul do Globo, o regional tanto como o universal têm sido os dois pólos de atracção com que a UNESCO enfileira na chamada revolução cultural.

Foi dela que, na última conferência geral da UNESCO (12 de Outubro e 14 de Novembro), William Eteki-Mhoumoua, que ocupava a presidência, falou:
«Necessitamos - disse - de chegar a uma revolução cultural capaz de criar laços mais harmoniosos, livres e confiantes com a juventude, cuja integração na procura de um futuro melhor deve ser o nosso constante cuidado».

Não dizia o sr. Mboumoua nada que não estivesse desde há 25 anos no programa da organização e que não tivesse sido já anunciado em diversas anteriores circunstâncias.

Na primeira conferência intergovernamental sobre políticas culturais que teve lugar em Veneza, no passado mês de Outubro, 400 delegados de 85 países estudaram o programa a seguir nos próximos anos, assentando em que o desenvolvimento cultural não depende apenas do domínio privado mas diz respeito também às autoridades públicas.
O relatório final sublinhava que, se a liberdade do artista é um direito inalienável e fundamental, ela é igualmente de natureza a contribuir para o bem comum, na medida em que serve de antídoto à burocracia estéril e em que suscita críticas criado-as, iniciativas e inovações.

Mas acentuou-se - não se conseguirá a liberdade efectiva do artista sem que se reunam as condições materiais que lhe são necessárias para trabalhar.

A conferência foi unânime em reconhecer a igualdade e a dignidade de todas as culturas e em que, no mundo contemporâneo, não há lugar para o imperialismo, manifestando entretanto bastantes apreensões quanto às perspectivas de desenvolvimento autónomo dos pequenos países em regiões economicamente débeis e das pequenas etnias, pois a cultura-de-massas comercializada dos países ricos e poderosos ameaça corroer, a curto prazo, as culturas tradicionais. Se nada for feito para inflectir esta tendência, dela resultará um empobrecimento cultural generalizado e uma grande monotonia.

(Foi o que Henri Lefèbvre ainda há pouco tempo denunciou com o seu manifesto diferencialista, já referido nestas crónicas, e o que o Sr. Eteki-Mboumoua quis dizer quando falou da revolução cultural: a luta contra a uniformização, a monotonia e o indiferencialismo, a rasoira burocratizante e a massificação pela propaganda dos audio-visuais, é o que se conhece hoje por «revolução cultural»).

A conferência intergovernamental sobre políticas culturais, testemunhou ainda o facto de que, cada vez mais, o público sente a necessidade de proteger os valores culturais e de insuflar vigor novo nas actividades através das quais se exprimem. Para fazer face às necessidades prementes neste domínio, preconizou-se que os governos tomem a responsabilidade de uma. planificação a longo prazo, mormente no campo da Educação e da Ciência.

De acordo com a opinião expressa pelo director geral da UNESCO, Sr. René Maheu, na abertura dos trabalhos, a conferência reconheceu unanimemente que, se cada um tem o direito de participar na vida cultural da comunidade - como o estipula a Declaração universal dos direitos do homem - as autoridades responsáveis têm o dever de fornecer a cada um os meios de uma tal participação.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado na coluna «Notícias do Futuro», jornal «Notícias da Beira», Moçambique, 16-12-1970
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D. LESSING 90

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[16-12-1990]

QUANDO O INTRUSO APARECE

O PECADO ORIGINAL NA OBRA DE DORIS LESSING

[(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 18-12-1990 ]

Depois de Patrícia Highsmith, Marguerite Duras e Marguerite Yourcenar, é com certeza Doris Lessing a escritora estrangeira de ficção que goza de maior favoritismo entre os nossos editores.
Ainda bem, já que esta autora britânica, nascida no Zimbabwe, em 1919, é uma das maiores figuras contemporâneas da ficção romanesca, e há muito atingiu o zénite de um poder criador que só tem paralelo nos romancistas de grande fôlego do fim do século passado.
Por mais que se baralhe e volte a dar, não é a intriga o que importa e interessa nesta romancista do âmago da existência: é, sim, o magma escaldante da vida que principalmente nos toca nas narrativas de Doris Lessing, onde paira quase sempre a exaltação trágica do primeiro génesis.
Literatura «genesíaca», portanto, podia ser uma adjectivação muito apropriada a esta cronista dos sentimentos mais subtis e insólitos, das paixões mais estranhas e desgarradoras, dos meandros mais labirínticos, quase sempre em casos-humanos limite, fora dos cânones greco-latinos da estética e da ética. Aquilo a que o cristianismo, frente ao Diabo, chamou o «Mal».
A família cristã, para ela, tal como vem compendiada desde o enternecedor cenário do presépio, não é um berço de palhinhas quentes onde se aquecem as vantagens de uma vida burguesa (e agora ferozmente consumista) mas um ninho de víboras, o lugar de procriação incessante do mal, já que o mal nasceu com a vida e reproduz-se com ela, lugar onde incessantemente se geram máculas, horrores e tragédias do pecado original.

QUE FAZER AO INTRUSO?

Esta constante metáfora na obra de Doris Lessing, aparece de forma particularmente nítida (diríamos quase debochada) em «O Quinto Filho», onde uma primeira leitura menos atenta poderá apenas detectar as alegrias da família e do lar, precedidas pelas alegrias da procriação, por sua vez antecedidas pelas do sexo, etc, etc.
Só que, para a autora de «A Erva Canta», chega sempre o momento de «pagar a factura», o momento de o «diabo» irromper no meio do banquete das delícias, ou seja, falando em termos de filosofia oriental, o momento de os seres humanos pagarem com sangue, suor e lágrimas - e um infinito sofrimento - aquelas doces alegrias. É como se todos os seus personagens fossem engodados para comer doce, enquanto se lhes prepara a taça de fel e fezes. Que terão de enfiar pela boca abaixo, queiram ou não.
Creio ser esta consciência «cármica» e do girar vertiginoso da chamada «roda da vida», que faz de Doris Lessing uma grande escritora contemporânea, que alguns já colocam ao lado do profeta e patriarca David Herbert Lawrence, o das «Mulheres Apaixonadas» e «Filhos e Amantes», evidentemente.

O INESPERADO É SEMPRE DE ESPERAR

O inesperado como elemento romanesco de alta tensão é particularmente evidente em «O Quinto Filho», novela relativamente curta - se atendermos ao tamanho - mas uma espécie de concentrado explosivo, o nec plus ultra onde convergem em alto grau as obsessões e angústias da autora.
Quando tudo, nesta novela, parecia um quadro cor-de-rosa, a reprodução ipsis verbis do presépio cristão e das respectivas virtudes familiares, eis que o «filho inesperado», verdadeiro monstro à luz da fisiologia e das normas estabelecidas, vem impor o volte-face dramático, permitindo ver o outro lado do mito burguês do «lar, doce lar». O intruso surge e há que o metabolizar, porque um filho, à luz da moral vigente, não se extermina. Mesmo que seja «monstruoso» como este é.
O intruso surge na história e, a partir daí, o que podia ter parecido um romance burguês segundo todos os conformes, uma novela cor-de-rosa de Jorge Amado, poderá ultrapassar em crueldade o próprio «Fanny e Alexandre» de Bergman, que colocou a burguesia no cadafalso sem pedir licença a ninguém.
O que sucede a seguir, em «O Quinto Filho», não se diz: o mistério sustenta a sedução, como o segredo o negócio.

SEXTO SENTIDO EDITORIAL

Quem tenha disponibilidade de tempo e dinheiro, não perde nada em inteirar-se dos restantes títulos que já se encontram disponíveis em língua portuguesa, graças ao sexto sentido editorial da Europa-América.
Tendo-se constituído embora em alvo predilecto dos críticos que adoram dizer mal das traduções (para mostrar que dominam o inglês), os títulos publicados pela Europa América contribuem para um conhecimento diversificado de Doris Lessing, até porque são dos mais acentuadamente autobiográficos que ela escreveu: «A Erva Canta», livro de estreia, conta a experiência sul-africana da escritora e é o último dos títulos aparecidos em português, enquanto «Diário de uma Boa Vizinha», publicado antes, pode funcionar como «romance da amizade feminina», com seu quê de iniciático, se quiserem, ou de «educativo» com aspas: refiro-me à dificuldade estrutural que os ocidentais têm de digerir o disforme, o velho, o doente, o marginal, o pobre, enfim, o «Mal», numa cultura hierárquica que não se cansou de instituir padrões de bondade, beleza e juventude, para agora termos o espectáculo de maldade, fealdade e decrepitude ou decadência que por aí se mostra.
Que saibamos, a editora Europa-América apresentou ainda, da mesma autora, « A Boa Terrorista» e «Se os Velhos Pudessem», na nossa mira para uma próxima leitura.
Uma última palavra para lembrar, com alguma justiça, que a primeira editora a traduzir Doris Lessing foi a Ulisseia, dos anos 50-60, onde a grande escritora britânica teve um contacto inaugural com o público português. E, se bem me lembro, ninguém disse mal da tradução...
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(*) «O Quinto Filho», de Doris Lessing, Ed. Círculo de Leitores
«Diário de uma Boa Vizinha» (Os Diários de Jane Somers), de Doris Lessing, Publicações Europa-América
«A Erva Canta», de Doris Lessing, Publicações Europa-América
(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 18-12-1990
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Thursday, December 15, 2005

J.G.ATIENZA 1994

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JUAN G. ATIENZA - ANTOLOGIA DE FRASES

15/12/1994 - Aquelas pedras eram sagradas, precisamente pelo que havia representado nelas. E não ao contrário.
Juan G. Atienza, «Os Sobreviventes da Atlântida», pg

A espiral constitui o esquema mais repetido na natureza invisível, isto é, a figura que rege fundamentalmente o universo que existe mas não vemos. Uma espiral traduz o movimento dos electrões em volta do núcleo, uma espiral é a molécula dos ácidos nucleicos que constituem o germe de toda a nossa natureza de seres vivos; uma espiral é o que descrevem os planetas no seu movimento conjunto de rotação e translação do sol; uma espiral é o que têm de percorrer os engenhos espaciais para irem ao encontro do corpo celeste para o qual foram lançados; uma espiral seria o esquema ideal do universo Curvo no qual vivemos. Não é por acaso quer a espiral é o esquema mais claro que poderá traçar-se de tudo quanto existe.
Juan G. Atienza, «Os Sobreviventes da Atlântida», pg. 103-104

O importante é comprovar como existe, acima do tempo e do espaço, uma identidade de representações ideográficas que tem de ter uma origem comum situada num instante ainda não determinado do passado.
Juan G. Atienza, «Os Sobreviventes da Atlântida», pg. 105
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Léxico do sagrado (+ próximo das origens) a testar:
Açores
Anaga (símbolo)
Balos (lug)
Book of Leca (irl)
Campo Lameiro (lug)
Canárias
Castros (arq)
Círculos concêntricos
Drago (árvore)
Espiral
Gigantes
Guanches (povo)
Labirinto
Leabhar Gabhala (poema mítico irlandês)
Lítica (fase)
Lug (lug)
Megalíticas (ruínas)
Mogor (lug)
Mumificar (arte de)
Nuada (chefe)
Ogma (rei)
Osso
Pedra Polida
Petroglifos (arq)
Poseidónia (lug)
Thuata-de-Danna (povo)
Torre Idafe (lug)
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R. BOLT 1965

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«THOMAS MORE» DE ROBERT BOLT PELO TEATRO-ESTÚDIO DE LISBOA (*)

(*)Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal diário «República», em 15/12/1965, na rubrica do autor «Comentários à Margem»

Graças aos esforços e à tenacidade do Teatro-Estúdio de Lisboa, que deu suficientes provas de capacidade artística na primeira temporada em que actuou (1964-1965), temos entre nós e finalmente com regularidade um teatro - responsável, inteligente, digno. Um teatro de ideias que se destina a fazer pensar e obriga a assumir posições, a esclarecer motivos, a desmistificar problemas. Um teatro, enfim, capaz de colaborar no saneamento de horizontes mentais, capaz de se integrar numa corrente de pensamento e de influir num tipo de mentalidade.
É tudo isto o que teremos de reconhecer, antes de mais nada, antes de (à margem de um espectáculo de inegável interesse e de múltiplas méritos, pela ideia-base que o inspira e presidiu depois à sua execução, de uma beleza cénica nunca anteriormente vista em palcos portugueses) registarmos uma opinião crítica.
Essa opinião incidirá exclusivamente sobre o texto de Robert Bolt, sobre a estrutura da peça. Tratando-se, com efeito, de um teatro de ideias, suscita outras ideias e convida à controvérsia. Peça polémica, compromete o espectador numa posição a que ele, consciente ou inconscientemente, adere. Por isso merece e necessita uma reflexão mais demorada por parte de um espectador a quem o espectáculo, independentemente das suas implicações críticas, agradou inteiramente e ao qual endereça a maior admiração, o mais incondicional apoio, o aplauso mais veemente.
Dentro do melhor espírito da Renascença, esta peça de um jovem autor inglês contemporâneo revive, em termos de ática claridade, um iluminismo idealista que, embora de boa estirpe e próprio da época que pretende reconstituir, se apresenta ao nosso tempo com resultados desmoralizadores. Tanto mais que a linguagem de Robert Bolt, numa primorosa tradução de Luzia Maria Martins, lhe confere uma particular fascinação e um excepcional poder emotivo.
Tomás More, visto por Robert Bolt, é o advogado que raciocina com impecável argúcia, que insinua com elegância, que se esquiva e defende com uma inteligente ambiguidade ou uma sofística bonomia. É o homem de espírito e de carácter, a alma quase mística, a consciência recta e pura. E por fim o mártir que o tirano Henrique VIII, depois de proteger, havia de atirar para o cadafalso, pela mão do seu lugar-tenente, o odioso Cromwell.
Peça biográfica e também polémica, poderia lembrar, mas só até certo ponto, um outro Tomás também inglês e de apelido Becket, que Jean Anouilh tratou na peça já hoje tão popular através da versão cinematográfica. Mas difere esta peça da sua congénere porque não trata Tomás More de uma perspectiva existencial e sim política. Ou, digamos, idealista crítica. «Tomás More» vem dizer-nos que a resistência à tirania é um mérito e que nos devemos deixar matar pela verdade. Que não devemos ceder nem vacilar. Que podemos perder tudo, incluindo a vida, mas não devemos perder a nossa consciência, vender a nossa alma. Jean Anouilh chamar-lhe-ia «honra de Deus». E também neste caso, para More, se tratava de uma honra idêntica, como para Joana d’Arc, vista com o nome de «Joana de Lorena», por esta companhia do Teatro Vasco Santana.
Em qualquer delas, o tema: a lei da consciência contra as leis temporais, a verdade íntima contra as conveniências e aparências, o indivíduo e sua intransigente coerência ou honestidade contra a corrupção da máquina pública, o dever moral contra o estatuto da cidade.
Até certo ponto, um tema conveniente, diríamos mesmo um tema educativo. Mas inconveniente e deseducativo também. No mundo cínico que é o nosso, aconselhar, perante o lobo, a posição do cordeiro, do idealista mártir, do cristão das catacumbas que se deixa condenar por fidelidade à sua fé, à sua consciência, à sua verdade, poderá ser uma forma de revelar grandes figuras históricas - o caso de Antígona, de Joana d'Arc, de Tomás Becket, de Tomás More - mas atrofia a confiança, a capacidade defensiva e táctica do homem comum. Nem todos são Tomás More, esse espírito forte e superior que na peça de Robert Bolt exclama: «Cristo nos livre dos homens simples».
Impressionante ambiguidade é esta. O homem simples, o homem da rua, o que se deixou manejar e nada possui, o homem dos sete ofícios porque a sobrevivência o força à subserviência, é de facto temível. Mas temível como e porquê? Apenas porque se presta ao manejo de quem o compre e saiba corromper, permitindo com a sua passividade ou impotência todos os abusos e todos os crimes.
Em compensação, Tomás More poderá dar-se ao luxo da intransigência. E pode ser o herói, enquanto o outro - o homem simples - faz de carrasco que o guilhotina.
Tomás More, autor da «Utopia», visionário que uma tradição hermética parece ter inspirado, mais cedo ou mais tarde iria parar à fogueira ou ao garrote. Anos antes, outro seria o seu fim, mas não muito diferente. Amigo e confidente de Erasmo, na Europa dos humanistas, dos homens de Letras algo interessados na condução dos negócios humanos e que por isso fizeram da Europa a sua Pátria, nem More nem Erasmo nem nenhum dos seus notáveis contemporâneos se sobrepuseram às limitações históricas da época. Escudaram-se num individualismo que permanece belo, capaz de inspirar peças admiráveis como esta de Bolt, mas inoperante. Peças onde o sacrifício pelas nobres causas se proclame e exalte são, de certa maneira e atendendo ao clima temperado da zona, contraproducentes. Antígona, Joana de Lorena, Becket, More - terríveis exemplos de inocência proposta à terrível voracidade do mais forte. A força moral contra a força da força? Sim, senhor, é um tema eterno de peças eternas. Mas talvez um pouco mais devagar...
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal diário «República», em 15/12/1965, na rubrica do autor «Comentários à Margem»
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L.PAULING 98

linus-1> roteiro de viagem na internet-ficha de pesquisa

A MEDICINA ORTOMOLECULAR:DE LINUS PAULING A CARL PFEIFFER

13/12/1998 -Em 1973, o químico norte-americano Linus Pauling fundou o Instituto de Medicina Ortomolecular, em Meno Park, Stanford (Califórnia) .
Estava lançada a primeira pedra de uma nova escola de medicina, escola que desde então tem vindo, com novos autores e novos contributos, a desenvolver-se também na Europa.
Cabe a Linus Pauling o papel de fundador mas foram seus mais próximos seguidores o Prof. Carl Pfeiffer e Pierre Gonthier, autores de um livro fundamental na sistematização da medicina ortomolecular: «Equilibre Psycho Biologique & OligoAliments», Editions Équilibres, Paris, 1988.
Esse livro e esses autores são a base para a elaboração desta ficha de pesquisa com o objectivo de descobrir as melhores pistas para encontrar os interfaces entre as várias ciências biológicas e a naturologia.
Carl Pfeiffer dirige em Princeton o célebre Brain Bio Center, onde mais de 20 mil pessoas foram tratadas, por oligoterapia e a vitaminoterapia ortomolecular de problemas neuropsíquicos e doenças do terreno orgânico.
Além de uma nova abordagem e de um novo tratamento da hipoglicémia e da alergia cerebral, a maior originalidade da sua doutrina consiste na tripartição (excesso de histamina no sangue - insuficiência de histamina - mancha rosa pirrolurica) das anomalias metabólicas em causa nos problemas nervosos.
Pierre Gonthier , o outro co-autor do livro, é agregado de pesquisas no Brain Bio Center e encarregado de ensino na Escola Europeia de Medicina Natural, em Évian. Ele encontrou na bioinformática nascida em França uma perspectiva energética integrante do contributo ortomolecular do seu colega Carl C. Pfeiffer.
Pelos interfaces que abrange , esta obra «Equilibre Psycho Biologique & Oligo-Aliments» deveria ser a placa giratória que servisse de núcleo dinamizador e ordenador de todas as matérias de um curso de Naturologia.
Poderíamos mesmo considerar urgente o próprio contacto da ESCNH com o Instituto Brain Bio Center e a Escola Europeia de Medicina Natural, em Évian, já referida.
Não vejo meio melhor de comunicação com todos estes pontos de referência que o correio electrónico e a Internet.
Sobre o fundador da medicina ortomolecular, Linus Carl Pauling, temos também agora à nossa disposição, em língua portuguesa, uma obra fulcral : « Como Viver mais e Melhor - o que os médicos não dizem sobre a sua saúde», Editora Best Seller, São Paulo, 1928.
Neste livro, o duplamente prémio Nobel da Física e da Paz, ensina medidas simples e económicas que todos podemos seguir para uma vida melhor e com menos doenças.
O autor enfatiza o papel da vitamina C na prevenção das doenças respiratórias e muitas outras doenças, sendo muito discutida a sua tese das superdoses.
Ele fala também das distorções introduzidas na sua terapia ortomolecular (destinada a cancerosos em estado grave ou doenças degenerativas) e entra em polémica com a classe médica e empresas de saúde que, para ele, são indústrias da doença.
O livro de um militante e de profeta, que o foi de causas sempre nobres, nomeadamente a ecologia, a paz e a saúde holística natural.
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Wednesday, December 14, 2005

BRETON 63

breton-1>notas de leitura-surrealismo & surrealistas-publicados ac de 1963

ARTE E ANTI-ARTE (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário do «Diário de Notícias», em 12/12/1963

É principalmente contra os géneros, contra a ordem estética ou teoria da arte e até mesmo contra a própria existência das artes enquanto artes que se tem levantado a revolução moderna, aquilo que normalmente se conhece por Modernismo ou Modernidade.
Mas talvez porque a inércia das palavras é a mais difícil de vencer, vemos que, ainda quando o espírito de modernidade, embora não completamente triunfante, conseguiu abrir caminho e criar raízes, persiste uma terminologia obsoleta, anacrónica, reaccionária, à base de lugares-comuns clássicos ou académicos entre os que têm por profissão falar dos produtos artísticos.
Se no domínio da criação muito se tem conseguido, e a subversão da ordem estética é quase total, outro tanto não aconteceu à terminologia dos que acompanham hebdomadariamente essas criações e essa revolução. Afinal, continua a falar-se de artes, de géneros, de beleza, de ideais de beleza, de poesia como gé-nero literário, de poemas e estrutu-ras poemáticas, enfim, de todo um arsenal de boas maneiras para poeta usar, as 100 maneiras de cozinhar poesia ao alcance de todas as bolsas que são as estéticas e autores de estéticas, também estes acessíveis a todas as bolsas e inteligências.
E ficamos sem perceber. Afinal o que foi e é a Modernidade ou, como outros preferem, o Modernismo? Afinal o que se alterou no cérebro dos teóricos paralelamente à transformação operada nos poetas? A verdade é que tudo parece continuar como os clássicos e seus primos académicos lá os puseram, lá o quiseram.
Fala-se, com a maior sem-cerimónia, de pintura moderna, de poesia moderna, de teatro moderno - mas, vendo bem, que sentido podem ter essas palavras? Que sentido pode ter o adjectivo moderno aposto à palavra arte ou a qualquer das palavras consideradas artes pelas estéticas e autores de estéticas? Todas elas, porém, aparecem com uma frequência irritante na maioria ou totalidade dos publicistas encarregados de falar sobre aquilo que os por eles considerados artistas vão produzindo. Tanto os combatem como os que defendem o moderno são concordes e unânimes neste ponto, nem uns nem outros abdicando da mais antimoderna das atitudes que é continuar considerando as artes enquanto artes, isto é, enquanto ordens fixas reguladas por leis inflexíveis.
Ora o moderno só pode ser uma coisa: absoluta liberdade. O moderno não se rebela contra criações «artísticas» mas rebela-se contra o que nelas é «artístico» no mau sentido: obediência cega a uma ordem estética ou cartilha de bom comportamento para poetas. O moderno significa poesia, que por sua vez significa «liberdade livre». Para o moderno, para um conceito de moderno que não se estribe em meras extravagâncias técnicas ou formais mas que radique num profundo critério revolucionário, qualquer das artes enquanto arte é lixo. Só a arte que se excede, que excede as leis canónicas da sua estética para dar ao homem as formas de absoluto que a sua relatividade exige, só essa arte é ao mesmo tempo mais e menos do que arte; mais que arte no sentido que esta teve e teima em ter de pequenina obediência e servidão; menos que arte, na acepção que esta deverá ter, de futuro e de uma vez para sempre, de criação soberana e obscena da imaginação.
«A arte é uma estupidez» - na opinião de André Breton que o afirma e na de todos os que defendem um conceito e critério exigente de Modernidade. Mas arte, na primeira acepção que acima indiquei, ou arte como produto obrigado a mote, obrigado a géneros, obrigado a cânones.
Outro sentido não tem nem podia ter a ocorrência do anti-romance, do anti-teatro, da anti-pintura... Com o prefixo «anti» tem-se tentado obstar à dificuldade terminológica de designar, na literatura, no teatro, na pintura, não aquilo que é canónico e académico mas o que na literatura excede a literatura, no teatro excede o teatro, na pintura excede a pintura, no que em cada forma de criação artística excede a «arte» no mau sentido.
E exceder a arte, destruir os géneros, desobedecer às leis, subverter em suma a ordem clássica, sendo o que se pode considerar a revolução verdadeiramente moderna, é, simultaneamente, remontar à mais antiga tradição, à poesia quimicamente pura e ainda não contaminada pelo contacto das «belas» coisas clássicas.
E’ que há grande diferença (e diferença que importa indefinidamente repetir porque indefinidamente se esquece) entre o moderno que retoma a mais antiga tradição - esse moderno de sempre, esquecido e esmagado pela hegemonia dos períodos clássicos - e o falso moderno, o moderno de forma e fachada, o moderno dos berliques e berloques estilísticos e técnicos, que não faz mais do que repor os referidos períodos clássicos, sob a forma mais odiosa: a do academismo pseudo-moderno, os neo-academistas designados eufemisticamente de neo-classicismos.
O moderno ou poético opõe-se drasticamente à tradição clássica ou academizante, mas não se opõe à tradição autêntica do verdadeiro espírito da poesia que as artes, as letras, as ciências e as filosofias da brilhante cadeia ou contra-corrente greco-latina ocidental acharam por bem enterrar, denegrir, ocultar. Outra aliás não é a descoberta que a Modernidade fez das pinturas das cavernas, da arte dos povos primitivos, dos loucos e das crianças, de tudo o que, anterior ou alheio à órbita ocidental, pôde escapar à matança e mantém intacto o puro espírito poético.
Para o moderno, para o verdadeiro conceito de moderno que é o poético, a arte é coisa que não existe. Existe, é claro, nos museus, mas não existe viva, e só o vivo interessa ao moderno, porque moderno sempre foi o contrário de morto, moderno sempre teve que significar aquilo que, com um dia, um século ou um milénio de existência permanece vivo.
A arte, qualquer forma de arte, quando o moderno ou poético a invade, solicita e absorve, desaparece enquanto arte, enquanto estética, enquanto obediência mais ou menos disfarçada a um «ideal de beleza».
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário do «Diário de Notícias», em 12/12/1963

SURREALISMO 63

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O SURREALISMO E O QUE SE TRADUZ (*)

[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário do «Jornal de Notícias» (Porto), 12-12-1963 ]

Agora que a qualidade de livros traduzidos em língua portuguesa pode fazer esquecer o aspecto da qualidade e, principalmente, o da variedade, talvez seja oportuna uma olhadela à orientação geral das nossas editoras.
Há quem pense que deveria haver uma diversidade maior e um maior equilíbrio não só quanto aos géneros mas também quanto aos movimentos ou correntes, evitando certas hipertrofias de um lado e atrofias quase mortais por outro.
A justificar omissões e repetições, e editor alega que não há público, mentalidade, tradição e ambiente para receber certas obras, mas o argumento não convence, visto que, da saturação do mercado livreiro num único sentido é que pode advir, logicamente, uma saturação do leitor, quer o que lê e compra (ou compra e não lê . . .) quer o que apenas lê.
Se se continua a editar num ritmo que alguns consideram animador, se, com espanto de muitos, o ritmo de produção continua a ser acompanhado e secundado, enigmaticamente, pelo heróico e anónimo consumidor, alguns há apreensivos e que se interrogam sobre a vantagem de variar, não digo já os géneros, entre os quais o desequilíbrio é menos gritante, mas correntes de pensamento mais representativas do nosso tempo. As editoras, colaborando com os intelectuais, deveriam animar um diálogo, um convívio e um "acordo tripartido" que beneficiaria escritor, editor e leitor.
É normal que um simpatizante do existencialismo fique mais satisfeito quando vê traduzido e publicado Sartre ou Camus do que se visse aparecer, com a mesma regularidade, autores surrealistas. Mas reconhecerá, se acaso o "ódio clubista" o não cega, haver vantagem para todos em que apareça de tudo. Por outro lado não significaria facciosismo que um surrealista ou simpatizante do surrealismo lastimasse a desatenção total em que os prelos portugueses têm deixado obras e autores de uma corrente que, queiramos ou não, adeptos e não adeptos, tem hoje uma indiscutível importância.
Porque surrealistas não são apenas as obras e os autores do grupo francês; é todo o levantamento bibliográfico e iconográfico promovido pelos surrealistas, re-iluminando tradições ocultas, religando circuitos aparentemente perdidos, pondo em questão temas dados por arruinados, assuntos tidos por tabus, verdades rotuladas de crendices, livros e autores declarados mortos (mas que se verificou estarem mais vivos que muitos vivos), critérios considerados ultrapassados mas que subitamente se viu constituírem o núcleo ardente da mais autêntica modernidade.
De tão vasta e rica e complexa bibliografia, porém, não há sinal de que as nossas traduções se ocupem ou venham a ocupar.
Não é preciso recuar muitos anos e, mesmo hoje, não será necessário entre nós procurar muito, para encontrar boa gente que nutre inabaláveis e despóticos preconceitos contra, por exemplo, o pensamento oriental, cérebros que negam todo e qualquer valor, alcance, significado e actualidade ao budismo ou ao confucionismo, e para quem o yoga ou o zen são apenas motivos de chiste e chacota.
Mais preconceitos, porém, e mais enraizados, se encontrariam contra a alquimia e os alquimistas, a medicina hermética e a medicina natural, o esoterismo e os esoteristas. Tudo aquilo que o surrealismo reabilitou e reanimou sob cercos e ataques grosseiros por parte de mentalidades que se julgam progressivas e em nome desse progressivismo.
Simpatizante ou não do surrealismo, uma atitude verdadeiramente aberta e culta terá de reconhecer o prestígio que readquiriram temas, ideias, problemas, obras e autores que as nossas editoras e edições continuam a ignorar.
Um surrealista dirá que não saímos da linha académica, ignorando tudo o que não é reconhecido pelo imobilismo das instituições e pessoas culturais.
Que saibamos e que nos lembre, apenas uma casa editora houve até hoje com coragem e envergadura para lançar uma obra de cunho abertamente antiacadémico: refiro-me ao "Surrealismo-Abjeccionismo", cujo valor intrínseco está na razão inversa da sua venda e expansão possível, isto é, do seu valor comercial.
Praticamente não houve entre nós modernidade. Por um triz que não começou com Fernando Pessoa. Depois, por um triz também, com Almada. Finalmente e ainda por uma unha negra, com os surrealistas.
Temos de reconhecer, porém, que ficou tudo como estava (ou pior) e não chegou a haver revolução modernista, algo que modelasse uma mentalidade e determinasse um público suficientemente largo e lúcido para as coisas da imaginação. Não há em língua portuguesa um fio sequer da tradição que tornou possível em França, nos anos vinte, a explosão surrealista.
Voltando às nossas editoras e edições, não vejo maneira de romper o ciclo vicioso, se não houver um editor suficientemente arrojado e lúcido para que tome em suas mãos (e capitais...) o risco que vale a pena correr: vencer a inércia.
Vale a pena correr o risco , tentando obviar a inconvenientes que os intelectuais e o público são, por si sós, impotentes pare, combater.
Vale a pena tentar abrir perspectivas editoriais sobre um conhecimento, um saber e uma cultura não académicos, não oficiais, não clássicos, não instituídos.
E não se diga que mais uma vez estaríamos na dependência monocultural da França. É que se trataria, desta vez, de aproveitar não só os originais de língua francesa mas o que, sob os auspícios dos surrealistas, se traduziu das línguas e culturas mais diversas, do árabe ao chinês...
Paris é ainda onde convergem, de todos os lugares do mundo (mas também do anti-mundo...) e de todos os instantes da história (mas também da anti-história...), as manifestações da cultura e principalmente da anticultura...
É pelos antis, aliás, que Paris continua a exercer o maior fascínio e continua a deter o titulo universalmente reconhecido de "capital do espírito".
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário do «Jornal de Notícias» (Porto), 12-12-1963

P. RIBEIRO 1998

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12/Dezembro/1998

«PSICOLOGIA E SAÚDE», DE JOSÉ LUÍS PAIS RIBEIRO

UM LIVRO QUE PODE ABALAR O MEIO UNIVERSITÁRIO

COMUNICAÇÃO URGENTE E ABSOLUTAMENTE CONFIDENCIAL AOS MEMBROS DO CONSELHO PEDAGÓGICO E DO CONSELHO CIENTÍFICO

Todos os naturólogos e todos os que se interessam pelo destino da naturologia (entre os quais me incluo) devem ler este livro de José Luís Pais Ribeiro.
Esta comunicação, além de ser uma notícia a dizer que o livro existe, pretende também fundamentar uma sugestão que faço ao júri do prémio Hipócrates: sugiro o nome de Ribeiro para o Prémio Hipócrates 1999 na área de ecologia e saúde, embora haja outros nomes que igualmente o pudessem merecer, como Júlio Roberto ou Jean Claude Rodet.

12/Dezembro/1998 - O poder médico-universitário tem expedientes de automanutenção verdadeiramente inesperados. Recupera subtil e momentaneamente o que o contesta ou ameaça subverter. E quando todos menos esperam, ei-lo de novo na vanguarda das operações a comandar os acontecimentos e ao volante do comboio.
Tentando escapar à vigilância policial desse poder médico-universitário, um livro de Julho de 1988, editado pelo Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA) e da autoria de José Luís Pais Ribeiro, consegue levantar, de um só golpe, todas as grandes questões que hoje, em 12 de Dezembro de 1998, se colocam à medicina natural, à naturologia e às escolas superiores que as queiram ensinar.
As grandes questões que tecnica e cientificamente legitimam e justificam e impõem a existência de escolas como a vossa.
Nesse sentido, o livro «Psicologia e Saúde », de José Luís Pais Ribeiro, em edição do ISPA e publicado em Julho de 1998, é, por um lado, uma verdadeira bomba no imobilismo do meio universitário em geral e, por outro lado, a mais espectacular manifestação do óbvio ululante.
Tentando escapar à vigilância policial que o sistema médico-universitário exerce sobre tudo o que mexe no terreno, principalmente o que mexe no campo das ideias e da ideologia, o livro de Ribeiro é uma obra-prima de diplomacia e coloca-se na encruzilhada das grandes de-cisões que, a nível de governo, têm que ser tomadas, caso os governos queiram que possa continuar a haver ensino e educação nacional mas principalmente país.
O que, a seguirmos por este andar , não vai haver nem um bocadinho, dentro de poucos anos.
Os ardis a que o ser humano em geral e o professor José Luís Pais Ribeiro em particular recorrem, a ver se escapam às malhas da polícia médico-universitária, são inúmeros.
Um desses ardis, por exemplo, é que um livro intitulado «Psicologia e Saúde», editado por um instituto de psicologia, raramente fala de psicologia e que ocupe, a maior parte das suas páginas, a trazer à colação temas mais ou menos heréticos e tabus, tais como:
Saúde Pública
Biologia Humana
Estilo de Vida
Meio Ambiente
Organização dos cuidados primários de saúde
Prevenção
Epidemiologia
Toxicologia
Medicina ocupacional
Medicina comportamental
Saúde ocupacional
Doenças sociais
Doenças do ambiente
Doenças da poluição
Promoção de saúde
Higiene
Índices sanitários.
Desculpem-me a imodéstia mas julguei que estivesse a reler as minhas dezenas de dossiês com manuscritos que fui escrevendo ao longo dos anos e escondendo na gaveta, e que têm por fora um rótulo muito simples: dossiês malditos de ecologia humana.
Quer dizer, toda aquela temática que Ribeiro trata com abundância de citações de craques norte-americanos, faz parte de uma ciência maldita, a Ecologia Humana, que se bem me lembro alguns andaram por aí a tentar impingir às massas.
Eu sei que tudo isto tem um toque de pornografia e peço desculpa por isso. Mas a urgência de dar a notícia do livro de Ribeiro aos responsáveis pelo destino desta escola, talvez desculpe lembrar pormenores tão escabrosos e obscenos.

Neste seu livro de psicologia, Ribeiro dedica extensos capítulos a doenças que, normalmente, não são consideradas do foro psicológico, nem psiquiátrico nem de psicologia clínica, tais como:
Doenças vasculares cerebrais
Tumores malignos
Doença cardíaca coronária
Acidentes
Ou mesmo e ainda os chamados temas básicos, - como o Stress e a Dor - aqueles que em Ecologia Humana eu chamei de temas de interface, por serem temas de natureza inter-disciplinar, aqueles onde convergem matérias e conteúdos que normalmente se encontram dispersos por várias disciplinas e cadeiras.
São exactamente esses dossiês de interface que podem constituir a matéria prima de uma medicina holística
O ardil extremamente curioso de Ribeiro é que ele consege fazer passar, pela porta da psicologia, os temas tabu, os dossiês proibidos daquilo a que eu chamei de Ecologia Humana, nomeadamente a Ecologia do Trabalho, por exemplo, sempre explosivo, ou Ecologia do Cancro, igualmente e sempre um dossiê explosivo.
Mais ardiloso e curioso, ainda, é que o livro seja de ecologia humana da 1ª à última página e raramente ou nunca essa palavra seja usada.
Em vez de «psicologia e saúde» , o livro deveria chamar-se «ecologia e saúde»... Motivos óbvios impedem o autor de lhe chamar assim.
Os eufemismos de que Ribeiro habilmente se serve são ainda outro ardil para que a mensagem subversiva da ecologia humana possa passar em meio universitário, sem que a polícia médica dê por isso.
Obedecendo a todos os requisitos do discurso universitário, não fosse alguém dá-lo por perigoso franco-atirador ou como mero ensaísta de ideias (condição humilhante para um prof que se preza) , Ribeiro apetrecha-se de todas as armas defensivas , não vá o diabo tecê-las e baterem-lhe à porta, às três da manhã, os bufos médicos.
Por exemplo: convida para prefaciador, uma das figuras mais prestigiadas da medicina portuguesa, o professor Nuno Grande, com um perfil na fronteira da contestação. Além de mandatário no Porto da candidatura presidencial de Lurdes Pintasilgo, lembramos ainda um outro episódio que marca a sua deliberada coragem de pisar o risco: esteve na mesa de um congresso internacional de parapsicologia que a fundação Bial realizou no Porto.
Como a parapsicologia tem andado, também, mais ou menos a fugir da polícia médico-universitária, pode avaliar-se até que ponto a comparência de Nuno Grande nesse acontecimento poderá, além de polémica, ter tido certos riscos de segurança pessoal.
Mesmo, é claro, com o forte dispositivo de segurança que a fundação Bial representa.
Nuno Grande tem actualmente uma crónica radiofónica nas manhãs da Antena Dois, onde a sua personalidade de lutador todos os dias se enobrece.
Voltando a Ribeiro e ao seu livro big bang, há um outro recurso, verdadeiramente assombroso, uma arma que ele vai buscar ao «inimigo» : a arma da bibliografia, já não digo exaustiva mas verdadeiramente esmagadora.
Esmagadora no número de obras citadas (50 páginas à média de 10 titulos por página !!!!) e esmagadora na impressionante actualidade: a maior parte dos trabalhos citados são da década de 90, logo seguida das que foram publicadas na década de 80 e já muito poucos da década de 70.
Para um historiador das ideias médicas e de filosofia da súde é um desafio gigantesco.
Como leitor curioso de encontrar o criminoso num romance policial, só me sinto abalançado a sublinhar, neste livro-bomba, aquilo que ele vai pescar, com grande à vontade, nas águas da medicina natural, da profilaxia natural e da higiene natural.
Também aí ele usa de grande ardil e subtileza, não vá o diabo tecê-las e vir aí a polícia médica bater-lhe à porta às 3 da manhã e tirar-lhe o emprego: Ribeiro, de facto, é professor na Universidade do Porto, no ISPA e psicólogo com doutoramento em Psicologia e Saúde. Além de ter fundado a Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde.
Tenho uma imensa curiosidade em saber quem, além dele, são os ócios dessa sociedade...

AS DOCES MEDICINAS DOCES

Mas vamos às chapeladas que Ribeiro tira às doces medicinas doces.
Na antiguidade, a que chama «período pré-cartesiano» (!!!!!!!!), refere, com simpatia, Aesculapius e suas filhas Panacea e Hygea. Dentro das normas universitárias, a que nunca foge, Ribeiro cita os nomes latinos sem os aportuguesar, e - o que é sublime ! -socorre-se para essas citações de autoridades que presumo alemãs ou norte-americanas (as únicas universitariamente com gabarito para serem citadas).
Mais: os trabalhos dessas autoridades são de 1987 e outro de 1989.
Sublime! Em 1987 e 1989, finalmente, as sumidades reconhecem que houve Hipócrates, que a medicina egípcia 3000 anos antes de Cristo «estava bastante desenvolvida» (Ribeiro, pg 55) que «a saúde, entre os gregos, era concebida numa perspectiva holística» (página 55).
Autoridade universitária de 1986 (Lipowsky, citadíssimo por Ribeiro) reconhece Platão ea medicina babilónica, Tales de Mileto,Anaximandro, Anaximedes, Heraclito, Galeno, Avicena e São Tomás.
Foram, afinal, antes da hecatombe cartesiana, os grandes idealistas (autores de ideias) em saúde, profilaxia e holística.
O óbvio, finalmente, tem um livro de gabarito universitário e uma bibiografia de 500 títulos a confirmá-lo.
Só para ver isto, valeu a pena chegar aos 65 anos de idade, embora cansado de toda esta palhaçada a que chamam vida e meio universitário.

MAURICE LALONDE:UM SAPO A DIGERIR

Outro escudo bem visível de que Ribeiro se serve, não vá a polícia médica bater-lhe à porta, às três da manhã - é a revolução canadiana operada por Marc Lalonde, que de ecologista chegou a ministro do Ministério Nacional da Saúde e bem estar. E que, a partir de 1974, subverteu, no Canadá, o estalishment médico, abrindo totalmente as portas à medicina natural, à ecologia humana, à Holística, etc. Ao óbvio, portanto.
Percebo agora porque é que Jean Claude Rodet, que há vinte anos fundou em Portugal, a Agricultura biológica, acabando por ser chutado daqui pelos próprios agricultores, acabasse por fundar no Quebéc Canadá uma coisa chamada Instituto de Medicinas Alternativas.
Afinal, havia, antes e por trás, a apoiar o seu imenso valor, um ministro chamado Lalonde!
Fariam bem, as escolas de Naturologia , em ir buscar depressa à Internet informações sobre o que se está a fazer no Canadá, a partir de Lalonde e a partir do Instituto criado e liderado por Jean Claude Rodet.
Como diz Ribeiro, a página 66, «a publicação , em 1974, do relatório Marc Lalonde reflectia as grandes mudanças históricas, políticas, sociais e económicas ocorridas nos países desenvolvidos».
E a seguir: « Países como o Canadá , com óptimos serviços de saúde, não se interessavam apenas pelos meios hospitalares, meramente curativos, nem pelos serviços meramente preventivos mas interessavam-se, também, pela promoção da saúde. »
Mais ainda: «As ideias emergentes destas revoluções acentuavam a responsabilidade individual pela saúde e diminuíam, de forma relevante, a importância dos serviços de saúde tradicionais.
«A responsabilização individual pela saúde deu origem a grandes discussões políticas (Miller, 1978) sobre o que ficou conhecido por política de «victim blaming». »

A DESCOBERTA DA PÓLVORA

A esta pura subversão do establishment , acrescenta Ribeiro um outro acontecimento sísmico. Citando as ideias expressas na década de 70 no relatório Richmond, ficam-nos os olhos esbugalhados a olhar para esta evidência óbvia do óbvio ululante que as autoridades médico-universitárias só toparam em 1970:
«Estamos a matar-nos devido aos hábito descuidados que adoptamos, por poluir o ambiente, por permitir-nos a continuação de más condições - pobreza, fome, ignorância - que destroem a saúde, especialmente a das crianças.»
Se consultarmos as páginas da revista «Natura» dos anos 40, 50, 60 e 70, está lá isto tudo, mil vezes repetido.
Pomposamente, Ribeiro chama a estes óbvios ululantes a «2º revolução da saúde» : mas para que a «segunda revolução da saúde » tivesse direito a figurar num manual universitário do establishment tivemos que esperar que o crac Richmond fizesse um relatório debitando banalidades.
Com a paciência quase esgotada mas tentemos acalmar-nos.
E citemos, entre outras datas de referência citadas por Ribeiro, a Carta de Otawa de 1986, que define «promoção de saúde».
Em 1987, a Organização Mundial de Saúde criou um comité de especialistas europeus, o «Working Group on Concepts and Principle of Health Promotion», para aplicação dos princípios de Alm-Ata - Saude para todos o Ano 2000! (pg 68)
Quando, na época, um jornalista perguntou ao então bastonário da Ordem dos Médicos , Gentil Martins, se os princípios de Alma Ata se aplicavam a Portugal, ele respondeu, expedito e com aquele ar azougado e reguila que o celebrizou, que Alma Ata e as ordens da OMS aos governos era só para países subdesenvolvidos. Nós, Portugal, não estávamos portanto abrangidos e deveríamos continuar a gastar rios de dinheiro com a doença até à pré-falência actual da Segurança Social.

JÁ VAMOS NA TERCEIRA REVOLUÇÃO

A página 66, Ribeiro já fala em 3ª revolução da saúde !!!!!. Em Portugal, no entanto, ainda estamos no neolítico do gentil e de outros gentis martins que por aqui operam.
Não haverá para estas distorções um tribunal europeu e/ou dos direitos Humanos que comece e separar o trigo do joio?
Página 93: «As ideias acerca da relação entre saúde e doença mudaram ao longo dos últimos decénios e têm sido conceptualizados por vários autores. Por exemplo, Hettler (1982), 0'Donnell (1986), e Tenis (1975) propõem o seguinte modelo conceptual...?»
Ainda não é desta que Ribeiro perde o pé. Seguríssimo, sem partir o cântaro, lá vai pela verdura citando autores de há 10 anos, porque - é óbvio - a consciência ecológica só com essas sumidades norteameriacanas começou a despontar!!!!!
Não dá para perder a cabeça mas quase.
A página 95, a palavrinha mágica de políticos, economistas e ambientalistas : qualidade de vida!
É a data mais recuada a que Ribeiro recorre: 1960!!!! Como ele diz, a noção de qualidade de vida tem estado ligada desde o início à promoção de saúde e o interesse por esta área recebeu validação institucional em 1960 com a publicação do relatório da Commission on National Goals, da responsabilidade do ex-presidente Eisenhower.
Este relatório (...) reflectia a preocupação com o desenvolvimento da qualidade de vida e bem estar da população.» !!!!
Ao que Ribeiro conta, as décadas seguintes (70, 80, e 90) foram gastas a realizar montanhas de sociometria, com centenas de inquéritos comprovativos à população, a saber como vivem...O que, consta, deu emprego a muita gente e criou muitos postos de trabalho.
Os questionários com 200 itens, queriam saber coisas como:
saúde
casamento
vida familiar
governo
amizades
habitação
emprego
comunidade

actividades de lazer
situação financeira
participação em organizações
etc.

A FECHAR COM CHAVE DE OURO

É com júbilo que vejo o nome de Ivan Illich incluído no plantel bibliográfico de 500 títulos exibido por Ribeiro. O nome vem gralhado, Ilich em vez de Illich, mas acontece mesmo aos melhores. No melhor pano, cai a nódoa, cai a gralha.
Mas vem sem gralhas o nome da obra de Ivan Illich que a Sá da Costa editou em 1977, com o título «Limites para a Medicina».
A denúncia da iatrogénese (o maior crime público moderno) contra a saúde pública data dessa obra.
Estranho que venha portanto citada já que sobre Iatrogénese - e como é universitariamente óbvio - o livro de Ribeiro disse nada. Sempre tão cuidadoso a adicionar a data dos seus citados, curiosamente o livro de Illich não aparece com data!!!!!
Acho que esta é uma boa forma de encerrar estes considerandos sobre o óbvio do óbvio, ou seja, o livro de Ribeiro, 450 páginas e 500 títulos citados na bibliografia. Com este livro, o poder médico universitário já usurpou a cadeira de Ecologia Humana que eu me dispunha a leccionar, logo que acabasse este meu curso na ESCNH.
Como dar o salto sobre este gigantesco muro de hipocrisia?
Quando andava à procura de saídas, lembrou-me um episódio que pode servir de exemplo e de estímulo a esta escola.
O que os alunos da faculdade de Psicologia fizeram, com apoio de professores e Reitor, um núcleo de estudos de psicologia transpessoal .
Quem sabe se um núcleo de ecologia humana e anexos nesta escola, não faria o mesmo papel de alargar o imobilismo institucional aos novos ventos e tempos que estão batendo à nossa porta com tanta insistência, embora nós continuemos de ferrolhos bem fechados sem abrir a porta, não vá a pide com seus cães de fila, aparecer por aí às três da manhã.
***